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Ações de recursos genéticos animais para América Latina e Caribe têm coordenação da Embrapa

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O pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília-DF) Arthur Mariante (foto) foi escolhido pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) como Ponto Focal Regional em Recursos Genéticos Animais para a América Latina e o Caribe, para o biênio 2007-2009. Além de coordenar todas as atividades relacionadas ao manejo de recursos genéticos animais nos dois continentes, o ponto focal tem também como atribuição estreitar a parceria entre os países. Mariante foi selecionado entre outros candidatos do Brasil, Argentina e Chile.

O processo para escolha de Pontos Focais Regionais foi iniciado pela FAO no início deste ano e o pesquisador da Embrapa foi o segundo a ser definido. O primeiro foi o professor da Aristotle University, na Grécia, Andreas Georgoudis, como Ponto Focal Regional da Europa.  Essa forma foi escolhida por aquela Organização para facilitar e intensificar a cooperação em todos os continentes. "Antes, as atividades eram concentradas na Sede da FAO, em Roma. O trabalho em nível regional (ou continental) vai agilizar as pesquisas e ações e as parcerias entre os países", afirma Mariante, lembrando que os Pontos Focais de todas as regiões ficarão em contato constante com o Ponto Focal Mundial, que fica localizado na sede da FAO, em Roma.

Recursos Genéticos Animais - A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia desenvolve pesquisas de conservação e uso de recursos genéticos animais há mais de 20 anos e hoje, graças a parcerias com associações de criadores e instituições de pesquisa e universidades brasileiras, possui um programa bem consolidado nessa área, já tendo contribuído para afastar o "fantasma" da extinção que assombrava algumas raças de bovinos, como Caracu e Crioulo Lageano, por exemplo.

Essas raças, assim como outras de bovinos (Junqueira e Curraleira, para citar algumas), se encontram no Brasil desde o período da colonização e, por isso, podem ser consideradas verdadeiros tesouros genéticos, já que possuem características de adaptabilidade e rusticidade adquiridas ao longo dos séculos, como resistência a doenças e estresses ambientais, por exemplo, que podem ser muito importantes para programas de melhoramento genético animal com raças bovinas mais produtivas.

Além de bovinos, o programa de conservação de recursos genéticos animais da Embrapa abriga também suínos, caprinos, ovinos, bubalinos e asininos. Esses animais são mantidos em núcleos de conservação, distribuídos em várias regiões brasileiras, e são também conservados a partir de sêmen e embriões congelados em nitrogênio líquido a uma temperatura de 196°C abaixo de zero. Atualmente, o Banco de Germoplasma Animal da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia conta com mais de 60 mil doses de sêmen e aproximadamente 300 embriões.

Recursos genéticos e biotecnologia - Em 2005, um resultado importante foi obtido para contribuir com a preservação de uma das raças bovinas que está entre as mais ameaçadas de extinção no Brasil: a raça Junqueira que, atualmente, conta com menos de 100 animais em todo o país.

A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia desenvolveu dois clones bovinos da raça Junqueira: as bezerrinhas "Porá" e "Potira", que hoje têm mais de dois anos de idade e estão muito saudáveis. Essa raça é uma das que mais preocupa os pesquisadores, como afirma Mariante, já que se encontra atualmente em alto risco de desaparecimento.  É uma raça desenvolvida no interior de São Paulo, por volta dos séculos XVIII e XIX, com aptidão para carne, e possui uma característica muito interessante: seus longos chifres foram muito usados no passado para a fabricação de berrantes.  Acredita-se que essa raça tenha sido utilizada na formação do bovino Crioulo Lageano, outra raça que apresenta chifres longos e que também faz parte do projeto de conservação da Embrapa.

Segundo o pesquisador, a clonagem é uma tecnologia importante para raças muito ameaçadas de extinção, como é o caso da Junqueira, pois pode resultar na formação de núcleos de conservação de fêmeas clonadas, sobre as quais se pode utilizar sêmen de diversos touros, contribuindo assim para aumentar a variabilidade genética, o que é fundamental para a restauração da raça.

Mariante explica que a criação do ponto focal vai facilitar o compartilhamento de toda essa experiência acumulada pela Embrapa e por outros países, como Argentina e Colômbia, na pesquisa em recursos genéticos animais ao longo de mais de 20 anos, para as demais nações que fazem parte da região da América Latina e Caribe.  Isso, sem dúvida, "vai elevar as ações relacionadas a recursos genéticos animais a um novo patamar nessa região, afastando cada vez mais a possibilidade de extinção para as raças seculares", finaliza.

Fernanda Diniz - JornalistaEmbrapa Recursos Genéticos e BiotecnologiaFones: (61) 3448-4769 e 3340-3672E-mail: fernanda@cenargen.embrapa.br

Mais informações sobre o tema
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