Na oportunidade, Bianchini e o diretor-presidente da Embrapa, Sílvio Crestana, assinaram protocolo de intenções estabelecendo critérios para ação ordenada de implementação de prioridades. De acordo com Crestana, com o plano de ação estava ocorrendo uma junção dos governos municipais, estadual e federal na área da pesquisa, ciência e tecnologia. Para ele, a região "tem grandes desafios que dependem de políticas públicas e do associativismo dos produtores rurais".

De acordo com o secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento, Valter Bianchini, um dos objetivos da reunião era mostrar os rumos traçados para o desenvolvimento da região, que tem na agricultura a mola propulsora de sua economia. "A idéia é focar nos principais produtos da região com agregação de valor", apontou.

O prefeito de Irati, Sergio Luiz Stoklos, considerou a reunião "um marco para a agricultura da região". Ele citou que o Conselho Gestor do Território Centro-Sul do Paraná definiu que bacia leiteira, reflorestamento e fruticultura serão temas trabalhados para se tornarem alternativas eficientes à fumicultura. "O centro expandido do Paraná possui baixo IDH (índice de desenvolvimento humano) e, para mudar essa realidade, teremos apoio dos governos estadual e federal", enfatizou.

Direcionamento de recursos - "Estamos defendendo a base da nossa economia, que é a agricultura", disse o presidente da Associação dos Municípios do Centro-Sul do Paraná – Amcespar e prefeito de Rio Azul, Alexandre Burko. Ele reforçou a necessidade de colocar em prática projetos que priorizem investimentos governamentais na diversificação das atividades da agricultura familiar.

Para o prefeito de General Carneiro, Juarez Vicente Martins Ferreira, há urgência em apontar alternativas de produção para a região da Associação dos Municípios do Sul do Paraná – Amsulpar, entidade que preside. "Há municípios que sobreviviam da extração da madeira e isso não é mais possível", justificou. "Não precisamos de favor de ninguém, mas de apoio técnico, linhas de crédito para os agricultores e direcionamento de onde serão investidos recursos federais para que possamos elaborar os projetos", complementou o prefeito de Bituruna, Lauro Agostini.

Região tem baixo IDH - Vinte e dois municípios constituem a Amcespar e Amsulpar – são mais de 400 mil habitantes, 47% deles vivendo no meio rural. O Território Centro-Sul abrange 13 desses municípios, totalizando 220 mil habitantes – mais da metade deles se concentram na área rural; o IDH médio é de 0,723, sendo que 21% da população estão abaixo da linha de pobreza. Estes e outros números foram apresentados na pelo diretor de articulação política do Território e prefeito de Mallet, Rogério da Silva Almeida.

Conforme a explanação, os municípios do Território são responsáveis por 20% da produção de feijão do Paraná, 25% da produção de cebola, 87% da produção de kiwi e 1% da produção de plantas medicinais. A proposta de eixos prioritários para desenvolvimento do Território inclui educação, formação e organização de agricultores familiares, diversificação da produção e agregação de renda, gestão ambiental, regularização fundiária, infra-estrutura e serviços sociais, assistência técnica e linhas de crédito. Almeida citou três projetos de fruticultura já implantados: viveiro de mudas em Irati, unidade de recebimento de frutas e infra-estrutura para assistência técnica em Imbituva, e unidade de recebimento de frutas em Mallet.

Comprometimento - "Nosso objetivo é contribuir de modo decisivo para o desenvolvimento do Centro Expandido", assegurou o diretor-presidente do Instituto Agronômico do Paraná – IAPAR, José Augusto Picheth. Para o diretor-presidente da Emater, Arnaldo Bandeira, os esforços devem ser no sentido de encontrar as melhores alternativas de produção para os agricultores da região. "Não consigo ver o desenvolvimento da região sem a valorização da cultura e da paisagem", afirmou o delegado do Ministério do Desenvolvimento Agrário no Paraná Reni Denardi, acrescentando que um dos focos do MDA é pesquisar e divulgar a redução da dependência dos agricultores familiares da cultura do fumo. Valter Bianchini anunciou a liberação de recursos do MDA para a Embrapa realizar pesquisas para apoio à agricultura da região e assegurou o aporte de recursos para capacitação de jovens agricultores e diversificação da cadeia do fumo.

"Boas perspectivas para a agricultura" - Para o ministro Reinhold Stephanes, a agricultura brasileira "vive um bom momento, mas por outro lado o agricultor está descapitalizado ou pobre". Ele considera que a alta dos preços dos produtos agrícolas no mercado mundial irá refletir no Brasil e reverter gradualmente o quadro. "O país se consolida cada vez mais como grande produtor e exportador de produtos agrícolas, como soja, açúcar e grãos, e é líder em tecnologia de produção de etanol", afirmou. Segundo Stephanes, a produção de matéria-prima como fonte de energia não competirá com a produção de alimentos e discorreu sobre pesquisas brasileiras sobre produção de biodiesel a partir de várias plantas. "Nunca a agricultura no Brasil este com tão boas perspectivas", finalizou.

Participação - A reunião de trabalho, que ocorreu nas dependências da Câmara Municipal de Irati, foi acompanhada pelo deputado estadual Felipe Lucas; a chefe da SEAB Núcleo Regional de Irati Adriana Baumel; presidente do Conselho Gestor do Território Centro-Sul do Paraná, Lúcia Diniz; chefias da Embrapa unidades soja, florestas, pecuária de leite, pecuária de corte e clima temperado de vários Estados; representantes da Petrobras; prefeitos e secretários de municípios da Amcespar e Amsulpar; vereadores de Irati; produtores rurais e lideranças comunitárias e políticas da região; integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e da Via Campesina.

Mais informações:

Chefe da SEAB Núcleo Regional de Irati, Adriana Baumel – tel (42) 3422-8787

Gerente regional da Emater e presidente do Conselho Gestor do Território Centro-Sul do Paraná, Lúcia Diniz – tel (42) 3423-2210