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Embrapa Rondônia completa 29 anos

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Há 29 anos nascia um sonho numa terra nova, promissora, cheia de particularidades. Na época em que o Estado de Rondônia ainda era Território, em 10 de julho de 1975, a Unidade da Embrapa era criada com o nome de "Unidade de Execução de Pesquisa de Âmbito Territorial (UEPAT)". Como órgão integrante da estrutura do sistema de pesquisa agropecuária de Rondônia e com a elevação do Território à categoria de Estado, em 1981, a empresa passa a se chamar "Unidade de Execução de Pesquisa de Âmbito Estadual de Porto Velho (UEPAE – Porto Velho)". Tempos difíceis, de colonização e de início do desenvolvimento da pesquisa agropecuária na Amazônia.

A história da Embrapa Rondônia se mistura com o desenvolvimento do Estado. Após sua criação, a Empresa acompanha a euforia econômica provocada por investimentos federais na região entre as décadas de 60 e 80, atraindo milhares de imigrantes de diversas regiões brasileiras. A ordem era desbravar, colonizar a floresta. A terra barata, farta, as riquezas naturais, eram os diferenciais da região. Percebendo as necessidades específicas e demandas da região Norte do Brasil, a diretoria da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) determinou que suas unidades fossem transformadas em Centros de Pesquisa Agroflorestais. Daí surge a denominação "Centro de Pesquisa Agroflorestal de Rondônia (Cpafro)", instituída pela Deliberação 009/91, de 10/03/1991.

A deliberação se fundamentou principalmente em aspectos ligados à preservação, importância estratégica da Amazônia e conservação do ecossistema, o qual necessitava de um modelo específico de pesquisa agropecuária e florestal que atendesse às suas características ambientais e socioeconômicas. Este direcionamento era urgente, já que projetos de colonização dirigida estimulavam o crescimento acelerado. Os interesses principais, num primeiro momento, são as atividades agropecuária e madeireira, acompanhadas pela descoberta do ouro e cassiterita. Hoje, o Estado é reconhecido por índices produtivos cada vez mais promissores em diversas culturas, tornando-se uma autêntica fronteira agrícola brasileira.

Promover o desenvolvimento agropecuário de forma sustentável sempre foi a diretriz da Embrapa Rondônia. Hoje ela é referência em alternativas de exploração comercial e ecologicamente corretas em suas linhas de pesquisa, garantindo ao seu público-alvo tecnologias com viabilidade econômica, ambiental e social. Localizada em uma região que detém atenções de todo o mundo pela necessidade de preservação ambiental é compromisso da empresa garantir essa sustentabilidade. Seus 29 anos são prova de que é possível crescer sem destruir, de gerar empregos de forma consciente, de garantir o sustento de milhares de famílias, que têm na Embrapa ou em suas tecnologias transmitidas a principal fonte de renda.

A Empresa se orgulha de estar presente em Rondônia, onde seu povo, autênticos brasileiros, "destemidos pioneiros", são protagonistas do crescimento do jovem Estado, de apenas 24 anos. Com o objetivo de transmitir conhecimentos e tecnologias para viabilizar o desenvolvimento sustentável dos agronegócios empresarial e familiar na Amazônia, a Embrapa Rondônia é referência no desenvolvimento de pesquisas relacionadas à produção de alimentos e na promoção de sistemas produtivos agropecuários, florestais e orgânicos no Estado. "É motivo de orgulho para a empresa promover soluções tecnológicas que atenuem os desequilíbrios sociais", diz o pesquisador e gerente geral, Newton de Lucena Costa.

Abaixo, veja a programação alusiva ao 29º aniversário da Embrapa Rondônia e leia uma síntese das principais e mais recentes tecnologias desenvolvidas nesses 29 anos de trabalho.

Local: Embrapa Rondônia Data: 09 de julho (sexta-feira) Horário: 08h30 às 18h Endereço: BR 364 (Sentido Cuiabá) – km 5,5 – Caixa Postal 406 Cidade: Porto Velho (RO) Tel.: (69) 225-9387

Programação 08h30 - Recepção dos convidados - Auditório Paulo Manoel Pinto Alves (Bloco A) 09h00 - Sessão solene de abertura - Auditório Paulo Manoel Pinto Alves (Bloco A) 10h00 - Reunião com os convidados - Sala de Treinamento (Bloco A) 11h00 - Visita ao Campo Experimental da Embrapa Rondônia Estações: Recuperação de áreas degradadas (Lagoa); Produção orgânica de leite (Curral); Demonstração de Tecnologias Agropecuárias (Vitrine Tecnológica); 12h00 - Almoço com convidados e funcionários; Torneio Esportivo / Sorteio de Brindes - Associação dos Empregados da Embrapa Rondônia (AEE)

