04/10/07 |

Pecuária leiteira acreana terá pacote tecnológico

Informe múltiplos e-mails separados por vírgula.

Uma pesquisa desenvolvida pela Embrapa Acre (Rio Branco) está influenciando a atividade leiteira em pequenas propriedades do Estado. O trabalho consiste em modernizar pequenas propriedades, por meio de tecnologias acessíveis ao pequeno produtor e capazes de elevar a produtividade, a rentabilidade e a qualidade do leite produzido.

Na próxima quinta-feira( 4), o produtor Aldair Jânio Petter abre as porteiras da sua pequena fazenda, localizada na BR 317, próximo ao município de Brasiléia, a 230 quilômetros da capital Rio Branco, para mostrar a produtores rurais e técnicos da extensão de diversos municípios os resultados do uso destas tecnologias, durante um Dia de Campo. As atividades terão início às 8:30 da manhã.

O conjunto de tecnologias foi implantado em duas propriedades representativas da pecuária leiteira praticada na região, e faz parte do projeto "Transferência de tecnologias para viabilizar a pecuária leiteira na regional do Alto Acre", executado pela Embrapa Acre, Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, com apoio da Seater, Senar, Sebrae e Projeto Fogo, ONG que atua na prevenção e redução de queimadas, por meio de tecnologias alternativas ao uso do fogo.

Os primeiros resultados deste trabalho revelam que com a adoção de tecnologias simples e de baixo custo é possível obter ganhos substanciais para a pecuária de leite, diz o pesquisador Carlos Maurício de Andrade, líder do projeto que tem como uma das metas aumentar em 15% ao ano a produtividade leiteira nas propriedades modelo.

Dentre os principais problemas enfrentados pelos produtores da região estão a superlotação e a degradação das pastagens. Utilizando o pastejo rotacionado associado ao uso de cerca elétrica, Petter conseguiu elevar a taxa de lotação de suas pastagens de 1,9 para 2,8 animais por hectare. A técnica permite manter uma maior quantidade de animais no pasto e as pastagens em boas condições. "Com estes resultados, alcançamos, em apenas dois anos, a meta prevista para o tempo total de execução do projeto, que é de quatro anos", avalia Andrade.

 Investindo na qualidade do rebanho

Segundo Petter, outra tecnologia que vem ganhando destaque é o uso de cana com uréia para suplementação do rebanho leiteiro durante o período seco. Isto permite manter os animais bem alimentados mesmo quando as pastagens estão pobres. O uso de leguminosas como o amendoim forrageiro (Arachis pintoi) também tem ajudado a melhorar a qualidade da forragem consumida pelo rebanho. "Além de proteger o solo contra a erosão e outras intempéries, o uso de pastagens consorciadas pode aumentar a produtividade de leite em até 20%", destaca o pesquisador Judson Valentim, que também participa do projeto.

 A atividade leiteira no Estado do Acre envolve grande número de pequenos produtores familiares e se caracteriza pelo baixo nível tecnológico da propriedade. Investir na seleção e melhoramento genético do rebanho bovino foi a solução encontrada por Petter para elevar a produtividade do rebanho. Em 2006, ele aprendeu com técnicos da Embrapa Acre as facilidades e vantagens da inseminação artificial e passou a utilizar sêmen de touros provados de raças leiteiras. Em um ano e quatro meses já nasceram sete bezerros das raças Holandês Preto e Branco, Gir Leiteiro e Pardo Suíço.

Ordenha manual com higiene  

Além de divulgar as tecnologias desenvolvidas pela Embrapa Acre para a pecuária leiteira familiar no Estado, o Dia de Campo irá apresentar o Kit Ordenha Manual Higiênico, uma tecnologia social desenvolvida pela Embrapa Gado de Leite (Juiz de Fora/MG), acessível a pequenos produtores e que vem sendo difundida nacionalmente.

Composta por um conjunto de utensílios simples, associados a uma cartilha contendo orientações técnicas a respeito de ordenha manual, a ferramenta facilita o uso de boas práticas durante a ordenha manual. O objetivo é reduzir o nível de contaminação do leite retirado por este processo, onde a contagem bacteriana, um dos fatores que determinam a qualidade do produto, costuma ser bastante alta.  Estudos revelam que a utilização adequada do kit pode reduzir em até 80% o índice de contaminação.

Na opinião do pesquisador Aloísio Cavalcante, procedimentos simples como lavar adequadamente as mãos, limpar os tetos da vaca e os utensílios utilizados na ordenha  são decisivos para a obtenção de leite de qualidade.  A higienização da ordenha não implica necessariamente na existência de água em abundância no curral. É mais uma questão de consciência do produtor da necessidade destas práticas. O kit também tem a função de simplificar esta rotina, por meio da utilização mínima de água clorada.

A tecnologia vem sendo adotada em sete estados no Nordeste, Sudeste, Centro-oeste e Sul do país e pode mudar a realidade da pecuária de leite também no Acre. Outra vantagem é que não é preciso muito investimento financeiro para se obter leite com baixa contagem bacteriológica. Em breve o kit poderá ser adquirido em Rio Branco ao preço de 180 reais.

Mais informações:

Carlos Maurício S. de Andrade. mauricio@cpafac.embrapa.br Contatos:(068) 3212-3237

Diva Gonçalves. diva@cpafac.embrapa.brContatos:(68) 3212-3272 ou 3212-3200

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/