11/04/08 |

Recorde na safra exigirá eficiência do país no mercado externo

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O recorde sinalizado para a safra de milho 2007/2008, com expectativa de produção, segundo a  Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), de 56,23 milhões de toneladas – 4,86 milhões de toneladas a mais que a safra anterior – exigirá do país uma participação eficiente no mercado externo.

Segundo o pesquisador da área de Economia Agrícola da  Embrapa Milho e Sorgo João Carlos Garcia, o Brasil terá que atender à uma demanda de exportação entre 11 e 12 milhões de toneladas de milho em 2008 "para fornecer suporte aos preços internos tendo em vista o tamanho da safra", diz.

"Na safra passada, o país mostrou que é capaz de exportar mais de 10 milhões de toneladas através dos seus canais logísticos", se referindo ao escoamento da produção onde foram realizadas inclusive operações de exportação de milho a partir de regiões não convencionais, como o Mato Grosso. Em 2008, estas alternativas deverão ser otimizadas para garantir com eficiência o abastecimento externo. A Conab confirma os números. As estimativas da Companhia são a manutenção do volume exportado em 2007: 11 milhões de toneladas.

O risco, ainda existente, continua o pesquisador, é a relação direta entre a possível produção recorde de milho e a performance das lavouras plantadas na safrinha. "Por terem sido implantadas em épocas atrasadas em algumas regiões em relação ao período indicado pelo zoneamento agroclimático, estas lavouras podem apresentar problemas com relação a aspectos climáticos menos favoráveis", alerta Garcia.

A previsão já vem se concretizando em lavouras do Sul do país, mas, segundo ele, ainda existe uma boa garantia de normalidade do abastecimento interno, levando em conta os sinais de crescimento do segmento de criação de aves e de produção de leite.

Segundo a Conab, a safra de inverno de milho deverá atingir 17,4 milhões de toneladas ou 18,1% mais que as 14,8 milhões de toneladas da última safra. O bom momento vivido pela cultura no Brasil – motivado por fatores como clima favorável, forte demanda por alimentos e preços internacionais elevados – é, no entanto, substancialmente relacionado à redução de 8% da área plantada com milho nos Estados Unidos, aumento no consumo e ao uso do grão para a produção de etanol, segundo estimativas preliminares do USDA, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. "Isto serviu como incentivo para aumento nas cotações nas bolsas de mercadorias dos Estados Unidos e forneceu suporte a níveis de preços mais elevados", considera João Carlos.

A manutenção dos estoques finais, todavia, é uma das exigências de fortes segmentos consumidores, como a avicultura e a suinocultura, para evitar riscos já vividos em safras passadas e que têm grande influência sobre a cultura, como fatores climáticos e conseqüentes atrasos no plantio e na colheita. Segundo a Conab, o consumo interno de milho em 2008 aumentará mais de 8% em relação a 2007, chegando aos 44 milhões de toneladas. Sobre cenários futuros, a Conab se diz otimista, motivada pela demanda em crescimento imposta pela China e ao mesmo ritmo apresentado pelos Estados Unidos na produção de etanol.

Diretamente responsável pela produção recorde, a pesquisa deverá receber incentivos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) da Embrapa, já elaborado e que depende de aprovação da Presidência da República. A expectativa é que haja mais investimentos para projetos de pesquisa que permitam incrementos na produtividade da cultura. A previsão de lançamento do PAC da Embrapa é durante a solenidade de aniversário da Empresa no final de abril em Brasília-DF.

 

Guilherme Ferreira Viana (MTb/MG 06566 JP)Com informações do pesquisador aposentado Antônio Carlos VianaEmbrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG)Contatos.: (31) 3779-1123gfviana@cnpms.embrapa.br

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