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Jornalistas de Belém conhecem um pouco mais sobre pesquisas da Embrapa

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Um encontro com os jornalistas de Belém marcará, nesta sexta-feira (7), o encerramento da programação alusiva aos 65 anos da chegada da pesquisa agropecuária na Amazônia, em 1939, com a criação do Instituto Agronômico do Norte (IAN), antecessor da atual Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA), unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e que hoje é o quarto mais antigo centro de pesquisa brasileiro. Este é mais um exercício de aprofundar a difícil missão de utilizar de forma socialmente mais justa os conhecimentos e tecnologias gerados pela instituição ou validados em seu âmbito e a sua contribuição para com as políticas de desenvolvimento local, regional e nacional.

Os profissionais de Redação e de assessorias de imprensa de instituições afins à Embrapa, vão ser recebidos pela chefe geral Tatiana Deane Sá, que vai ressaltar o que tem dito enfaticamente desde a sua posse, em setembro do ano passado: "o maior de todos os desafios é conciliar o quase irreconciliável na Amazônia: desenvolvimento x conservação ambiental, inclusão social e eqüidade, em suas múltiplas dimensões." A visita começa pela Biblioteca Mílton Albuquerque, a terceira maior da América Latina especializada em Ciências Agrárias que tem uma coleção que ultrapassa a 3.200 títulos nacionais e internacionais.

Pesquisas - Os búfalos, mangosteiros (os mais antigo do Pará) e os catitus também serão visitados pelos jornalistas, que ouvirão explicações dos pesquisadores responsáveis pelos estudos sobre esses assuntos, na Unidade de Pesquisa Animal Álvaro Adolpho. Mas outros temas também serão abordados, ratificando a contribuição que a Embrapa Amazônia Oriental tem dado ao conhecimento da biodiversidade amazônica, através de seus 32 projetos, divididos em 82 subprojetos que abordam temas que variam da agricultura familiar (49% dos projetos), passando pela agricultura empresarial (30%), recursos naturais (15%) e manejo de florestas nativas (6%). Todos desenvolvidos em parceria com instituições governamentais e não-governamentais, brasileiras e estrangeiras.

Entre os resultados mais recentes, considerados mais significativos, está o processo patenteado pela Embrapa e Engref (Escola Nacional de Engenharia Rural, Águas e Florestas de Nancy, França), que seca a madeira em menor período de tempo, com melhor qualidade e a custos reduzidos. Dentre as principais mudanças do novo processo, se comparado com o tradicional, está um ganho em torno de 53% quando os secadores têm capacidade para secar 100 metros cúbicos de madeira. O processo apresenta ainda como vantagens a redução do tempo de secagem em cerca de 50% e a queda nos índices de empenamentos e rachaduras da madeira para aproximadamente 1% - o índice comum é de mais de 10%. O novo processo pode ser utilizado para secar várias espécies juntas dentro do mesmo secador - quando os equipamentos similares usam programas de secagem para cada espécie florestal .

A técnica de Manejo de Açaizais Nativos, é outro resultado recente das pesquisas desenvolvidas pela Embrapa Amazônia Oriental e que tem como objetivo principal aumentar a população de açaizeiros que ocorre naturalmente em florestas de várzea, criando um sistema de produção diversificado. O sistema é caracterizado por um açaizal de várzea enriquecido com espécies nativas e introduzidas, conciliando proteção ambiental e rendimento econômico racional e equilibrado. A técnica permite que a produtividade passe de 4,2 toneladas de frutos por hectare para 8,4 toneladas em cada hectare por safra.

A proposta de desenvolver novas alternativas de cultivo sem a utilização do fogo, envolvendo o manejo da vegetação secundária em pousio (capoeira) e que substitui o preparo de área via derruba-e-queima, a prática mais usual na agricultura familiar amazônica, pelo corte e trituração da capoeira, é mais uma pesquisa de grande alcance. Desenvolvido pela Embrapa Amazônia Oriental em parceria com o governo alemão, o projeto Tipitamba objetiva eliminar as implicações negativas da queima e propiciar maior flexibilidade ao período de plantio, além de melhorar as condições físicas, químicas e biológicas do solo. Pesquisadores brasileiros e alemães também estão melhorando a capoeira através do plantio (semente ou muda) de árvores leguminosas de rápido crescimento, ao final do ciclo da última cultura, para acelerar o acúmulo de carbono e nutrientes, através do acesso à água e nutrientes de camadas mais profundas do solo que suas raízes atingem.

