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Tecnologia para o aproveitamento da casca de coco verde é mostrada na Amazontech 2004

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O crescimento agroindustrial, se por um lado é um vetor de desenvolvimento, por outro contribui para o aumento da geração de resíduos sólidos, que muitas vezes podem criar um impacto negativo para o meio ambiente. Um dos exemplos é a água de coco verde, que vem despontando como um produto bastante promissor no mercado brasileiro, com crescimento de mercado estimado em 20% ao ano. Atualmente, o Brasil é líder mundial na produção de coco verde, com uma área equivalente a 57 mil hectares.

O problema, no entanto, é que o aumento na produção e no consumo da água-de-coco está gerando cerca de 6,7 milhões de toneladas de casca/ano, transformando-se em um sério problema ambiental, principalmente para as grandes cidades. Só para se ter uma idéia, cerca de 70% do lixo gerado nas praias do Nordeste é composto por cascas de coco verde, material de difícil degradação, foco e proliferação de doenças, diminuindo a vida útil de aterros sanitários e lixões.

O aproveitamento da casca de coco verde vem sendo estudado há cinco anos pela Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza/CE), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e pode se tornar uma prática ambientalmente sustentável.

Segundo a pesquisadora responsável pelo estudo, Morsyleide de Freitas Rosa, é possível desenvolver diversos produtos derivados da casca de coco verde, inclusive substituindo o uso da samambaiaçu na fabricação de vasos e substratos agrícolas para plantas. "A samambaiaçu está na lista oficial das espécies brasileiras ameaçadas de extinção, em razão da sua intensa exploração para fins e jardinagem e floricultura", explica Morsyleide.

Diversos produtos desenvolvidos a partir do aproveitamento da casca de coco verde, como fibra, pó e vasos para plantio serão apresentados aos visitantes da Amazontech 2004, que acontece de 16 a 21 de agosto, no Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá (MT). Essa tecnologia foi uma das vencedoras do programa de competição global "Development Marketplace", do Banco Mundial, que premiou 47 projetos de um total de 2.726 propostas apresentadas por 133 países.

O projeto prevê a instalação de um completo sistema de negócio em Fortaleza (CE), que envolve a coleta seletiva da casca de coco verde, a instalação de uma fábrica para a reciclagem dessa casca, uma unidade de artesanato e uma horta comunitária. A fábrica será instalada no Aterro Sanitário do Jangurussu e terá capacidade para processar 15.000 toneladas casca/ano. O pó será utilizado para a produção de substrato agrícola e composto orgânico, que vão também ser utilizadas na horta comunitária, e as fibras servirão de matéria-prima para a manufatura de vasos, tapetes e outros artefatos na unidade de artesanato. Ambas vão funcionar na Praia do Futuro, também em Fortaleza.

A previsão é que todo o sistema comece a funcionar em janeiro de 2005. O projeto, que tem a parceria da Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo do Estado do Ceará, Sebrae, Prefeitura de Fortaleza, Faculdade Christus, Petrobrás e Associação dos Barraqueiros da Beira Mar, está recebendo US$ 245 mil do Banco Mundial, gerando cerca de 200 empregos diretos e indiretos nas comunidades envolvidas no processo produtivo.

Inovação - Segundo Morsyleide de Freitas Rosa, a proposta é inovadora "porque utiliza uma tecnologia ambiental e socialmente apropriada na congregação de parcerias que se complementam na solução de dois problemas ambientais distintos, e na criação de condições reais de inclusão social". Ela também destaca o caráter multiplicador da tecnologia que pode, no futuro, ser implementada nas demais regiões do país. Nesse sentido, algumas parcerias já estão sendo estudadas com outros Estados.

Teresa Barroso (DRT 812CE JP) 05/08/2004 Embrapa Agroindústria Tropical Contatos: (85) 299-1907 / 9953-8290 - teresa@cnpat.embrapa.br  

Tema: A Embrapa\Transferência de Tecnologia 

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