11/04/08 |

Sorgo tem potencial para uso na alimentação do brasileiro

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Em diferentes países da Ásia e da África, o sorgo é utilizado na alimentação humana há séculos. Nesses locais, é comum as pessoas ingerirem o sorgo em forma de farinhas, pães, bolos e outros produtos. É uma tradição que não se vê na Europa, na Oceania e na maior parte da América. Em países como o Brasil, esta é uma cultura utilizada praticamente apenas na produção de rações.

A não-disseminação do sorgo na alimentação humana parece ser uma questão cultural no Brasil. Além da maior tradição do trigo, do milho e da soja, por exemplo, hoje há outros fatores que contribuem para essa situação. De acordo com os pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo Valéria Queiroz e José Avelino Santos Rodrigues, "um dos principais motivos é a falta do elo na cadeia de comercialização do sorgo para fins alimentícios. O produtor e as indústrias não produzem sorgo e farinha de sorgo para a alimentação humana porque não há demanda de mercado. Por outro lado, o consumidor não compra preparações à base de sorgo porque não há o produto disponível".

De acordo com Valéria, que atua na área de nutrição e segurança alimentar, as composições química e nutricional do sorgo são muito semelhantes às do milho. "Existem pequenas diferenças que podem ser consideradas insignificantes em termos de nutrição humana. O milho é pouco mais energético que o sorgo. Por outro lado, o sorgo possui cerca de 1% mais de proteína que o milho", explica, lembrando que as proteínas de ambas as culturas são de baixa qualidade.

José Avelino, que trabalha no melhoramento genético de sorgo, diz que as cultivares graníferas atualmente disponíveis no mercado prestam-se para fazer farinha para consumo humano. "No entanto, acredita-se que cultivares de grãos brancos são mais adequadas por produzirem farinha de melhor qualidade", ressalta, já que a maior parte do sorgo granífero é de cor marrom. Quanto ao uso para pipoca, o sorgo tem tudo para vingar. De acordo com José Avelino, estão sendo feitos testes na Embrapa Milho e Sorgo para saber que cultivar é mais apropriada para esse fim. "É o início de um trabalho que a meu ver é promissor", afirma.

Os dois pesquisadores concordam em que faltam informações básicas a respeito de técnicas de fabricação de produtos à base de sorgo. "Há, portanto, necessidade de divulgação da cultura desde as práticas de cultivo até a mesa do consumidor final", apontam. Será que um dia o sorgo estará tão presente na mesa do brasileiro como o milho, o trigo e, de algum tempo pra cá, a soja? "Existe um movimento para usar o sorgo na alimentação humana, mas há um caminho a percorrer, pois mudança de hábito não é coisa fácil de acontecer", destaca José Avelino. Difícil, mas certamente não impossível.

Clenio Araujo (MG 06.279 JP) Embrapa Milho e Sorgo Contatos: (31) 3779-1172E-mail: clenio@cnpms.embrapa.br 

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