Tecnologias desenvolvidas: Café - Rondônia é o segundo Estado em áreas destinadas ao cultivo de café do tipo conilon, bastante utilizado em cafés solúveis, segundo dados do IBGE referentes aos últimos quatro anos. O Estado, que de acordo com o Instituto, dispõe de 222,9 mil hectares destinados ao cultivo da planta, ultrapassou São Paulo (com 213,4 mil hectares) e o Paraná, com 66,2 mil hectares. A evolução da cultura (106% no período avaliado) se sobressai em conjunto com Mato Grosso e Pará, que também tiveram uma acentuada expansão da área agrícola destinada ao café: acréscimo de 95% e 53%, respectivamente.

A Embrapa Rondônia mantém no município de Ouro Preto d'Oeste, interior do Estado, um campo experimental que é responsável pela transferência de tecnologias aos produtores. Em Ouro Preto d'Oeste e em Machadinho d'Oeste, cidade que também sedia um campo experimental da empresa, pesquisadores têm trabalhado em duas vertentes: o desenvolvimento de sistemas orgânicos de produção, introduzindo controle biológico de pragas e doenças, discriminado a seguir, e a clonagem de plantas, através do método de propagação vegetativa.

Controle biológico da broca-do-café - Métodos de controle da principal praga que ataca o café em Rondônia - a broca-do-café - delinearam os rumos das pesquisas na Embrapa Rondônia. De acordo com o pesquisador na área de Entomologia da empresa, César Augusto Domingues Teixeira, o controle biológico de pragas do cafeeiro, em algumas situações, é a única alternativa para otimizar a produção e a produtividade de cafés especiais, como o orgânico, já presente em lavouras de Rondônia. "Estamos trabalhando em uma vertente econômica, em que o controle biológico deve ser satisfatório comercialmente para o produtor", explica Teixeira.

Nesse âmbito, a broca-do-café pode ser combatida de duas maneiras: por inimigos naturais, como a Vespa de Uganda, ou por nematóides e fungos nocivos às pragas, como o fungo beauveria bassiana, que ocorre naturalmente nas plantações. A Embrapa Rondônia atua na identificação desse fungo, fazendo a multiplicação em laboratório e definindo a formulação adequada para ser aplicado em grande quantidade nas lavouras. No Campo Experimental da Empresa em Ouro Preto d'Oeste e em Machadinho d'Oeste a aplicação está sendo executada desde a safra passada, com perspectivas otimistas, segundo o pesquisador da Embrapa Rondônia.

Realiadade – Por ser cultivado em regiões de baixa altitude e com temperaturas elevadas o ano todo, a cultura do café no estado de Rondônia apresenta condições propícias ao desenvolvimento da praga, que se alimenta e reproduz em grãos verdes, maduros e secos. A infestação, de acordo com José Nilton Medeiros, da Área de Fitotecnia da empresa, pode ocorrer em períodos específicos do ano, representando perdas de produtividade de até 100% em algumas lavouras.

O cafezal afetado pelo inseto apresenta baixos índices de produtividade e qualidade. De acordo com Medeiros, a broca escava galerias no interior dos frutos onde são depositados ovos pela fêmea do inseto. Após o nascimento, as larvas se alimentam do grão, causando seu apodrecimento.

Produção Orgânica de Leite – Trabalhos de pesquisa voltados para o desenvolvimento da agricultura familiar nas diversas regiões brasileiras, além de projetos que viabilizem a implantação de modelos de produção orgânicos, estão sendo desenvolvidos pela Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A Embrapa Rondônia (Porto Velho/RO) atua nas duas diretrizes, elegendo o projeto "Produção Orgânica de Leite" como preponderante para a otimização da atividade nas modalidades de agricultura familiar praticadas no Estado.

A utilização de adubação orgânica (esterco de curral, biofertilizantes e húmus), o tratamento de enfermidades com medicamentos fitoterápicos, homeopáticos e de controle biológico (a planta "Nim" tem eficiência comprovada em ectoparasitas, como carrapatos; besouros "rola-bosta" são utilizados no combate à mosca-dos-chifres e larvas de vermes intestinais) são algumas das diretrizes da modalidade.

O projeto é desenvolvido há dois anos pelo pesquisador João Paulo Guimarães Soares na Embrapa Rondônia. "Estamos em um processo de transição entre a produção convencional e a orgânica. Não utilizamos nenhum tipo de defensivo nas pastagens nem produtos químicos no controle de ecto e endoparasitas", explica.

