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Resistência da mosca-dos-chifres a inseticidas no MS é pesquisada

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Estudo desenvolvido pela Embrapa Pantanal – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, deve otimizar o controle da mosca-dos-chifres no Estado de Mato Grosso do Sul. A mosca-dos-chifres causa prejuízo anual à pecuária brasileira estimado em aproximadamente U$ 150 milhões. O trabalho, que terá duração de dois anos, é financiado com recursos da Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul) e da Embrapa.

O pesquisador Antonio Thadeu Medeiros de Barros, coordenador do projeto, explica que este é um estudo inédito no País, onde serão identificados os mecanismos de resistência da mosca-dos-chifres a inseticidas. Há anos, o controle da doença é feito com base no uso de inseticidas, em sua maioria piretróides – presentes na composição de três em cada quatro inseticidas comercializados no mercado nacional. No entanto, o uso indiscriminado desses inseticidas tem levado ao aparecimento de resistência, comprometendo a eficácia dos produtos e o controle da mosca.

A resistência é uma característica genética que aumenta na população em função do uso de inseticidas (ou carrapaticidas). Ou seja, quanto mais o pesticida for utilizado, mais rápida a seleção de moscas resistentes na população, com isso, maior o nível de resistência atingido. Barros explica ainda que a capacidade das moscas de tolerar concentrações inicialmente letais promove uma redução gradual na eficácia dos produtos, até a sua completa ineficácia e conseqüente ausência de controle do parasita.

Esse desequilíbrio entre controle e resistência, segundo o pesquisador, é o principal indicativo da necessidade de serem definidas estratégias mais adequadas. "A ampla ocorrência de resistência no Estado, e em todo o País, é suficiente para demonstrar que algo precisa ser modificado na forma como tentamos controlar a mosca-dos-chifres", ressalta o pesquisador.

A identificação dos mecanismos responsáveis pela resistência contribuirá para otimizar as estratégias de controle existentes, adequando-as a um correto manejo de resistência. Hoje, o tratamento de controle integrado, recomendado pelos especialistas, associa produtos químicos e biológicos; uma vez que, o uso periódico de um mesmo produto por um período médio de quatro anos é suficiente para causar resistência.

O desenvolvimento da resistência provocada pela dependência do uso de inseticidas tende a aumentar os custos de produção nas propriedades rurais, além de também elevar os riscos de contaminação humana, ambiental e em alimentos. A mosca-dos-chifres, principalmente em altas infestações, causa grande incômodo aos bovinos, levando a uma redução de ganho de peso e produção de leite, afetando ainda a qualidade do couro e a reprodução.

Ao longo dos últimos três anos, o pesquisador coordenou uma pesquisa desenvolvida em parceria com outras oito unidades da Embrapa, na qual foi realizado um amplo diagnóstico sobre a resistência da mosca-dos-chifres em 14 Estados. O estudo detectou a ocorrência de resistência a piretróides em aproximadamente 95% das populações da mosca, sendo observados variáveis níveis de resistência, em todas as regiões do País. Desta vez, o desafio é identificar os mecanismos responsáveis pela resistência encontrada.

Estudos preliminares demonstram a existência de um tipo de resistência denominado kdr (knockdown resistance), no qual as moscas se tornam virtualmente "insensíveis" ao inseticida. Isso acontece devido a uma alteração no local onde o inseticida atua, impedindo sua ação tóxica ou letal. Entretanto é provável que outros mecanismos também estejam presentes.

Histórico – No início da década de 80, a mosca-dos-chifres (Haematobia irritans) foi registrada pela primeira vez no país, em Roraima. Alguns anos depois, causava apreensão a toda a classe produtora, quando passou a fazer parte do cenário pecuário nacional. Infelizmente, um controle efetivo da mosca-dos-chifres não tem sido conseguido sem o uso de produtos químicos e programas de controle são basicamente, para não dizer quase exclusivamente, dependentes do uso de inseticidas. Ao longo dos anos, a prática indiscriminada do controle químico tem demonstrado seus efeitos negativos, em particular, a seleção de populações de moscas resistentes aos inseticidas, com conseqüente redução da eficácia dos produtos utilizados e o aumento dos custos de controle.

Denise Justino da Silva – MTb/MS 129 Embrapa Pnatanal Contaotos: (67) 233-2430, ramal 307 - denise@cpap.embrapa.br  

Tema: Ecossistema\Pantanal 

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