19/12/07 |

Sorgo e milheto:potenciais genéticos em banco de germoplasma

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Sorgo e milheto. Duas culturas que ocupam, respectivamente, a quinta e a sexta posição entre os cereais mais importantes do mundo. Originários da África, o sorgo e o milheto são utilizados na alimentação humana por diversas populações, além das duas plantas serem a matéria-prima em inúmeras atividades agropecuárias.

Mais resistentes à seca e mais adaptados a solos de baixa fertilidade que outros cereais como o milho, por exemplo, o sorgo e o milheto ainda buscam reconhecimento entre os atores responsáveis pela expansão da fronteira agrícola, seja em cultivos específicos para diversas finalidades ou na potencialidade que eles têm para o sistema de rotação de culturas.

Atualmente existem apenas quatro cultivares disponíveis no mercado, sendo uma da Embrapa: a variedade BRS 1501, lançada em 1998. Usado preferencialmente como opção para cobertura de solos em áreas de plantio direto, o milheto tem na produção de grãos e forragem para regiões de pouca chuva o ponto comum com a cultura do sorgo, visto como uma segunda opção ao milho, mas ainda aquém do seu potencial produtivo. Enquanto que na safra 2006/2007 o milho foi cultivado em cerca de 14 milhões de hectares, o sorgo não ultrapassou os 700 mil hectares.

Base genética

A coleção de germoplasma da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG) mantém 7213 acessos de sorgo e aproximadamente 1770 de milheto. Tal variabilidade genética é determinante para o desenvolvimento de novas cultivares: há dois híbridos e uma variedade de milheto e uma cultivar de sorgo granífero na fase de preparação de lançamento.

A base genética mantida pelo BAG (Banco Ativo de Germoplasma) de milheto, por exemplo, foi enriquecida no segundo semestre deste ano com a recuperação de sementes originárias da China, que haviam perdido quase que totalmente a capacidade de germinação.

Em uma primeira tentativa para ampliar o potencial produtivo dessa cultivar, a equipe do BAG submeteu as sementes a um processo de germinação em aparelhos com controle de temperatura e umidade. "Depois de várias etapas em laboratórios e em casas de vegetação, conseguimos recuperar totalmente o material e ampliar o teor de germinação de 1% para 90%", explica José da Silva, técnico agrícola da Embrapa Milho e Sorgo.

As sementes passarão ainda por um processo maior de multiplicação no Campo Experimental da Embrapa em Nova Porteirinha, no Norte de Minas, que possui condições de solo e clima mais apropriadas para o cultivo do milheto, e poderão ser utilizadas em programas de melhoramento genético.

Acessos da China e África

Além dos acessos originários da China, o BAG de milheto – implantado oficialmente em 1995, mas com materiais que deram entrada desde a década de 1970 – possui registros de cultivares repassados pelo Icrisat (International Crops Research Institute for the Semi-Arid Tropics), Cirad-CA (Centre de Coopération Internationale en Recherche Agronomique pour le Développement / Cultures annuelles) e pelo Intsormil (The International Sorghum and Millet Collaborative Research Support Program), além de acessos originários do Zimbabwe, África.

"As atividades de regeneração ou multiplicação de sementes de germoplasma de milheto vêm sendo feitas com uma programação de 100 a 140 acessos por ano em duas épocas, quando a existência mínima de sementes é de 100 gramas e a germinação é inferior a 60%. A manutenção desse acervo em condições satisfatórias de germinação é essencial para a busca de materiais mais produtivos, adaptados às diversas condições de solo e clima e tolerantes às pragas e doenças", diz Déa Netto, pesquisadora da Embrapa Milho e Sorgo e responsável pelo banco de germoplasma dos dois cereais.

O acervo de sementes de sorgo é bem mais amplo. Implantado em 1975, a maioria dos acessos são provenientes da África e da Índia e foram repassados para a Embrapa Milho e Sorgo pela Universidade de Purdue, localizada nos Estados Unidos.

A multiplicação das sementes para a utilização em programas de melhoramento e de conservação também é feita no Norte de Minas Gerais, sendo que a caracterização morfológica é realizada na Embrapa Milho e Sorgo. "Verificamos diversos aspectos, como florescimento, altura da planta, ciclo, tipo de panícula, presença ou ausência de tanino e cor e tipo de grão. Tudo isso é fundamental nas diversas etapas do melhoramento genético", conclui Déa.

Mais informações podem ser obtidas junto à Área de Comunicação Empresarial (ACE) da Embrapa Milho e Sorgo: (31) 3779-1123 ou gfviana@cnpms.embrapa.br .

Guilherme Ferreira Viana (MTb/MG 06566 JP) Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG) Contatos.: (31) 3779-1123 gfviana@cnpms.embrapa.br 

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
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