25/09/07 |

Dia de Campo mostra cultivo da banana associado a sistemas agroflorestais

Informe múltiplos e-mails separados por vírgula.

Há cinco anos o agricultor Selis Ferreira Leal, proprietário de um lote no seringal Porvir, localizado a 26 quilômetros de Brasiléia (AC), plantou 450 mudas de banana, variedade Thap Maeo, produzidas no laboratório de biotecnologia da Embrapa Acre, Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura. Ele e o filho Rodrigo Leal apostaram na tecnologia, multiplicaram o material e atestaram a alta produtividade e boa resistência da cultivar a doenças. 

A novidade desta experiência é que o cultivo da banana aconteceu junto com outras culturas e espécies florestais de regeneração natural. A área do bananal também abrigou plantios de café, arroz, leguminosas e espécies florestais como seringueira, mogno, samaúma e copaíba, dando origem a sistemas agroflorestais diversificados (SAFs). 

Os resultados deste trabalho serão apresentados a dezenas de produtores rurais de Brasiléia e Acrelândia e técnicos extensionistas de diversos municípios do Acre, na próxima quarta-feira( 26)  em um Dia de Campo realizado pela Embrapa Acre, com apoio da Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof) e  Banco da Amazônia. O evento começa às 8:30h  e vai divulgar as cultivares de banana, recomendadas para o Acre, e os modelos de sistemas agroflorestais desenvolvidos no âmbito da agricultura familiar, em forma de cultivo participativo.

"A pesquisa demonstra que é possível o plantio da bananeira em SAFs consorciados e chama a atenção para a importância do manejo das árvores que surgem espontaneamente. Além de oferecer sombra, as árvores podem fornecer madeira e outros produtos, contribuindo para a elevação da renda familiar. A intenção é mostrar para os produtores familiares, por meio desta experiência, alternativas de cultivo que podem ser facilmente adotadas e aumentar a sustentabilidade do sistema de produção na properiedade", afirma o pesquisador Tadário Kamel.

Conquistando o consumidor

Lançada pela Embrapa Acre há uma década, a Thap Maeo é uma cultivar do tipo maçã, resistente à Sigatoka negra e bem adaptada à região.  Mesmo em solos com baixa fertilidade tem apresentado boa produtividade, atingindo entre 15 e 20 toneladas por hectare. Seus frutos bastante doces e saborosos vêm conquistando gradativamente o mercado acreano. As suas características agronômicas e boa aceitação do mercado consumidor fazem desta variedade uma alternativa promissora para os produtores de banana do Estado.

Atualmente com 10 hectares plantados, a família Leal colhe uma média de 100 cachos da fruta por semana, gerando uma renda mensal entre 1.200 e 1.500 reais. Inicialmente, a produção era toda exportada para Cobija, cidade boliviana situada na fronteira. Este ano, Leal passou a vender o produto também no comércio de Brasiléia. Segundo o produtor, a fruta agradou tanto que ele não consegue atender a todos os pedidos dos comerciantes. A expectativa é aumentar o plantio e a produção para suprir a demanda.

Kamel explica que a grande procura pela banana Thap Maeo ocorre devido às características semelhantes às da banana maçã, uma das cultivares mais consumidas na região, e que está desaparecendo do mercado por ser altamente susceptível à sigatoka negra e mal-do-panamá, principais doenças da cultura.

Versatilidade do cultivo em SAFs

Os sistemas agroflorestais (SAFs) se apresentam como alternativa para o uso sustentável da terra. Estes sistemas combinam árvores, arbustos e palmeiras nos cultivos agrícolas e nas pastagens e permitem uma relação mais harmoniosa com a natureza porque evitam desmatamentos e queimadas. A existência de árvores de forma conjunta com outros componentes agrícolas e pecuários nas propriedades rurais, pode proporcionar melhorias ambientais, econômicas e sociais.

De acordo com Kamel, o cultivo de diferentes culturas de forma escalonada (curto, médio e longo prazos) permite uma produção contínua.  Na propriedade da família Leal, além da banana, produtos como arroz e café também já foram colhidos, contribuindo para o sustento da família e aumento da renda familiar. Em breve será iniciada a coleta do látex das seringueiras que compõem os sistemas agroflorestais.

Outro aspecto positivo destes sistemas diz respeito ao baixo custo de manutenção dos cultivos. A leguminosa flemingia tem se mostrado eficiente na redução da competição das culturas com plantas daninhas, reduzindo os gastos com capina. Além disso, esta leguminosa contribui para o aumento da fertilidade do solo, com a fixação de nitrogênio e fornecimento de nutrientes, por meio de podas periódicas.

Com tantas vantagens, os SAFs vêm despertando o interesse de produtores na Amazônia, especialmente na agricultura familiar. No Acre, a Embrapa vem investindo no desenvolvimento de modelos de sistemas de produção que permitam a aplicação de práticas de manejo compatíveis com os padrões socioeconômicos e culturais da população local.

Mais informações:

Tadário Kamel. tadario@cpafac.embrapa.br Embrapa AcreContato: (68) 3212-3254

Diva Gonçalves. diva@cpafac.embrapa.br Embrapa AcreContato: (68) 3212-3272

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/