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Projeto para leite diminui êxodo rural

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A obtenção de lucro em propriedades familiares que antes estavam no prejuízo, o aumento da renda do pequeno produtor, a redução do êxodo rural, métodos originais de transferência de tecnologia, são alguns dos resultados do projeto "Balde Cheio", realizado pela Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP), em pequenas propriedades nos Estados do Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Tocantins, Acre e Rio de Janeiro.

No Paraná os trabalhos são feitos em parceria com a Confepar (Cooperativa Agro-Industrial, de Londrina). O projeto será apresentado durante o Show Rural Coopavel, a ser realizado em Cascavel (PR), de 28 de janeiro a 2 de fevereiro, em diversas palestras, no auditório da Casa da Embrapa.

Já são quase 2 mil produtores familiares assistidos. Cerca de 90% desses produtores conseguiam produção diária de até 80 litros no início dos trabalhos. Após o processo de tecnificação, passaram a obter de 300 a mais de mil litros/dia. No entanto, o indicador mais importante da atividade, que é a produção de leite por hectare/ano, mostrou aumento de 12 a 15 vezes, em três a quatro anos, ou seja, de 1.300% a 1.600%.

O projeto possui várias características inovadoras e inéditas, como o fato de todas as atividades serem realizadas nos sítios e chácaras dos pecuaristas, que não são apenas locais de dias de campo e palestras, mas verdadeiras "salas de aula", onde se acompanha de maneira permanente a adoção das tecnologias, com a presença constante dos técnicos da Embrapa Pecuária Sudeste e do órgão parceiro.

Outra característica é a obrigatoriedade do trabalho conjunto entre a Embrapa e um órgão de extensão rural ou uma cooperativa. Os pesquisadores da Embrapa Pecuária Sudeste visitam a propriedade a cada três meses, enquanto os técnicos da cooperativa ou da extensão rural têm presença constante, pois eles trabalham e moram no mesmo município - ou município vizinho - do produtor assistido.

Além disso, o trabalho se diferencia pelo repasse não só de tecnologias, mas também de práticas de gerenciamento e contabilidade, com a exigência de escrituração em todos os passos.

O público-alvo são pequenos proprietários, com terras de dois a 20 hectares, que estavam a ponto de abandonar a atividade e hoje estão numa situação confortável. Muitos desses pecuaristas já alcançaram sua autonomia e não dependem mais do apoio da Embrapa Pecuária Sudeste.

Não há ações paternalistas ou assistencialistas, pois o aumento de renda vem da própria atividade, ao adotar, gradativamente, tecnologias, manejos e bom gerenciamento, pois a Embrapa e o parceiro extensionista não entram com recursos financeiros para a propriedade. O tempo de parceria dura cerca de quatro anos.

Além do Paraná, onde o parceiro é a Confepar, sediada em Londrina, o projeto é executado em São Paulo com a CATI – Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado), SENAR-SP e FAESP – Federação da Agricultura do Estado de São Paulo. No Estado do Rio é desenvolvido junto com o SENAR-RJ e a FAERJ – Federação da Agricultura do Rio de Janeiro. No Tocantins é o Sebrae-TO.

Pastagens intensivas elevam produtividade e evitam derrubada de mata

A adoção da produção intensiva que utiliza somente o pasto está levando ao crescimento da produtividade na pecuária de corte que, por meio dessa técnica, pode aumentar a produção sem utilizar novas áreas, evitando assim a derrubada de vegetação nativa.

O suporte (número de animais por área ou por hectare) médio no Brasil é inferior a uma U.A (Unidade Animal eqüivalente a um animal de 450 kg) por hectare, ao passo que no pastejo rotacionado é possível obter média anual de três a cinco U.A. por hectare, chegando a até 12 cabeças por hectare na época de chuvas, conforme demonstra pesquisa realizada pela Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP).

Isso significa que a adoção dessa técnica pela maior parte dos pecuaristas brasileiros, poderá levar a significativos aumentos na produção nacional, utilizando a mesma área, sem necessidade de derrubadas da vegetação nativa em novas regiões. Isso sem falar na possibilidade de recuperação e utilização de pastagens degradadas, cuja área, em todo o Brasil, se situam entre 60 milhões e 90 milhões de hectares.

Com a adoção desse sistema, as cerca de 190 milhões de cabeças bovinas não precisariam dos 210 milhões de hectares usados pela pecuária brasileira. Esta necessita, usando tecnificação apenas intermediária, de 70 a 100 milhões de hectares.

Pesquisa realizada pela Embrapa Pecuária Sudeste mostra que a adubação nitrogenada em pastagens tropicais, se feita de acordo com as recomendações técnicas necessárias, tem pouco impacto ambiental sobre a terra, mais precisamente sobre os cursos de água e lençóis freáticos. Tal conseqüência depende de diversos fatores, entre eles, doses, épocas e locais de adubação.

Boas práticas agropecuárias

A conservação de águas, solos e da própria atmosfera dependem de várias providências, inclusive a adoção das boas práticas agrícolas, como técnicas conservacionistas, plantio direto, integração lavoura – pecuária, sistemas silvipastoris, todos pesquisados pela Embrapa Pecuária Sudeste. Também incluem-se nessas práticas a gestão de resíduos (como agrotóxicos que devem ser corretamente manejados antes, durante e após a aplicação), o controle de qualidade, entre outros.

Cocho ecológico e casinha tropical

Outros produtos apresentados pela Embrapa Pecuária Sudeste são o cocho ecológico e a "casinha tropical".O cocho trenó ecológico é construído com "madeira plástica" reciclada, sobre duas vigotas que funcionam como esquis que facilitam a movimentação. Podem ser facilmente rebocados por um trator ou animal de tração e servem também como suporte para a caçamba do cocho, evitando que esta fique em contato com o solo, o que aumenta sua vida útil.

O material plástico estruturado com reforços, faz com que esse cocho dure mais tempo do que o cocho comum, pois resiste longo tempo aos efeitos do sol e da chuva e aos desgastes provocados pelo transporte e pelos animais. Como é confeccionado com produtos reciclados não é necessário derrubar árvores para obtenção de material.

A "casinha tropical" é um abrigo individual para bezerros, para alojamento eficiente na fase de aleitamento, levando em conta o clima tropical. Possui estrutura em madeira, com suporte para balde de água, comedouro e fenil em seu interior. A ausência de paredes laterais favorece a ventilação e o controle da umidade, reduzindo a incidência de pneumonias e diarréias.

O telhado é formado por duas folhas de zinco superpostas. A camada de ar entre as folhas funciona como isolante térmico. Além disso, dispensa o uso de cama ou estrado, devido à facilidade com que pode ser transferida de um local a outro, evitando-se também a umidade provocada pelo acúmulo de fezes e urina.

Também estarão à disposição dos visitantes ao Show Rural Coopavel 2007, publicações e vídeos sobre todos os trabalhos da Embrapa Pecuária Sudeste, nas áreas de genética animal, nutrição, meio ambiente, alimentação no período de seca (silagem, cana-de-açúcar, aveia, alfafa e outros), agricultura familiar, irrigação de pastagens, diversificação de forrageiras, manejo de sementes de forrageiras, entre outros.

Mais informações: Jornalista Jorge Reti - MTb 12693-SP e MS 14130/SJPSP/FENAJTelefone (016) 3361-5611E-mai:  jreti@cppse.embrapa.br

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/