01/08/04 |

Limitações e alternativas para a soja transgênica na safra 2004/05

Informe múltiplos e-mails separados por vírgula.

 

 

Apesar da proibição para comercialização das sementes, o MAPA  já conta com 40 cultivares transgênicas registradas
O tema transgenia é assunto obrigatório nos eventos voltados a discussão de produção de soja no Brasil. As novidades da pesquisa e as limitações legais foram  alguns dos tópicos debatidos no painel "Transgênicos: situação atual e as perspectivas para a safra 2004/2005", apresentado no Seminário Técnico da Soja, que aconteceu dia 28 de julho, na Embrapa Trigo (Passo Fundo, RS),unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, durante a XXXII Reunião de Pesquisa de Soja da Região Sul.     De acordo com o geneticista da Embrapa Soja, Carlos Alberto Arias, as pesquisas em busca de cultivares mais produtivas começam com o melhoramento genético, tanto com o cruzamento de cultivares convencionais, quanto com o uso da biotecnologia. "A partir do melhoramento tradicional é que foram elaboradas algumas cultivares resistentes a doenças, como ao oídio por exemplo", esclarece Arias, ressaltando que o desenvolvimento de uma cultivar é um processo demorado, sendo que a variedade ideal possui estabilidade e alta capacidade de produção.

Com a evolução da biologia molecular, lembra o pesquisador, foi aberta a possibilidade de isolamento dos genes a serem introduzidos, sendo que estes genes podem ser retirados da mesma espécie ou de espécies diferentes. Isso é o que se convencionou chamar transgênicos. As principais fases de desenvolvimento da pesquisa passam pela busca de genes de interesse, pela transformação, desenvolvimento e seleção das características desejáveis na formação do genótipo. Assim surgiu a soja RR, com um gene de bactéria resistente ao glifosato, que foi inserido em seu genoma. As vantagens encontradas na soja RR, segundo Arias, baseiam-se na facilidade de manejo da cultura, exigindo um custo menor no controle de plantas daninhas. Em contrapartida, as desvantagens encontram-se no monopólio e na desarticulação do mercado de sementes. No quesito produtividade, não há consenso entre os pesquisadores, já que alguns participantes da Comissão de Melhoramento da XXXII Reunião de Pesquisa de Soja argumentam que o ganho no rendimento não está associado ao potencial genético da soja RR, mas relacionado apenas à tecnologia associada ao uso do herbicida. As novidades da pesquisa

Apesar da produção comercial de sementes transgênicas ainda não ter sido autorizada pelo Governo Federal, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), já conta com mais de 40 cultivares de soja transgênica registradas. "O registro no MAPA torna as cultivares aptas a entrarem no mercado assim que a comercialização estiver liberada", explica o pesquisador da Embrapa Trigo, Paulo Bertagnolli. Somente da Embrapa, são 11 cultivares de soja transgênica indicadas para os diferentes estados produtores do país. As cultivares que mais se destacaram nos experimentos são BRS 243 RR, BRS 244 RR e BRS 246 RR (indicadas para os estados do RS, SC, PR e SP), resultado do trabalho conjunto Embrapa Trigo e Embrapa Soja; para o RS, as cultivares indicadas são BRS Pampa RR e BRS Charrua RR, desenvolvidas pela Embrapa Trigo; e as BRS 242 RR, BRS 245 RR e BRS 247 RR, da Embrapa Soja, indicadas para SC, PR e SP.

"A partir de novos convênios, como o realizado com a Basf, foi possível a introdução de um novo gene nas cultivares da Embrapa, chamado AHAS, conferindo resistência a herbicida, com características muito semelhantes ao RR. Mesmo o gene sendo de propriedade da Basf e apesar da inexistência de testes de biossegurança para a comercialização, a chance de sucesso é grande. As pesquisas caminham agora para o desenvolvimento de soja transgênica com resistência à ferrugem, à seca e para grãos com melhor qualidade de óleo", conclui Arias.

Proposta para legalizar a comercialização no Congresso Nacional

Para o integrante da Comissão de Agricultura e Pecuária do Congresso Nacional, deputado Luis Carlos Heinze, o Governo Federal tem apenas duas alternativas para resolver o impasse dos transgênicos: editar nova Medida Provisória autorizando a semeadura de soja geneticamente modificada ou aprovar o projeto de Lei encaminhado pela Comissão. "O projeto de Lei número 3.477, de maio de 2004, prevê a comercialização da semente transgênica e ainda autoriza o agricultor a produzir sua própria semente, sempre considerando o pagamento de royalties à empresa detentora da tecnologia", explica Heinze. Segundo ele, as empresas de melhoramento já multiplicaram cerca de 200 mil sacas de sementes transgênicas.

De acordo com o deputado, o projeto da Lei de Biossegurança está parado no Senado Federal desde fevereiro deste ano. "A Lei de Biossegurança demanda muita discussão e acredito que vai ser difícil aprovar um assunto tão complexo em ano eleitoral", avalia Heinze, reforçando que "o projeto apresentado pela Comissão de Agricultura pretende amenizar o problema agora para evitar atropelos na aprovação de medidas emergenciais, como no ano passado".

Joseani M. Antunes (MTb 9693/RS) Embrapa Trigo Contato:(54)311.3444, fax (54) 311.3617 E-mail:joseani@cnpt.embrapa.br  

Tema: Produtos Agropecuários\Grãos\Trigo 

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/