15/08/07 |

Projeto pesquisa perfil do pescador artesanal do Pantanal

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A Embrapa  está iniciando uma pesquisa na área de sociologia que irá traçar o perfil do pescador artesanal profissional que vive na Bacia do Alto Paraguai, que engloba o Pantanal. O objetivo é identificar esse público (estimado em 2,5 mil pescadores), auxiliar sua organização e valorizar as comunidades tradicionais e sua cultura.

Três pesquisadores da Embrapa Pantanal, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA estão envolvidos com o projeto "Levantamento socioeconômico da pesca profissional artesanal do Pantanal sul-mato-grossense para a construção de alternativas para o setor": Cristhiane Amâncio, Agostinho Catella e Emiko Resende.

Líder da pesquisa, Cristhiane disse que se interessou pelo tema quando, em 2006, começou a visitar colônias de pescadores e percebeu a falta de informações sobre o setor. Bióloga com mestrado e doutorado em ciências sociais, a pesquisadora também notou a falta de diálogo dessas comunidades com cientistas.

O projeto vai durar três anos e tem quatro planos de ação: a gestão da pesquisa e dos recursos, o diagnóstico, a co-relação de dados quantitativos existentes no sistema de controle de pesca com os dados qualitativos que serão levantados e a introdução de novos mecanismos gerenciais nos grupos de pescadores. A idéia central é melhorar, por meio da adoção de algumas técnicas gerenciais, a eficiência e eficácia dos negócios formais e informais ligados à cadeia da pesca a qual as famílias pescadoras estão inseridas.

"Uma inovação apontada pelos gestores do macroprograma que aprovaram o projeto na Embrapa em Brasília, é que todas as ações serão simultâneas", disse Cristhiane.

Isso significa que, à medida que o diagnóstico for elaborado, ações para a organização do setor já poderão ser indicadas, sempre de maneira participativa. Já foi feito um pré-diagnóstico com determinados grupos e alguns problemas são elementares, segundo a pesquisadora.

Em Corumbá os pesquisadores  mantiveram contato com pescadores da Barra do São Lourenço, do Paraguai-Mirim e do Amolar. Faltam outras comunidades, além de grupos de Ladário, Miranda, Porto Murtinho, Aquidauana e Coxim.

Segundo a bióloga, a pesquisa será desenvolvida por meio de visitas in loco e reuniões nas colônias, pontos de acampamentos e comunidades ribeirinhas.

Histórico

A pesca artesanal vem sendo desestimulada na região do Pantanal, por meio de políticas públicas que proibiram, ao longo dos anos, o uso de petrechos. Primeiro foi a tarrafa e a rede, depois o anzol de galho, a bóia fixa ou flutuante e o espinhel.

Entre 1979 e 1983, cada pescador pegava 121 quilos de peixes por dia. Com as restrições à atividade, esse volume passou para 11,5 quilos por dia. Ou seja, a produção caiu para menos de 10% da quantidade anterior em 11 anos. Esses dados mais recentes referem-se ao período entre 1994 e 1999 e foram levantados por meio de diversos estudos pelo pesquisador Agostinho Catella.

Cristhiane disse ainda que os pescadores são chamados de "artesanais" porque confeccionam seus instrumentos de trabalho de forma rústica. "Existe toda uma reprodução cultural envolvendo essa profissão e seu sistema de mercado. Não adianta trazê-los para a cidade porque eles não têm vínculos com o espaço urbano. Suas formas de reprodução e estilo de vida estão vinculadas ao espaço rural", afirmou.

A pesquisadora disse também que existem três tipos de pescadores: os totalmente legalizados, que têm a carteirinha da Seap (Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca), emitida pelo governo federal, e a licença ambiental, disponibilizada pelo governo estadual; aqueles que têm apenas a carteira da Seap (profissão regulamentada); e aqueles que não têm nenhuma das duas.

Cristhiane explicou que há quatro anos o governo do Estado do Mato Grosso do Sul parou de emitir novas licenças ambientais. "Mas hoje existe uma tendência ao diálogo."

O projeto de pesquisa vai permitir que os dados subsidiem políticas públicas e estimulem um diálogo mais harmonioso com os órgãos de fiscalização. Conflitos entre policiais militares ambientais e pescadores são comuns na região.

Parcerias

O projeto de pesquisa tem como parceiros o professor Álvaro Banducci, da UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul), hoje diretor científico da Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul), Francisca Albuquerque, mestre em desenvolvimento pela UnB (Universidade de Brasília) e coordenadora de recursos pesqueiros e fauna do Imasul (Instituto do Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul), dois pesquisadores deste instituto, o professor Robson Amâncio, da Ufla (Universidade Federal de Lavras), o Ibama-Corumbá e a ACN (Área de Comunicação e Negócios) da Embrapa Pantanal.

 Ana Maio(MTb 21.928)Embrapa PantanalContatos:32 332430 ramal 235

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/