11/03/08 |

Milhos especiais garantem renda extra

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O bom momento vivido pelos produtores de milho no Brasil, impulsionado, entre outros fatores, pelo aumento na produção em mais de 5% em relação à colheita anterior e pelas boas condições climáticas que podem consolidar a atual safra como uma das maiores da história do país, vem provocando reações positivas em um segmento que até então vivia à margem dos produtores de milho em grão: os produtores de milhos especiais.

Nas formas de milho verde, seja cozido, assado ou pamonha, o mercado já sinaliza oportunidades para quem aposta no tamanho em miniatura do milho. "A versatilidade que o minimilho permite, seja no seu uso em saladas, em sopas, misturado no arroz ou em massas, em cozidos de legumes ou de carnes e grelhados em azeite como guarnição, tem provocado a abertura de um novo nicho de mercado, que já começa a ser explorado por restaurantes finos, por exemplo", explica Valéria Aparecida Vieira Queiroz, pesquisadora da Embrapa Milho e Sorgo.

Composto quase que em sua totalidade por água, o minimilho tem o diferencial de possuir menor valor calórico se comparado ao milho comum. É considerado uma hortaliça pelos cuidados que exige. Depois de colhido, deve ser imediatamente acondicionado em temperaturas que permitam sua conservação, entre 5º e 10º C.

De importador – a maioria do minimilho consumido no Brasil vinha da Tailândia –, o produto vem ganhando adeptos entre os produtores rurais, principalmente os que utilizam mão-de-obra familiar; hoje o país já é auto-suficiente em produção. E a receita é certa: os maiores consumidores são das classes A e B.

Para produzir minimilho, adianta o pesquisador Israel Alexandre Pereira Filho, também da Embrapa Milho e Sorgo, é necessário um cuidado especial na colheita. "O produtor deve visitar a lavoura todos os dias, pois o ponto de colheita é determinado pela emissão dos cabelos na espigueta. Dois dias depois de aparecerem, está na hora de colher", diz Israel. No verão, o minimilho é colhido em até 45 dias, dependendo da precocidade da cultivar escolhida. No inverno, a colheita demora um pouco mais, chegando a até 75 dias. Acertar o dia da colheita é determinante, segundo ele. "O minimilho é a própria espigueta do milho de 4 a 12cm antes da polinização. Se for polinizado, perde-se o valor comercial", completa.

O pesquisador adianta que trabalhos de melhoramento desenvolvidos por pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo, Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento estão em busca de uma cultivar específica de minimilho, de olho nas exigências de mercados consumidores.

"Qualquer cultivar que suporte alta densidade de plantio pode ser usada para a produção de minimilho. No entanto, os países da União Européia, principais importadores, têm preferência por cultivares de milho doce, que são mais saborosos e tenros". Segundo Israel, uma das cultivares com a tecnologia Embrapa que mais tem atendido às exigências do mercado é a variedade BR 106, uma das mais plantadas no país.

MERCADO PROMISSOR

Em Minas Gerais, de acordo com o pesquisador Israel Filho, o produtor recebe até R$ 3 por quilo de minimilho minimamente processado. Se já processado em conserva, o valor sobe para R$ 5. Outro atrativo de uma lavoura de minimilho é a economia de insumos. "O custo de produção é menor se compararmos ao cultivo de milho em grão, já que a ocorrência de pragas e doenças é atenuada pela exigência de uma colheita mais precoce", afirma.

Para Mário do Amaral Filho, produtor de milho na região de Ribeirão Preto-SP e que vem estudando o plantio de uma lavoura de minimilho para exportação, o empresário deve estar atento às exigências dos países importadores. "O contrato é muito minucioso e as exigências em relação à sanidade, à qualidade e ao armazenamento fará com que os produtores busquem um nível de excelência bastante elevado. Devemos nos adequar para que possamos apresentar competitividade", resume.

Guilherme Ferreira Viana (MTb/MG 06566 JP) Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG)Contatos.: (31) 3779-1123gfviana@cnpms.embrapa.br

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