Pecuária - Rondônia desponta como o Estado que mais produz leite na região Norte, posição ocupada até então pelo Pará, segundo dados do IBGE e da Secretaria de Estado da Agricultura, Produção e do Desenvolvimento Econômico e Social (Seapes). Em 10 anos - no período compreendido entre 1991 e 2001 - a produção passou de 251 milhões para 475 milhões de litros, um incremento de quase 53%, responsável pela 11ª posição do Estado no ranking nacional.

Enquanto o desempenho da produção de leite no Brasil cresceu 1,65% entre os anos de 1996 e 2000, o Estado apresentou superávit de 7,41% no mesmo período, conforme dados do Diagnóstico do Agronegócio do Leite realizado no Estado em 2002.

Atualmente, são produzidos 483 milhões de litros de leite ao ano ou 1,5 milhões de litros ao dia em Rondônia. A bacia leiteira – composta pelos municípios de Ouro Preto d'Oeste, Jaru, Presidente Médici, Ji-Paraná e Cacoal – revela um potencial que pode se desenvolver muito mais, segundo pesquisadores. Abaixo, veja a participação da Embrapa nesse contexto e quais tecnologias foram desenvolvidas:

Manejo de pastagens - Sistema de pastejo rotacionado; variedades de capim testados e validados para a região: Gênero Panicuns (cultivares Mombaça, Tanzânia, Vencedor), Capim-elefante. Sistema cana-de-açúcar + uréia

Bancos de proteína - Utilização de leguminosas na alimentação do rebanho e na fixação de nitrogênio no solo. Exemplos de leguminosas: puerária e amendoim forrageiro.

Sistemas agrosilvipastoris - Convivência entre espécies florestais, pastagens, culturas e animais na mesma área: aumento da sustentabilidade. A prática também significa maiores ganhos para o produtor.

Produção de grãos - A região cone sul de Rondônia é detentora de um dos maiores índices de produtividade de soja na última safra: 3,125 kg/ha. Vilhena, município onde a Embrapa Rondônia mantém um campo experimental especializado na pesquisa de grãos, apresentou uma produção média de 52 sacas de soja por hectare no período.

A cidade, localizada em regiões de cerrado ao sul de Rondônia, a 720 quilômetros de Porto Velho, desponta como uma das regiões do Brasil que mais produz a cultura, ultrapassando – em produtividade – estados tradicionais no cultivo da cultura, como Paraná. O potencial produtivo é tão elevado que tais índices são verificados na exploração de apenas 50 mil dos 700 mil hectares aptos para o plantio. Juntamente com municípios adjacentes na porção noroeste do Mato Grosso, a produção de outras culturas de grãos – como milho e arroz – também é evidente.

A região cone sul, composta por sete municípios, é responsável por mais de 57% da produção estadual: 257.688 toneladas na última safra. A produtividade obtida está acima dos melhores índices internacionais, na faixa dos 2.600 kg/ha. "Inserida em uma região de cerrado onde novas áreas estão sendo incorporadas ao cultivo, Vilhena apresenta enorme potencial na produção e este diferencial ainda pode ser mais explorado", apresenta o pesquisador na Área de Nutrição de Plantas da Embrapa Rondônia, Vicente de Paulo Campos Godinho.

O Campo Experimental de Vilhena é responsável pelo desenvolvimento de materiais mais produtivos e geneticamente mais resistentes. A região é reconhecida pela degradação provocada pela exploração da pecuária de corte. "A maioria dos produtores está partindo para as culturas anuais", explica Godinho. Empresas como "Amaggi" e "Cargill" já se instalaram, montando unidades de recebimento do grão.

A produção é escoada pela BR 364 até o porto graneleiro de Porto Velho, seguindo para Santarém (PA) e Itacoatiara (AM). Desses dois destinos, a soja de Rondônia é embarcada em navios para Europa, Estados Unidos e Ásia.

Variedades - A Embrapa tem uma responsabilidade reconhecida nos recordes de produção. A soja é uma cultura natural de latitudes elevadas. A planta foi introduzida – a partir de melhoramentos genéticos – em uma região localizada no paralelo 12 de latitude. A Unidade da Embrapa localizada em Londrina (PR) desenvolveu em 1999 três variedades recomendadas para as condições climáticas e de relevo de Rondônia: BRS Aurora, BRS Pirarara e BRS Seleta, encontradas no Campo Experimental de Vilhena.

Em fevereiro de 2004, novas variedades de soja e arroz desenvolvidas pelo convênio Embrapa e Fundação Centro Oeste (Primavera do Leste, MT) foram apresentadas aos produtores em dias de campo. Entre os lançamentos de soja, a BRS Tianá, nome indígena que significa "sempre verde", despertou interesse.

