A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, lançou, durante a Expointer, no Rio Grande do Sul, sua primeira cultivar de azevém. Trata-se da BRS Ponteio, que se revelou 7% mais produtiva quando comparada com o azevém comum. A Ponteio faz parte do Programa de Melhoramento do Azevém, criado em 2002, e foi desenvolvido pela Embrapa Gado de Leite (Juiz de Fora-MG), em parceria com a Embrapa Clima Temperado (Pelotas-RS), entre outras instituições.

Segundo a pesquisadora da Embrapa Gado de Leite, Andréa Mittelmann, a Ponteio possui um ciclo mais longo e melhor proporção folha/colmo do que as cultivares comuns. No ano que vem, a cultivar estará disponível para os produtores de semente e os pecuaristas poderão adquiri-la em 2009.

O azevém é uma espécie forrageira de grande importância para a Região Sul do Brasil e, desde que irrigada, pode ser cultivada também em algumas regiões de São Paulo e Minas Gerais. "Há grande deficiência no mercado de sementes com origem genética e comportamento conhecido", diz a pesquisadora. A cultivar vem suprir essa lacuna. A Ponteio foi selecionada a partir de populações naturalizadas coletadas no Rio Grande do Sul e testadas durante três anos, naquele estado e no Paraná.

O azevém é um importante banco de proteínas para o gado no período de entressafra. Uma das principais forrageiras de inverno cultivadas no Brasil, essa gramínea resiste bem às baixas temperaturas. A suplementação com apenas duas horas de pastagem num campo cultivado com azevém é capaz de garantir a produção de cerca de dez litros de leite por vaca/dia. Por reduzir a necessidade de concentrado, os custos de produção tornam-se menores.

 A gramínea se adapta bem as condições climáticas do centro-sul brasileiro, onde, durante o inverno, as temperaturas são amenas. Um limitante, porém, é a necessidade de água. Ela exige o uso contínuo de irrigação. No entanto, o aumento na produção de leite pode compensar os investimentos em sistemas de irrigação.

Por ser uma cultura anual, própria para o outono/inverno, o azevém não compete com outras culturas. A gramínea pode ser plantada nas mesmas áreas utilizadas para o cultivo do milho ou do arroz. O ideal é que o cultivo seja feito em áreas de várzea. O plantio ocorre em meados de março e final de abril (quando as áreas das culturas de verão já se encontram desocupadas).

O azevém possui sementes pequenas (do tamanho de um grão de arroz). Ele pode ser cultivado em linhas ou a lanço. No primeiro caso, recomenda-se o espaçamento de cerca de 20 cm entre linhas. Pode, ainda, ser semeado com o solo preparado (preparo convencional) ou sobressemeado em áreas de campo nativo ou pastagens cultivadas de verão.

Como a forrageira é utilizada no inverno (período mais crítico para a alimentação do gado), não há necessidade de conservação. Mesmo em sistemas confinados, a forragem pode ser cortada no campo e fornecida verde para os animais. Neste caso, a gramínea precisa ser plantada de forma escalonada — em intervalos de cinco dias — para evitar que o alimento fique velho no pasto. A utilização da forragem verde diminui a necessidade de mão-de-obra. No entanto, nada impede que o produtor faça silagem ou feno.

 Jornalista: Rubens Neiva - DRT 5445/MG)Contatos: (32) 3249-4712E-mail: neiva@cnpgl.embrapa.br