21/08/07 |

Embrapa, indústria e produtores implantam produção integrada de tomate em Goiás

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A cadeia produtiva do tomate para processamento com selo de qualidade. Esse é o objetivo de um projeto coordenado pela Embrapa Hortaliças (Brasília-DF), que pretende implantar um sistema de Produção Integrada para Tomate Indústria (PITI) no estado de Goiás, responsável por cerca de 80% da produção nacional.

O projeto de certificação de tomate industrial conta com a participação das indústrias de processamento, das universidades Federal de Goiás e de Brasília, de instituições como a AGÊNCIARURAL e a AGRODEFESA, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), das secretarias de agricultura de Goiás e de Minas Gerais, de produtores e de consumidores.

O sistema PITI tem como metas viabilizar a organização da cadeia produtiva de tomate para processamento e, em conseqüência, permitir que se obtenha uma produção final diferenciada, de maior qualidade e valor agregado, apta a preencher um nicho no mercado nacional e também em mercados internacionais, em que a rastreabilidade do produto é um requerimento para a comercialização. A certificação vai incluir tecnologias nas áreas de fitopatologia, entomologia, plantas daninhas, melhoramento genético, nutrição, solos, irrigação e pós-colheita.

Em 2007, as normas para a Produção Integrada de Tomate Indústria (PITI) começaram a ser testadas em cinco unidades-pilotos. No total, são mais de 156 hectares nas regiões de Itaberaí, Leopoldo Bulhões, Goianésia e Morrinhos, em quatro propriedades que fornecem matéria-prima para três empresas de processamento.

Para obter o certificado de produção integrada, as propriedades têm que cumprir uma série de obrigações legais e técnicas, visando a preservação dos recursos naturais e a garantia de qualidade dos produtos.

De acordo com a pesquisadora Geni Livtin Villas Bôas, coordenadora do projeto, o objetivo das unidades-pilotos é validar as normas da Produção Integrada definidas pelo comitê gestor do projeto, formado por pesquisadores, técnicos e representantes da indústria e dos produtores. Além das normas, também serão validados os cadernos de campo, uma planilha na qual o produtor deve anotar todos os dados gerados durante o ciclo da cultura, como adubação, irrigação, aparecimento de doenças ou pragas e aplicação de agrotóxicos.

Segundo a pesquisadora Alice Quezado Duval, que também participa do projeto, um grupo de pesquisadores da Embrapa Hortaliças está realizando visitas periódicas de acompanhamento para detectar e corrigir possíveis problemas na aplicação da norma e também receber sugestões dos produtores e técnicos que participam do projeto. Geni Villlas Boas explica que é necessário adequar as normas e torná-las factíveis, uma vez que elas terão força de lei depois de sua publicação.

Para a pesquisadora, as anotações no caderno estão entre as principais dificuldades encontradas pelos produtores selecionados pelas empresas para participar da validação das normas. Ela também cita como gargalos o manejo de pragas e doenças e o uso adequado de agrotóxicos.

A colheita da primeira unidade-piloto, em Itaberaí, ocorreu no início de agosto. Ela e as outras áreas passarão por uma pré-auditoria externa, nos moldes das auditorias realizadas para obtenção do selo de Produção Integrada. Em 2008, a idéia da equipe do PITI é ampliar o número de produtores nessa fase de testes e publicar a norma.

Produção integrada começou na Europa - A Produção Integrada objetiva a produção de alimentos de alta qualidade, com a utilização de técnicas que consideram os impactos ambientais sobre o solo, a água e a produção. Esse conceito surgiu na Europa, nos anos 70, como uma resposta à necessidade de reduzir o uso de agrotóxicos na produção de frutas e maior atenção e respeito ao meio ambiente. No Brasil, a Produção Integrada de Maçãs foi a pioneira, a partir de 1996, liderada pela Embrapa Uva e Vinhos (Bento Gonçalves-RS). Hoje existem normas técnicas para a Produção Integrada de Frutas (PIF) como de maçã, pêssego, manga, mamão, melão, caju e uva. Entretanto, no País ainda não existe nenhum sistema na cadeia de hortaliças.

O primeiro passo para a implementação do PITI de tomate para processamento industrial já foi dado. Em 2003, a Embrapa Hortaliças, em parceria com produtores e representantes da indústria, colaborou com o Ministério da Agricultura no desenvolvimento de um conjunto de normas de manejo para evitar o aparecimento de doenças causadas por vetores como a mosca branca. Na primeira safra após a adoção das técnicas, produtores comemoram o aumento da produção, que ainda contou com a auxilio da chuva e das baixas temperaturas.

Marcos Esteves (4505/14/45v/DF) Tel.: (61) 33859109 E-mail: marcos.esteves@cnph.embrapa.br

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