A sexta versão do Congresso Brasileiro do Algodão, que ocorre entre os dias 13 e 17, em Uberlândia (MG), vai oferecer espaços também para a reflexão do fazer científico para a geração de tecnologias destinadas ao agronegócio brasileiro. Um exemplo disso será a palestra proferida pelo pesquisador Camilo de Lelis Morello, da Embrapa Algodão (Campina Grande-PB), que abordará o tema "Melhoramento genético do algodoeiro no setor público: contribuições e perspectivas".

Morello falará para os participantes do evento do dia 16, a partir das 10h50. "Inicialmente, devemos destacar que os programas de melhoramento no setor público estão estabelecidos em instituições públicas de pesquisa, ou seja, instituições que não têm como única atribuição o melhoramento ou o desenvolvimento de cultivares. Essas instituições trabalham com a geração de conhecimentos e tecnologias nas diversas áreas de conhecimento que abrangem a cotonicultura, sendo instituições de ciência e tecnologia".

O pesquisador comenta que os programas de pesquisa são compostos por equipes multidisciplinares, ou seja, por especialistas em diversas áreas do conhecimento. "Por essa característica, além da geração da tecnologia em termos de cultivar, esses programas têm por missão a geração de informações, que devem ser disponibilizadas à sociedade através de veículos técnico-científicos e contribuir para o acúmulo de conhecimento e evolução na pesquisa nacional", ressalta Camilo.

Para Camilo Morello, os programas públicos proporcionaram significativo número de cultivares de algodoeiro, para as diferentes regiões produtoras, oferecendo ao agronegócio nacional 46 cultivares desenvolvidas por instituições como Embrapa, IAPAR, IAC e EPAMIG, a partir de 1998. "Muitas outras cultivares foram desenvolvidas por esses programas em anos anteriores ao período citado, tais como as cultivares paulistas de algodão, desenvolvidas pelo IAC e as cultivares arbóreas (mocó) e herbáceas, desenvolvidas pelo IPEANE e CNPA, voltadas para o Nordeste brasileiro".

Segundo o especialista, as cultivares herbáceas desenvolvidas nos últimos anos proporcionaram ao algodão brasileiro avanços em termos de potencial produtivo e rendimento de pluma; resistência a diversas doenças, tais como viroses (mosaico comum e mosaico da nervura), mancha angular, ramulose e maior tolerância a ramulariose e ao complexo Fusarium-nematóides; arquitetura e porte favoráveis a mecanização e qualidade de fibra dentro das exigências do mercado, com excelentes níveis de resistência, comprimento e micronaire. "Esses programas também deram atenção ao desenvolvimento de cultivares com características especiais, voltadas para nichos de produção. Destacam-se nesse sentido as cultivares de fibra colorida e fibra branca, com caracteres que possibilitam melhor adequação para a produção em pequena escala", ressalta Morello.

Além da produção de novas cultivares, uma relevante contribuição dessas instituições é a geração de conhecimento para o melhoramento genético do algodoeiro em condições tropicais. Vários aspectos devem ser ressaltados, entre eles a valoração do germoplasma de algodão. "A caracterização das coleções e identificação de genes tem possibilitado a busca de solução de problemas atuais, tais como a resistência às doenças e fontes de precocidade; o avanço em caracteres que possibilitarão maior competitividade futura, tais como fibra com qualidade diferenciada, novas colorações de fibra, elevado teor de óleo na semente, etc", acrescenta o pesquisador da Embrapa Algodão.

Camilo destaca também informações obtidas a partir do emprego de metodologias genética-estatísticas, capazes de estimar parâmetros genéticos, que orientam a síntese e o melhoramento de populações do algodoeiro. "Essas informações são fundamentais para a escolha de genitores, servem para orientar planos de cruzamentos, bem como as metodologias de seleção mais apropriadas para cada característica, atendendo a demanda por informações dessa natureza tanto em programas públicos quanto privados. Essas informações devem ser geradas de maneira contínua, haja vista a continuidade e dinâmica dos programas de melhoramento", comenta.

 "O estabelecimento de metodologias mais adequadas para a seleção de caracteres de interesse em condições tropicais, são fundamentais no desenvolvimento de cultivares mais adaptadas. O estabelecimento de metodologias para screening contribuem na identificação de genótipos com caracteres de interesse, atribuindo maior eficiência ao programa, podendo-se citar como exemplo a metodologia de screening para ramulariose em condições controladas", aponta Morello.

Jornalista: Dalmo Oliveira - DRT 0598/PBContatos: (83) 315.4378 – dalmo@cnpa.embrapa.br