Agricultores em visita às áreas de demonstração de variedades de feijão caupi na Agrishow Semi-Árido têm recebido de pesquisadores da Embrapa Agrobiologia (Seropédica-RJ), Embrapa Semi-Árido (Petrolina-PE) e Universidade do Estado da Bahia (UNEB) um produto inoculante composto de solo orgânico esterilizado e grande quantidade de bactérias. Misturado às sementes no momento do plantio, este inoculante, que funciona como biofertilizante natural pode aumentar em até 50% a safra do grão.

Os pesquisadores apostam nesta tecnologia para aumentar a produtividade da cultura no sertão do Nordeste. As bactérias, conhecidas como rizóbio, atuam para suprir as plantas de um dos mais necessários elementos ao seu crescimento: o nitrogênio. Dentro do solo, as bactérias se associam às raízes e, nesta cooperação, retiram nitrogênio do ar e fornecem à planta na forma e quantidade adequada para crescer, formar vagens e produzir.

Natural – O inoculante distribuído pelos pesquisadores substitui a fonte de nitrogênio industrializada que além de mais cara é um insumo químico com potencial de contaminação de solos e lençóis freáticos. São conseqüências que precisam ser evitadas a todo custo na agricultura, ressalta o pesquisador Gustavo Xavier, da Embrapa Agrobiologia.

Este produto à base de bactérias é uma inovação importante para o feijão caupi que é cultivado em 1.600.000 hectares de terras nordestinas, revela Gustavo. Uma qualidade do produto distribuído aos agricultores é que as bactérias que estão na sua composição foram selecionadas dentre mais de 600 estudadas nos centros de pesquisa da Embrapa, na UNEB e em roças de produtores.

A que está presente no inoculante mostrou bons níveis de sobrevivência e de desempenho na fixação de nitrogênio em cultivos de feijão caupi de sequeiro no semi-árido: regime irregular de chuvas, altas temperaturas e solos pouco férteis. Nesta situação estressante, a bactéria comercialmente identificada como BR 3267 conseguiu sobreviver e atuar para fornecer nitrogênio para o feijão. A inoculação do caupi com bactérias fixadoras de nitrogênio pode aumentar a produtividade da cultura, a qualidade de vida do agricultor e gerar negócios sustentáveis, afirma o pesquisador Luiza Balbino Morgado, da Embrapa Semi-Árido.

Sementes – No Semi-árido, a despeito da importância para a segurança alimentar das famílias nas áreas rurais, os plantios do feijão caupi ocorrem, em sua maioria, em sistemas agrícolas de subsistência, com poucos recursos tecnológicos e baixos índices de produtividade – em média 3500 kg/ha. O produto à base das bactérias rizóbio, além de manejo simples, pode provocar significativo aumento na oferta do grão que é uma das principais fontes de proteína na dieta alimentar dos pequenos agricultores no semi-árido. O aumento da produção implica também em mais renda para o agricultor.

A demonstração da tecnologia de inoculação do feijão caupi na Agrishow Semi-árido 2007 é uma das formas que a Embrapa utiliza de transferência de tecnologia para os agricultores da região. O pesquisador Renato Linhares de Assis, responsável pela Área de Comunicação e Negócios da Embrapa Agrobiologia, revela que a instituição deve começar a fazer gestões junto a secretarias de agricultura dos estados do Nordeste para agregar o inoculante da Embrapa aos programas de distribuição de sementes de feijão. "A inoculação do caupi é uma alternativa técnica barata com bons resultados produtivos para os sistemas agrícolas dos pequenos produtores do sertão", afirma.

Contatos:

Gustavo Ribeiro – pesquisadorEndereço eletrônico: gustavo@cnpab.embrapa.br

Renato Linhares – pesquisadorEndereço eletrônico: renato@cnpab.embrapa.br

Luiz Balbino Morgado – pesquisadorEndereço eletrônico: lmorgado@cpatsa.embrapa.br

Ana Lucia – jornalistaEndereço eletrônico: analucia@cnpab.embrapa.brMarcelino Ribeiro- jornalistaEndereço eletrônico: marcelrn@cpatsa.embrapa.br

Embrapa Agrobiologia: (21) 2682-1500

Embrapa Semi-Árido: (87) 3862 1711