A carência de vitamina A na alimentação é uma das principais causas da xeroftalmia, infecção secundária na mucosa ocular que leva à cegueira, doença que acomete crianças que vivem no semi-árido nordestino. A solução para o problema está numa planta altamente resistente aos longos períodos de seca: a mandioca amarela. A variedade, rica em vitamina A, está sendo pesquisada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Em quatro anos, a equipe pela Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas - BA), responsável pelo projeto, já identificou sete variedades de mandioca amarela e desenvolveu oito mil híbridos. A vantagem adicional da mandioca amarela é que essa variedade, além do teor vitamínico, é resistente à seca, de fácil adaptação ao Nordeste e não contém ácido cianídrico, substância tóxica encontrada na mandioca comum.

Paralelamente à pesquisa com a mandioca amarela, a Embrapa também trabalha no desenvolvimento de variedades da mandioca vermelha, que é rica em licopeno, substância importante para a prevenção do câncer de próstata. Como é uma planta mais rara, até agora os pesquisadores conseguiram desenvolver duas variedades desse tipo de mandioca. Outra linha de pesquisa busca desenvolver variedades da planta que concentrem alto teor de proteína nas raízes. A concentração de proteínas, que já foi descoberta na parte aérea da mandioca (folhas), entra na composição da multimistura, farinha produzida pela Pastoral da Criança e usada no combate à desnutrição no país.

Gestantes - Além de reforçar a alimentação das crianças do semi-árido nordestino, a mandioca amarela também deverá ser utilizada no reforço à dieta das gestantes, prevenindo assim que novos bebês nasçam com a fome nutricional. Além da xeroftalmia, a carência de vitamina A leva a outros problemas de saúde, como a hemoralopatia, doença que começa com dificuldade de adaptação ao escuro (popularmente chamada de cegueira noturna) e progride para a cegueira total. A deterioração da retina na cegueira noturna pode ainda levar a mudanças de sensibilidade da retina à luz colorida, diminuindo ou invertendo a percepção de cores, como o azul e o amarelo.

As principais variedades de mandioca ricas em vitamina A ou licopeno estarão sendo apresentadas em Brasília durante o Ciência para a Vida 2004, promovido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e pela Embrapa e que tem como principal objetivo aproximar o público urbano dos resultados da pesquisa agropecuária, mostrando como eles melhoram a qualidade dos alimentos e da vida da população brasileira. O evento reúne as 40 Unidades da Embrapa e empresas parceiras, como universidades, instituições estaduais, órgãos de fomento à pesquisa, governamentais e não governamentais, organismos internacionais e empresas públicas e privadas do Brasil e do exterior. A exposição é gratuita e aberta ao público de 10 às 22 horas, de 18 a 23 de maio, em frente à sede da Embrapa, localizada no Parque Estação Biológica, no final da W3 Norte e ao lado da Ponte do Bragueto.

Mais informações: Assessoria de Comunicação Social da Embrapa Telefone: (61) 448-4113 / 448-4012 / 340-7015 E-mail: fernando.taroco@embrapa.br / rose.azevedo@embrapa.br  Técnicos poderão conceder entrevistas sobre o assunto no estande da Embrapa Mandioca e Fruticultura durante o Ciência para a Vida 2004.