20/07/07 |

Novas variedades já produzem bom vinho

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A Embrapa promove no estande em que está instalada na Feira Internacional da Agricultura Irrigada – Fenagri – a degustação de um vinho elaborado pela equipe de pesquisadores do seu Laboratório de Enologia a partir de uma mistura (assemblage) de cinco variedades de uva estudadas para as áreas vinícolas do Vale do São Francisco: Tempranillo (espanhola), Barbera (italiana), Alfrocheiro (portuguesa), Alicante Bouschet (francesa) e Deckrot (alemã).

Segundo o pesquisador de enologia Giuliano Elias Pereira, o produto, um "vinho de boa qualidade", amadurecido durante 3 meses em barrica nova de carvalho americano, evidencia o avanço das pesquisas e do potencial vinícola sob o clima semi-árido do Nordeste.

Estes cinco tipos de uvas são de um grupo de 12 selecionadas dentre 28 variedades introduzidas para testes na região ano de 2003. São plantas jovens que, pela idade, ainda não estão com reservas suficientes para proporcionar a elaboração de vinhos varietais, ou seja, a partir de uma única variedade. Contudo, misturadas, o enólogo explica que pode reunir as virtudes de cada uma delas e corrigir eventuais defeitos, "o que proporcionou a elaboração deste vinho agradável".

Refino – Em condições de cultivos semi-comerciais, pesquisadores da Embrapa Semi-Árido (Petrolina-PE) e Embrapa Uva e Vinho (Bento Gonçalves-RS), Unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, têm refinado os estudos acerca destas variedades com avaliações de sistema de produção – a exemplo das formas de condução da videira, a influência do vigor do porta-enxerto, diferentes quantidade de água na irrigação, a nutrição mineral, além das épocas adequadas de colheita das uvas. No Laboratório, as análises se concentram na avaliação destes diferentes fatores enológicos sobre a qualidade dos vinhos.

Ainda que as respostas não sejam imediatas, em médio prazo as pesquisas do setor irão dispor para os segmentos produtivos tecnologias e conhecimentos para o cultivo dessas variedades na região em escala comercial como novas opções para diferentes tipos de vinhos, que poderão ser elaborados com características enológicas típicas do Vale. "Será uma contribuição importante para impulsionar o desenvolvimento da vitivinicultura na região", considera Giuliano Elias Pereira.

Mais qualidade – Segundo ele, embora persistam dificuldades, a qualidade do vinho do semi-árido nordestino tem tido grandes avanços, apesar do pouco tempo da atividade na região: apenas 25 anos. Alguns vinhos produzidos já apresentam grande qualidade. Outros, porém, têm problemas de equilíbrio e longevidade. São problemas típicos de uma região vinícola original, de clima semi-árido. "Em todo o mundo, ainda não se conhece cientificamente as respostas das videiras às condições de solo e clima como os do Vale do São Francisco", explica Giuliano.

A vitivinicultura do Submédio São Francisco se caracteriza por produzir vinhos jovens, aromáticos e frutados. São os chamados "vinhos do sol", que podem ser consumidos no ano de produção ou em até dois anos. Na região são elaborados vinhos varietais, dentre eles o Cabernet Sauvignon e o Syrah (as duas representam 85% da produção), como tintos, e Moscato Canelli e Chenin Blanc (90%) como brancos. Para os espumantes, as vinícolas têm usado I-tália, Chenin Blanc e Syrah.

Atualmente, o setor é formado por empresas de pequeno e médio porte que devem processar cerca de 7 milhões de litros de vinhos neste ano. Giuliano, porém, afirma que a atividade vitivinícola permite a obtenção de alta rentabilidade em pequenas áreas de cultivo. Por isto, este perfil da vitivinícola regional pode ser alterado com a entrada de pequenos produtores nesse negócio em médio prazo, o que deve melhorar o perfil da renda dos agricultores

Sucos - No final deste ano, a Embrapa Semi-Árido irá inaugurar o seu Laboratório de Sucos. A exemplo do que acontece com o Laboratório de Enologia, suas atividades terão a participação de várias entidades como a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP/MCT), o Instituto Tecnológico de Pernambuco (ITEP), o Instituto do Vinho do Vale do São Francisco (VINHOVASF), a Associação dos Produtores e Exporta-dores de Hortigranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco (VALEXPORT), além da Embrapa Uva e Vinho. O objetivo é gerar tecnologias para permitir agregar valor às uvas, que podem ser colhidas duas vezes por ano, com a produção de suco de uva integral.

Contatos:

Giuliano Elias Pereira – pesquisadorEndereço Eletrônico: gpereira@cpatsa.embrapa.brMarcelino Ribeiro – jornalistaEndereço Eletrônico: marcelrn@cpatsa.embrapa.br

Embrapa Semi-Árido – 87 3862 1711

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/