O negócio da manga no Vale do São Francisco, um dos mais importantes da fruticultura brasileira, tem dois desafios pela frente. O primeiro é crescer a participação do processamento agroindustrial na cadeia produtiva da fruta. O segundo é intensificar as medidas de controle fitossanitário para minimizar riscos de introdução de novas pragas nos pomares da região. As duas questões vão ser tratadas com destaque no II Simpósio de Manga do Vale do São Francisco, que acontece no Centro de Cultura João Gilberto da cidade de Juazeiro-BA nos dias 18 e 19 e julho, durante a realização da Feira Nacional da Agricultura Irrigada (FENAGRI).

Coordenadora do evento, a pesquisadora Flávia Rabelo Barbosa Moreira, da Embrapa Semi-Árido (Petrolina-PE), alerta que o registro de pragas como a mosca-da-carambola (Bactrocera carambolae) e da mosca-negra-dos-citros (Aleurocanthus woglumi), já presentes em outras regiões do país, podem trazer consequências desastrosas para a manguicultura do Vale do São Francisco. Os danos causados são de ordem econômica e devem afligir seriamente a capacidade exportadora dos produtores. Outro efeito colateral será o meio ambiente: a intensificação de medidas de controle químico para conter a infestação das pragas sobre os pomares afeta seriamente os recursos naturais.

Mais de duas vezes – Portarias e Instruções Normativas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento-MAPA têm legislado sobre o controle e contenção dessas pragas. A competitividade do negócio da manga, no entanto, também está relacionado à agroindustrialização do setor. O comércio quase que total da manga no mercado de frutas frescas enfrenta freqüentes instabilidades de preços que comprometem a rentabilidade da cultura, que tem apresentado uma tendência de redução do valor comercial dos frutos em conseqüência do excesso de oferta, o alto índice de descartes dos frutos em função das exigências de qualidade dos mercados e a elevação dos custos de produção.

Dos 25 mil ha cultivados com a cultura no Vale do São Francisco, 18 mil estarão em plena produção nos próximos dois anos. Segundo dados do pesquisador José Lincoln Pinheiro Araújo, da Embrapa Semi-Árido, isto irá provocar um acréscimo no volume de manga ofertado no mercado nacional de cerca de 280 mil toneladas/ano. É uma quantidade equivalente a mais de 2,8 vezes a quantidade total de manga comercializada atualmente nas principais centrais de abastecimentos do país (CEASAS de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro).

Apenas o comércio in natura da fruta não será capaz de absorver e remunerar adequadamente o agricultor com esse incremento de produção, ressalta a pesquisadora. Por outro lado, a crescente competição no mercado mundial da fruta exige dos sistemas agrícolas da fruta a constante modernização das práticas agronômicas e ferramentas de gestão de qualidade, como a Produção Integrada de Frutas (PIF). As inovações técnicas são fundamentais para a sustentabilidade e o crescimento do negócio da manga, explica Flávia.

O II Simpósio apresenta os estudos recentes acerca da cultura. Em várias das palestras do evento, pesquisadores da Embrapa falam sobre os avanços tecnológicos no controle de pragas e doenças da mangueira que reduzem custos de produção, os riscos de resíduos nos frutos e de intoxicação de trabalhadores. São métodos e técnicas que resultam em produção econômica e ambientalmente sustentável, e na melhoria de qualidade de vida para agricultores e trabalhadores de campo.

O uso racional dos insumos químicos é um dos procedimentos exigidos pelos regulamentos de certificação da produção, que, em anos recentes, tem sido exigido com freqüência cada vez maior em importantes mercados consumidores da manga brasileira: Europa, Estados Unidos e, por último, o Japão. A competição favorável nestes mercados e a conquista de novos compradores para as nossas frutas tornam necessário melhorar as técnicas de produção, manuseio e conservação pós-colheita dos frutos, e de qualidade, inclusive ambiental, ressalta Flávia.

As inscrições para participar do II Simpósio de Manga do Vale do São Francisco já estão aberta e podem ser feitas via internet acessando a página eletrônica Embrapa Semi-Árido (http://www.cpatsa.embrapa.br/smanga2/). As palestras serão publicadas em CD-ROM e disponibilizadas aos inscritos no evento.

Contatos:Flávia Rabelo Barbosa Moreira - pesquisadora e coordenadoraEndereço Eletrônico: flavia@cpatsa.embrapa.brMarcelino Ribeiro – jornalistaEndereço Eletrônico: marcelrn@cpatsa.embrapa.br