Outro projeto de grande repercussão é o Dendrogene ou Conservação genética em florestas manejadas da Amazônia, originado pela preocupação com a sustentabilidade de uso das florestas nativas da região amazônica. Seu caráter inovador prevê a utilização dos conhecimentos e novas tecnologias sempre em busca da sustentabilidade do manejo florestal e desde a sua concepção tem uma ação multiinstitucional irrefutável. A meta global do Dendrogene é o uso sustentável e a conservação dos recursos genéticos das florestas tropicais úmidas da região da Amazônia brasileira. Especificamente, o objetivo é desenvolver mecanismos para usar o conhecimento cientifico (botânica, ecologia reprodutiva, e genética), na promoção do manejo florestal sustentável. A premissa do Dendrogene é que existe muita pesquisa, mas em geral está desconectada e não efetivamente disponibilizada, portanto ela não tem tido o devido impacto para os gerentes de floresta.

Também resultante de uma cooperação com o governo britânico, o Projeto Gespan, é outro que tem se destacado pelas ações inovadoras. Ele tem entre seus executores a Embrapa e se propõe, primordialmente, a apoiar, incentivar e criar novos mecanismos institucionais para viabilizar o uso sustentável dos recursos naturais em benefício das populações em situação de pobreza.

Divulgação - E o repasse dos conhecimento, produtos e tecnologias gerados aos públicos de interesse da pesquisa acontecem de diferentes formas. Cursos, palestras, treinamentos, excursões técnicas, dias de campo, orientação a estudantes de graduação e pós-graduação e a publicação, em séries da própria Embrapa e de outras instituições nacionais e internacionais, são as mais comuns.

E a divulgação se fortalece e se amplia com as inserções na mídia local e nacional e que envolvem os jornais, revistas, rádio, televisões- de Belém e do interior do Estado - e a Internet. A Embrapa Amazônia Oriental tem uma média diária de 1,16 inserções/dia resgatadas. O que não é contabilizado, por não ser resgatado, pode chegar a até 2 inserções/dia. Até abril de 2004 foram identificadas 136 citações da Embrapa Amazônia Oriental na mídia local e nacional, sendo que 99% positivas.

Hoje a Embrapa Amazônia Oriental é a maior unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, órgão vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, com 502 empregados, sendo 123 pesquisadores, especializados em 44 diferentes áreas e destes, 95% possuem curso de pós-graduação (mestrado e doutorado). Os recursos humanos, contudo, têm reduzido gradativamente. De 1998 para 2003 houve um decréscimo de 9,46%.

Limitações - Mas, se por um lado têm-se um quadro altamente favorável de resultados de grande contribuição à região, com significativa participação no processo de fixação do homem ao campo, paralelamente são crescentes as restrições orçamentárias e financeiras que têm interferido direta ou indiretamente na pesquisa, na transferência do que é gerado, capacitação de seus recursos humanos ou modernização de máquinas e equipamentos. Entre os prejuízos mais evidente estão os projetos de pesquisa que dependem exclusivamente de recursos financeiros do Tesouro Nacional e que se refletem na limitação de insumos para ações de pesquisa, aquisição de reagentes para laboratórios, manutenção e reparos de equipamentos de laboratório, manutenção de campos experimentais, contratação de serviços, movimentação de pesquisadores, inclusive e principalmente para participar de congressos nacionais e internacionais.

No Brasil - Nacionalmente, a Embrapa registrou, só em 2003, 44 novas cultivares no Serviço Nacional de Proteção de Cultivares SNPC, abrangendo cereais, oleaginosas, fruteiras e espécies forrageiras, entre elas uma cultivar de abacaxi resistente à fusariose e cultivares de girassol ornamentais com flores coloridas. Três cultivares de uvas sem sementes também foram lançadas. Para este ano outros produtos estão sendo lançados outras materiais como a cebola-doce, que não provoca choro involuntário quando descascada, não deixa o característico hálito quando ingerida e que pode ser comida como fruta in natura por ter um sabor quase doce.

Há ainda os avanços com a clonagem de bovinos, com o nascimento, em setembro de 2003, da primeira bezerra clonada a partir das células de um animal já morto. A fêmea da raça holandesa T. Melo Lenda, de elevado valor genético, morreu acidentalmente, teve suas células clonadas que por sua vez deram origem à "Lenda e em fevereiro de 2004 nasceu "Vitoriosa", o primeiro clone de um clone nascido na América Latina, clone da Vitória, uma fêmea também clonada pela Embrapa.

Tudo isso representa uma trajetória que a chefe geral da Embrapa Amazônia Oriental, Tatiana Deane Sá, resume no que ela chama de palavras de ordem: a valorização e a motivação, em termos de pessoas; a otimização no uso de recursos e oportunidades, em termos de recursos materiais; o aprofundamento de questões científicas, da adequação de tecnologias, e do exercício da comunicação, em termos de Ciência e Tecnologia; e a atuação participativa e propositiva, em termos de parcerias.

Ruth Rendeiro - DRT 609/ 9985 1229/PA Embrapa Amazônia Oriental Contatos: (91) 622-2012 - ruth@cpatu.embrapa.br  

Tema: A Embrapa 

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