14/03/08 |

Cooperação entre Embrapa e produtores fortalece cultura de alho no Brasil

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Não há país no mundo que produza alho com uma tecnologia comparada à brasileira. A opinião é do presidente da Associação Nacional dos Produtores de Alho (Anapa), Rafael Jorge Corsino, ao destacar que, na região dos Cerrados, a produtividade dessa cultura é de 15 t/há até 20 t/ha, segundo ele, a maior do mundo. No entanto, isso não tem sido suficiente parta superar a concorrência do alho importado da Argentina e, principalmente, da China.

De acordo com o pesquisador André Nepomuceno Dusi, da Embrapa Hortaliças (Brasília-DF), em 2005, a importação de alho gerou 56 mil diretos fora do Brasil. Essa é a mesma quantidade de postos de trabalho que a cultura gerava no País, em 2002, quando a área plantada era de 14 mil hectares. Em 2005, o espaço cultivado com alho caiu para cerca de 8 mil ha e houve uma perda de 24 mil postos diretos.

Para garantir a sobrevivência do setor, a Anapa atua nas esferas política e econômica, mas é a área tecnológica que pode oferecer um importante instrumento para o aumento da competitividade dos produtores de alho.

Na sexta-feira (14) Rafael Corsino foi recebido na Embrapa Hortaliças para discutir um acordo de cooperação técnica visando introduzir a tecnologia de produção do alho livre de vírus entre os principais produtores do País. "Este seria um divisor de águas, pois o sistema produtivo atual está no topo e, para melhorar, só com a introdução do alho livre de vírus", explica.

O chefe-geral da Unidade da Embrapa, José Amauri Buso, concorda: "esses produtores já dominam a tecnologia da irrigação, adubação e de produção, a última fronteira do ponto de vista tecnológico é melhorar a qualidade do material de propagação. Sem isso, não há como aumentar a produtividade". O pesquisador revela que a Embrapa Hortaliças já dispõe de algum material de alho nobre que já pode ser levado aos produtores.

Alho Livre de vírus

A tecnologia do alho livre de vírus vem sendo desenvolvida pela Embrapa Hortaliças desde 1994. O sistema começa na seleção de bulbilhos (os dentes de alho) sadios que são produzidos nos laboratórios da Embrapa em condições controladas.

Quando a planta torna-se mais vigorosa, ela é levada para um telado à prova de pulgões, que são os agentes transmissores de viroses, e, em seguida, os bulbilhos são reproduzidos em maior escala no campo experimental da Unidade, sempre em condições controladas.

Além disso, a Embrapa Hortaliças desenvolveu um sistema simples e barato de reprodução do alho livre de vírus pelo próprio produtor, que consegue adotar integralmente a tecnologia em quatro anos. Esse trabalho leva  ao agricultor alho semente com alta qualidade, livre de infecção por vírus, que causam queda na produtividade, na qualidade.

Os primeiros beneficiados pelo projeto foram agricultores da Bahia e de Minas Gerais, que cultivam um tipo de alho menos exigente, conhecido como alho comum e comercializam o produto em nível local. Mas a baixa qualidade do alho-semente, da matéria-prima básica para uma boa colheita, afeta também produtores tecnificados, que cultivam o alho nobre – o mesmo tipo da Argentina e da China –, mais produtivo, que requer, porém, mais tecnologia para produção.

"Atualmente, quase todos os alhos nacionais são infectados", revela, Rafael Corsino, que representa produtores de alho nobre do Brasil.

O pesquisador André Dusi aponta ainda, o risco de agricultores plantarem o alho importado destinado ao consumo, acreditando que esses materiais sejam mais produtivos. "Há uma série de insetos e doenças que não ocorrem no Brasil e podem ser introduzidos no País com a utilização do alho para consumo importado na produção. Se isso ocorrer, poderá haver contaminação de toda a lavoura com um agente para o qual não temos a tecnologia de controle."

O acordo de cooperação entre Embrapa e a Anapa prevê que o processo de limpeza seja realizado nas variedades de alho nobre Quitéria, Ito e Caçador, as mais utilizadas pelo setor. Esse material será entregue aos produtores, que também receberão informações sobre o processo de substituição do alho-semente atual por um de melhor qualidade.

Rafael Corsino acredita que essa tecnologia vai gerar impactos sobre a produtividade, sobre a qualidade dos bulbos e também  reduzir os custos de produção. Em resumo, o alho nacional será mais competitivo. Ele destaca o trabalho de uma empresa mineira que já adotou esse sistema, em parceria com a Universidade de Botucatu, e obteve uma redução entre 30% e 40% na quantidade de adubo aplicado.

Marcos Esteves (4505/14/45v/DF)Embrapa HortaliçasContatos.: (61) 3385-9109marcos.esteves@cnph.embrapa.br

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