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Tecnologia para o aproveitamento da casca de coco serão apresentados no "Ciência para a Vida"

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O crescimento agroindustrial, se por um lado é um vetor de desenvolvimento, por outro contribui para o aumento da geração de resíduos sólidos, que muitas vezes podem criar um impacto negativo para o meio ambiente. Um dos exemplos é a água-de-coco verde, que vem despontando como um produto bastante promissor no mercado brasileiro, com crescimento de mercado estimado em 20% ao ano.

Atualmente, o Brasil é líder mundial na produção de coco verde, com uma área equivalente a 57 mil hectares. O problema, no entanto, é que o aumento na produção e no consumo da água-de-coco está gerando cerca de 6,7 milhões de toneladas de casca/ano, transformando-se em um sério problema ambiental, principalmente para as grandes cidades.

Só para se Ter uma idéia, cerca de 70% do lixo gerado nas praias do Nordeste é composto por cascas de coco verde, material de difícil degradação, foco e proliferação de doenças, diminuindo a vida útil de aterros sanitários e lixões.

O aproveitamento da casca de coco verde vem sendo estudado há cinco anos pela Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza/CE), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e pode se tornar uma prática ambientalmente sustentável.

Segundo a pesquisadora responsável pelo estudo, Morsyleide de Freitas Rosa, é possível desenvolver diversos produtos derivados da casca de coco verde, inclusive substituindo o uso da samambaiaçu na fabricação de vasos e substratos agrícolas para plantas. "A samambaiaçu está na lista oficial das espécies brasileiras ameaçadas de extinção, em razão da sua intensa exploração para fins e jardinagem e floricultura", explica Morsyleide.

A tecnologia desenvolvida pela Embrapa Agroindústria Tropical será apresentada na IV Exposição de Tecnologia Agropecuária - "Ciência para a Vida", que acontece de 18 a 23 de maio, em Brasília, e reúne as 40 Unidades da Embrapa e empresas parceiras. Ela foi uma das vencedoras do programa de competição global "Development Marketplace", do Banco Mundial, que premiou 47 projetos de um total de 2.726 propostas apresentadas por 133 países.

O projeto prevê a instalação de um completo sistema de negócio, mediante a instalação de uma planta piloto que envolve a coleta seletiva da casca de coco verde, a reciclagem dessa casca na fabricação de diversos produtos, a implantação de uma unidade de artesanato e a instalação de uma horta comunitária em uma comunidade de Fortaleza (CE).

Essa planta piloto vai fabricar produtos a partir do pó e das fibras extraídas da casca, e terá capacidade para processar 15.000 toneladas/ano. O pó será utilizado para a produção de substrato agrícola e composto orgânico e as fibras servirão de matéria-prima para a manufatura de vasos, tapetes e outros artefatos.

O projeto, que tem a parceria da Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo do Estado do Ceará, Sebrae e a Associação dos Barraqueiros da Beira Mar, vai receber US$ 245 mil do Banco Mundial e vai gerar cerca de 200 empregos diretos e indiretos na comunidade envolvida no processo produtivo.

Inovação - Segundo Morsyleide de Freitas Rosa, a proposta é inovadora "porque utiliza uma tecnologia ambiental e socialmente apropriada na congregação de parcerias que se complementam na solução de dois problemas ambientais distintos, e na criação de condições reais de inclusão social". Ela também destaca o caráter multiplicador da tecnologia que pode, no futuro, ser implementada nas demais regiões do país.

Equipamentos - O desenvolvimento do maquinário para o processamento também foi desenvolvido por uma equipe de pesquisadores da Embrapa, em parceira com a iniciativa privada, e estará em exposição na Vitrine Tecnológica durante o "Ciência para a Vida".

A estrutura básica consiste de uma máquina trituradora de coco, que utiliza facas rotativas em disco, que faz o fatiamento da casca que, em seguida, passa por marteletes fixos, responsávaeis pelo esmagamento do produto.

Após esse processo, o material passa por uma prensa rotativa vertical, que retira todo o líquido por meio de prensagem. Finalmente, a máquina classificadora faz a separação entre pó e fibra, com a utilização de marteletes fixos helicoidais.

Teresa Barroso (DRT 812CE JP) 12/05/2004 Embrapa Agroindústria Tropical Contatos: (85) 299-1907 / 9953-8290 - teresa@cnpat.embrapa.br  

Tema: IV Ciência para a Vida 

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/