Duzentas e vinte pessoas, de 14 Estados, envolvidas com as 39 atividades em que o sistema de Produção Integrada (PI) tem sido aplicado no país estiveram reunidas nesta semana no IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas (PIF) e I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada (SAPI). A representação, enfim, de tudo o que o Brasil está fazendo em relação a uma das mais modernas metodologias de produção agropecuária da atualidade foi o grande mérito do evento, realizado de 28 a 30 de setembro. O último dia do evento foi de visitas técnicas a propriedades agrícolas, na Serra Gaúcha, em que o sistema está em vias de adoção na fruticultura, no cultivo de morango.

Na quarta-feira, dia 29, um dos destaques da programação ficou por conta de palestra, à tarde, com uma das maiores autoridades mundiais em controle de resíduos em alimentos (uma das premissas da PI, que visa oferecer produtos agropecuários mais saudáveis ao consumidor), o holandês André de Kok. Detalhando o funcionamento do sistema de fiscalização na União Européia – e na condição de mentor de técnicas mais avançadas que permitam analisar maior número de amostras no bloco –, de Kok sugeriu que, no Brasil, se adotasse um programa de monitoramento abrangente, integrado entre serviços dos Estados, amostrando a Produção Integrada nos diferentes pontos do país. "O alerta é muito válido, porque, ao se ter adotado a PI, a intenção era justamente credenciarmos o produto agropecuário brasileiro para apresentar qualidade para exportação", comenta a coordenadora do evento, a pesquisadora da Embrapa Uva e Vinho (Bento Gonçalves-RS) Rosa Maria Valdebenito Sanhueza. "E em uma época em que a adoção de restrições meramente comerciais não é viável, temos de estar atentos, para não sofrermos prejuízos pelo não-cumprimento de determinações fitossanitárias".

Em termos de mercado interno, o engenheiro agrônomo Celso Zancan, da Rasip – empresa que adota a Produção Integrada no cultivo de maçã –, destacou que antes da PI a maçã brasileira era vista com desconfiança pelo consumidor, o que no presente já não ocorre. O diretor da rede de supermercados da Serra Gaúcha Apolo/Cesa – parceira em projeto-piloto efetuado no primeiro semestre para a comercialização diferenciadas de maçãs ‘PIN' (o nome fantasia da Produção Integrada) –, Antônio Cesa Longo, reforçou: a comercialização da maçã ‘PIN', na sua rede, aumentou o consumo de maçãs em 56% (envolvendo também as que não tinham o selo), em relação ao mesmo período do ano anterior. O incremento foi conseqüência da maior confiança no ‘produto maçã' despertada junto ao consumidor, analisou.

Também no dia 29, aconteceu a solenidade de encerramento oficial dos seminários. A atividade solene contou com a presença do diretor-presidente da Embrapa, Silvio Crestana, em sua primeira visita à Serra Gaúcha. "A Embrapa tem orgulho por ver a Produção Integrada se tornar uma realidade", disse ele. "É muito gratificante saber que o sistema é, hoje, um caminho sem volta", complementou o coordenador-geral de Sistemas de Produção Integrada e Rastreabilidade da Cadeia Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Luiz Carlos Bhering Nasser. Também participaram do ato o diretor-presidente da Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM), Pierre Nicolas Pérès, o pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S.A. (Epagri) Luiz Antonio Palladini, representando-a e também a Sociedade Brasileira de Fruticultura, e o prefeito em exercício de Bento Gonçalves, Jaury Peixoto.

O encerramento contou, ainda, com entrega de distinção especial oferecida pela Embrapa à pesquisadora Rosa Maria Valdebenito Sanhueza, pela liderança exercida na implantação e desenvolvimento da Produção Integrada no Brasil. Outra homenagem foi feita durante jantar de confraternização, no dia 28, ao engenheiro agrônomo Luiz Borges Jr., ex-presidente da ABPM, como reconhecimento dos parceiros do Projeto de Produção Integrada da Maçã – Embrapa Uva e Vinho, Embrapa Clima Temperado, Epagri, Instituto Biológico de São Paulo e Ufrgs –, pelo apoio e competência ao preparar o setor para aderir ao sistema.

    O IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas e I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada foi uma realização da Embrapa Uva e Vinho (Bento Gonçalves-RS), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A promoção foi da própria Embrapa Uva e Vinho, Embrapa Clima Temperado (Bagé-RS), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Epagri e Ufrgs. Contou com o apoio de Agapomi, ABPM, Sociedade Brasileira de Fruticultura, CNPq, Sebrae, Inmetro e da Fundação Pró-Sementes.

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