27/06/07 |

Desaparecimento de abelhas já preocupa o Brasil

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O desaparecimento de abelhas do planeta tem preocupado autoridades de vários países. Aqui no Brasil, deputados que compõem a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados realizaram audiência pública, em Brasília, para discutir o que os cientistas chamam de desordem de colapso de colônia.

A pesquisadora Fábia de Mello Pereira, da Embrapa Meio-Norte (Teresina – PI), unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), participou da audiência pública, apresentando um estudo sobre os sintomas e as possíveis causas desse problema que afeta as abelhas.

A desordem de colapso de colônia já foi identificada nos Estados Unidos, Alemanha, Suíça e Península Ibérica, e é caracterizada pelo fato de abelhas operárias encarregadas de coletar o néctar e o pólen nas flores não retornarem às colméias. Segundo Fábia, como esse problema ainda não foi, oficialmente, constatado no Brasil, a causa da morte das abelhas no território brasileiro pode ser, entre outras, por envenenamento, plantas tóxicas, e por fome. "Esse último motivo é causado pela má disposição das colméias em regiões sem floradas suficientes, e também pelo fato de os apicultores não fornecerem alimentos para as abelhas", explicou. Além dos problemas citados com as espécies de abelhas Apis mellifer (introduzidas na época do Brasil colônia), a pesquisadora comentou sobre outros problemas que afetam as abelhas nativas. Dentre eles o desmatamento e a atuação dos chamados "meleiros", que, no processo de extração de mel, acabam matando as abelhas.

A pesquisadora afirmou ainda que é preciso monitorar o problema, dando a atenção necessária ao caso identificado em outros países, como nos Estados Unidos. "Não devemos descartar a possibilidade desse problema ocorrer no Brasil, por isso devemos ficar atentos". Para Fábia, o desaparecimento das abelhas afetaria diretamente a apicultura (criação de abelhas). "A maior ameaça seria para o desenvolvimento sustentável, já que a apicultura, além de preservar o meio ambiente, gera renda e auxilia na inclusão social." comentou

Segundo o diretor do Centro de Estudos de Insetos Sociais da Universidade Estadual Paulista (Unesp), professor Osmar Malaspina, o problema não chegou no Brasil. Ele afirma que a morte de abelhas no país pode ser decorrência de vários fatores, considerados ainda suspeitos. "No fim do ano, por exemplo, uma planta típica do cerrado produz um pólen tóxico para as abelhas, causando a morte delas. A seca prolongada no inverno em algumas regiões do país, também é um problema, uma vez que há escassez de alimentos para as abelhas. Um terceiro fator seriam os agrotóxicos que os apicultores colocam em seus apiários. Ou seja não são ocorrências freqüentes que possam alarmar a sociedade", explicou.

Durante a audiência pública, o fiscal federal agropecuário, Alberto Gomes da Silva, do Departamento de Defesa Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, órgão que tem a  competência legal para certificar a ocorrência de doenças de plantas e animais no Brasil, afirmou que não há estudos conclusivos que comprovem que o país esteja sofrendo desse mal.

Juliana Freire (MTb 3053/DF)Contato: (61) 3448-4039juliana.freire@embrapa.br

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