Para conhecer a proporção entre o número de peixes capturados, embarcados e devolvidos pelos pescadores esportivos nos rios do Pantanal Sul, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento deu início a um estudo que contará com o apoio de empresários do turismo de pesca do município de Corumbá (MS).

Para isso, uma equipe da Embrapa Pantanal está realizando treinamentos para os piloteiros (funcionários das empresas de turismo pesqueiro) que, voluntariamente, se dispuseram a colaborar com o estudo. A pesquisa será desenvolvida em parceria com a Associação Corumbaense das Empresas Regionais de Turismo (ACERT), no rio Paraguai, em Corumbá, e com a Conservação Internacional do Brasil/Earthwatch, no rio Negro, no município de Aquidauana.

Durante o treinamento, eles são orientados a anotar a medida do comprimento dos peixes capturados durante as pescarias, tanto dos que são embarcados quanto dos que são devolvidos ao rio – um trabalho que os piloteiros já executam na prática, mas que agora, passa a ser feito de forma orientada e coordenada para efeitos de pesquisa. A medição leva em conta o comprimento forcal, da ponta do focinho até o final da forquilha da cauda dos peixes.

O coordenador do projeto, o pesquisador Agostinho Catella explica que, atualmente, tanto os pescadores profissionais como os amadores utilizam somente o anzol, o que acarreta a captura de uma grande quantidade de peixes menores que o tamanho mínimo permitido por lei, os quais são devolvidos ao rio. No entanto, não se conhece a proporção entre capturas e devoluções e nem mesmo os efeitos que isso gera sobre as populações naturais de peixes, daí a importância do estudo.

Catella ressalta ainda que todos os dados coletados serão utilizados exclusivamente para a pesquisa científica e que, durante a realização do estudo, os pescadores esportivos serão informados a respeito dos objetivos da pesquisa podendo, inclusive, vir a auxilia-lo com a anotação das medidas ou mesmo efetuando-as, sob orientação dos piloteiros. No treinamento, os piloteiros recebem uma plaqueta de PVC para anotação da medida dos peixes, durante as pescarias, e planilhas para que os dados possam ser devolvidos à Embrapa.

Para Ezer Dias de Moura, piloteiro há 16 anos e que pela primeira vez participa de um trabalho como este, a iniciativa é bastante interessante, uma vez que envolve o trabalho dos piloteiros profissionais que lidam com a atividade pesqueira no dia-a-dia. Já o piloteiro Dílson de Lima, na atividade há 24 anos, estava bastante empolgado com o fato de participar de um trabalho de cunho científico. "Fazemos isso diariamente, mas com os treinamentos, vamos reunir mais informações sobre o trabalho executado", destacou.

Os treinamentos também estão sendo bem recebidos pelas empresas de turismo pesqueiro, que vem motivando seus funcionários a coletarem os dados. "Acreditamos que esse trabalho é muito importante, por isso incentivamos nossos funcionários a coletar as informações de forma comprometida", garante a empresária Joice Carla Santana Marques, proprietária da Joice Tur.

Para a empresária Raquel Amaral Ribeiro, proprietária da empresa Pavão Náutica, a parceria com a Embrapa Pantanal, através do treinamento dos piloteiros, é uma contribuição importante para o desenvolvimento do turismo local. "A iniciativa é fundamental para todos nós que vivemos essa realidade e, com certeza, os resultados irão contribuir para o nosso trabalho", avalia.

Denise Justino da Silva – MTb/MS 129 Embrapa Pantanal Conbtatos: (67) 233-2430, ramal 307 - denise@cpap.embrapa.br