05/11/07 |

La Niña deve chegar ao Brasil

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Há menos de um mês foram estabelecidas todas as condições características do fenômeno La Niña no leste e na parte central do Oceano Pacífico Equatorial. Nessa área, as temperaturas da superfície marítima chegam a ser 2°C inferiores à média do período. Segundo o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG), Williams Ferreira, as chances de manutenção dessas condições nos próximos três meses são maiores que 85%; caso isso ocorra estará realmente configurado o La Niña.

"Tal fenômeno é uma ‘anomalia climática de grande escala' e comumente modifica os padrões de chuva e de temperatura em grande parte da Terra", explica o pesquisador.

O período com ausência de chuva que atingiu grande parte do Brasil nos últimos meses chegou ao fim. Porém, de acordo com Williams as chuvas ainda devem ocorrer próximo da média histórica ou abaixo dela em grande parte do país. A exceção fica por conta da região litorânea entre o Paraná e o Espírito Santo, onde as chuvas devem ser maiores do que o índice médio histórico.

No Brasil, o La Niña favorece a passagem mais rápida das frentes frias que atingem a região Centro-Sul. Com mais força e maior velocidade, as chuvas são menos freqüentes sobre as regiões Sul e Sudeste. Isso permite que as frentes frias cheguem até o Nordeste, provocando o aumento de chuvas no sertão e no litoral de Alagoas e da Bahia. "Já na região Centro-Sul podem ocorrer grandes períodos com redução nos índices pluviométricos, principalmente entre os meses de setembro e fevereiro", explica Williams acrescentando que no Centro-Oeste e no Sudeste os efeitos são menos evidentes e mais difíceis de serem previstos.

Mês a mês

Em novembro, há aproximadamente 40% de chance do total mensal de chuvas ser menor do que a média normal do mês em uma grande área que abrange todo o litoral brasileiro a partir de Campos dos Goytacazes-RJ e passa por Serro-MG, Formoso-GO, Gaúcha do Norte e Tabaporã, ambas no Mato Grosso, Apuí-AM, Jacareacanga-PA e chega à Ilha de Marajó, também no Pará.

Para dezembro, a área com 40% de probabilidade de ocorrência de menos chuvas do que a média histórica é menor e compreende uma faixa que vai de João Pessoa-PB, passa por Patos do Piauí-PI, Altamira-PA, sobe em direção a Vitória do Xingu, também no Pará, e chega a Oiapoque-AP.

Já em outra região, que fica entre os municípios de Porangatu, Pontalina e Rio Verde, os três em Goiás, e Cocalinho-MT, a probabilidade é inversa: há cerca de 40% de chance de chover mais em dezembro em relação à média histórica da região. O Noroeste do Amazonas também apresenta probabilidade de ocorrência de chuvas acima da média.

Redução no volume de chuvas

Em relação ao primeiro mês de 2008, a área com 40% de probabilidade de redução no volume de chuvas vai de Conde-PB a Santana do Cariri e Itapipoca, ambas no Ceará. Ao contrário, a região entre Envira e Coari, ambas no Amazonas, e Rorainópolis e Amajari, ambas em Roraima, tem cerca de 40% de probabilidade de ter chuvas acima da média histórica do período.

A temperatura em novembro terá comportamento diferenciado por região. Na área que vai de Prado, passa por Belo Campo e Santa Inês e chega a Conde, todos municípios baianos, existe 40% de probabilidade de que ocorram temperaturas menores que a média normal do período. Já entre Sinop-MT, Alto Paraíso-RO, Porto Walter e Mâncio Lima, ambas no Acre, Lábrea e Borba, no Amazonas, e Apiacás, no Mato Grosso, a probabilidade de que sejam registradas temperaturas acima da média histórica é de 45%.

Zonas de transição

Williams destaca que a concretização das previsões depende, entre outros fatores, do comportamento da temperatura do Oceano Pacífico, que varia consideravelmente. Por isso, justifica a necessidade da continuidade nas previsões, considerando-se o que efetivamente aconteceu. "Os municípios citados, considerados como limitantes das áreas ou zonas de transição entre as diferentes regiões abordadas, devem ser considerados apenas qualitativamente, ou seja, são pontos georreferenciais delimitadores aproximados das áreas em estudo", explica o pesquisador.

É importante lembrar ainda que a previsão climática em escala temporal e espacial não considera os fatores de influência local ou regional, sendo direcionada para grandes áreas e médias temporais de longos períodos. Portanto, são esperadas variações locais isoladas e mudanças estacionais associadas à sazonalidade, ou seja, são possíveis mudanças nas previsões feitas para um período de três meses.

Jornalista: Clenio AraujoEmbrapa Milho e Sorgo Contatos: clenio@cnpms.embrapa.br / (31) 3779-1172 / (31) 9974-3282

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