Com boa estabilidade de produção, bom vigor vegetativo e de maturação uniforme com tolerância às doenças de final de ciclo, a BRS Tianá apresenta produtividade superior às cultivares de ciclo tardio, chegando a mais de 60 sacas / hectare.

Linhagens – ainda na fase de testes, sem sementes disponíveis – de ciclos tardio e precoce também foram apresentadas.

Fruticultura - Para auxiliar no desenvolvimento do agronegócio da fruticultura no Estado a Embrapa Rondônia vem executando as seguintes ações: Implantação de coleção de plantas superiores de cupuaçu; Introdução de cultivares de abacaxi: Avaliação de cultivares de bananeira resistentes a Sigatoka Negra; Avaliação de cultivares de maracujá amarelo; Melhoramento de cultivares de melancia de polpa branca e amarela; Implantação de banco de germoplasma de guaraná; Realização de cursos de produção, colheita e pós colheita de frutas para produtores de todo o Estado; Capacitação de técnicos da extensão rural (Emater-RO) em fruticultura; Elaboração de projetos para o estudo da cadeia produtiva das principais frutas produzidas no Estado.

Sistemas Agroflorestais (SAF's) - A Embrapa Rondônia, um dos centros de pesquisa agroflorestais da Amazônia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, desenvolve há 15 anos trabalhos com SAF's implantados no Campo Experimental da empresa em Machadinho d'Oeste, região nordeste do Estado. Os trabalhos são de autoria dos pesquisadores Michelliny de Matos Bentes Gama, Marília Locatelli e Abadio Hermes Vieira, com a colaboração de pesquisadores da Embrapa Florestas (Colombo-PR) e Universidade Federal de Viçosa. Retratam sistemas agroflorestais compostos originalmente pelas espécies banana, pimenta-do-reino, cupuaçu, castanha do brasil, freijó e pupunha, de grande importância na economia regional.

A pesquisa tornou disponível certas práticas e sistemas de produção mais sustentáveis, dentre os quais, os Sistemas Agroflorestais (SAF's). Os SAF´s são bastante difundidos e utilizados na América Tropical, e em especial nos países amazônicos, onde essa técnica tem origem na cultura indígena. Como sistemas alternativos de produção, os SAF´s são consagrados por suas vantagens biofísicas, ambientais e sócio-econômicas, entretanto, estudos mais detalhados acerca dos aspectos produtivos associados ao retorno econômico têm se mostrado cada vez mais necessários para comprovar a viabilidade desses sistemas e garantir sua adoção junto a agricultores e produtores locais.

Caracterizado pela associação entre espécies perenes e de ciclo curto ou médio, os SAF's, segundo a pesquisadora Michelliny Bentes Gama, podem resultar em importantes impactos na economia regional, se bem conduzidos e manejados. "Aspectos como a segurança alimentar e a conservação da biodiversidade são propiciados pelos sistemas agroflorestais. Pelos aspectos ecológico, econômico e social refletem em geração de renda, trabalho e qualidade de vida ao produtor", expõe.

Florestas - A indústria de base florestal tem demonstrado um potencial econômico considerável, garantindo uma boa participação nas exportações brasileiras. Em 2002 as exportações de madeira atingiram 1,1 bilhões de dólares e a região amazônica respondeu por 48% desse total, apurando uma receita na ordem de 461 milhões de dólares. A região amazônica, que detém cerca de 30% das florestas tropicais do mundo, apresenta perspectivas de aumentar a participação no mercado interno e nas exportações para países consumidores.

Inserido nesse contexto, o estado de Rondônia possui um parque industrial de base florestal de 563 indústrias, entre serrarias e fábricas de compensados, 123 movelarias, representando 33% do número total de estabelecimentos industriais do Estado. É também responsável por empregar 25 mil trabalhadores e gerar 25% do total de impostos arrecadados.

Para dar sustentabilidade a este parque industrial, o Estado, juntamente com as instituições ligadas ao setor, participaram da implantação de 20 milhões de mudas de árvores de diversas espécies de interesse econômico em áreas de pequenos e médios agricultores, além de conservar quase 2 milhões de hectares de florestas nativas em áreas de produção florestal. A Embrapa Rondônia tem participado deste segmento através de estudos para melhor conhecimento deste recurso e gerando tecnologias para melhor aproveitamento e manutenção do mesmo.

Guilherme Ferreira Viana (MTb/MG 06566 JP) Embrapa Rondônia Contatos: (69) 225-9387 - gfviana@cpafro.embrapa.br  

Tema: A Embrapa\Gestão 

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