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Embrapa mostra bananas resistentes à sigatoka negra em área de assentamento

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  Dia 23 de julho, a Embrapa Rondônia, em parceria com o Incra e a Cooperativa de Trabalho Agro Ambiental de Rondônia (Cootraron), realizaram um dia de campo em uma propriedade no assentamento Joana D'Arc I, onde a empresa mantém uma unidade de observação na área do produtor Pedro Coelho da Silva com as cultivares FHIA 01, 18 e 21, Thap Maeo e Caipira, resistentes à doença.

Agricultores familiares, técnicos e engenheiros agrônomos tiveram acesso a informações para otimizar o sistema produtivo, onde alternativas ao ataque da sigatoka negra foram reveladas. "Nossa idéia é sensibilizar o maior número de pessoas para os cuidados que a cultura exige, oferecendo condições para que os produtores sejam capacitados", explica o engenheiro agrônomo da Embrapa Rondônia Zenildo Ferreira Holanda Filho, um dos palestrantes.

A sigatoka negra, doença causada por fungos que ataca principalmente as folhas da bananeira, reduzindo a fotossíntese da planta, é uma das principais causas de quedas representativas na produção da banana na Amazônia. De exportador até meados da década de 90, o Estado de Rondônia passou à condição de importador da fruta, que chega principalmente de Minas Gerais. Em 1995, mais de 30 mil hectares eram ocupados por bananais. A partir de 1998, quando foram identificados os primeiros focos da doença no Estado, a área foi reduzida para pouco mais de 6 mil hectares. A produtividade seguiu o mesmo caminho: são produzidos 8.136 quilos de banana por hectare, enquanto a média nacional é de 12 toneladas na mesma área. A cultura tem potencial para atingir 30 toneladas por hectare.

Originária da Ásia, a sigatoka negra atingiu a América Central e países vizinhos do Brasil, como Colômbia e Venezuela. Causada por fungos, o vento é um dos principais agentes disseminadores. O primeiro foco da doença na Amazônia, segundo o pesquisador da Embrapa Rondônia (Porto Velho - RO) da área de Fitotecnia José Nilton Medeiros Costa, foi identificado em Tabatinga, no Amazonas, na divisa com a Colômbia. Onde há ocorrência da doença é proibida a saída de materiais vegetativos para outras regiões.

Em Rondônia, desde 1998 não existe comercialização da fruta para outros Estados, determinação legal imposta por agências sanitárias. Manchas negras nas folhas são o principal sintoma da doença, que ataca todas as variedades comerciais, como a Maçã e a Prata, as preferidas pelos brasileiros. "A alternativa é a introdução de materiais resistentes, já que o controle químico feito por fungicidas é muito caro", explica o pesquisador.

No entanto, pesquisas desenvolvidas pela Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, têm apresentado previsões otimistas no combate à doença. Cultivares resistentes introduzidas no Brasil pela Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas- BA), implantadas na Amazônia pela Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus - AM) e em Rondônia pela Embrapa Rondônia, revelam que é possível cultivar a fruta e vencer os prejuízos causados pela doença.

Algumas cultivares foram introduzidas no Brasil por meio de parcerias com instituições de pesquisa internacionais, como FHIA (Fundação Hondurense de Investigação Agrícola). As cultivares que têm se destacado em relação à resistência à doença são a FHIA 1, FHIA 18, FHIA 21, Thap Maeo, Caipira, Prata Zulu e Pakovan Ken.

Entre as FHIAs, o aspecto dos frutos da cultivar 21 é semelhante às bananas do tipo Terra (ou Comprida, como são conhecidas na região Norte). As bananas FHIA 01 e 18 têm aspecto semelhante ao da Prata. Apesar de o sabor ser diferente das cultivares já conhecidas, produtores têm apostado na alternativa.

Um trabalho realizado em conjunto pela Secretaria de Estado da Agricultura, Produção e do Desenvolvimento Econômico e Social (Seapes), Emater-RO, Embrapa Rondônia, Ceplac e Delegacia Federa de Agricultura tem viabilizado a introdução de cultivares resistentes no Estado. Quatro mil mudas de cinco desses cultivares provenientes da biofábrica em Cruz das Almas (BA) serão adquiridas pelo Governo de Rondônia para implantação de unidades de observação no Estado. Após serem aclimatadas em Manaus, as mudas serão plantadas em diversos municípios de Rondônia.

Abaixo, os principais tópicos abordados durante o dia de campo:

Estação 01 Pesquisador: José Nilton Medeiros Costa – Embrapa Rondônia Assunto: Importância da cultura, variedades e pragas Conteúdo Importância da cultura da banana nos contextos nacional e regional; Manejo e tratos culturais, como desfolha das plantas atacadas por doenças e exigências nutricionais das cultivares resistentes; Principais pragas e doenças, como sigatoka negra, sigatoka amarela, mal-do-Panamá (interrompe vasos por onde circula a seiva e ataca principalmente as cultivares do tipo Maçã), moco da bananeira (não existem cultivares resistentes), murcha abiótica (deficiência de potássio), nematóides (atinge o rizoma), broca-do-rizoma (também conhecido como moleque da bananeira), broca gigante (lagarta que se desenvolve no pseudocaule da bananeira).

Estação 02 Engenheiro agrônomo: Zenildo Ferreira Holanda Filho – Embrapa Rondônia Assunto: Coveamento, adubação e tipos de mudas Conteúdo Implantação do bananal (áreas de fácil acesso, solos profundos e bem drenados), importância da análise de solos, adubação / correção (calcário, macro e micronutrientes), origem das mudas (sanidade), tipos de mudas.

Estação 03 Coordenador: Ederson Garcia – Cootraron Assunto: Tratos culturais, colheita e custos Conteúdo Tipos de capina, desbaste, comercialização, cuidados no pós-colheita, custos de produção.

Guilherme Ferreira Viana (MTb/MG 06566 JP) Embrapa Rondônia Contatos: (69) 225-9387 - gfviana@cpafro.embrapa.br  

Tema: Produtos Agropecuários\Frutas\Tropicais 

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/