"A Embrapa contribuiu com uma revolução neste país e hoje  se coloca como o principal conhecedor tecnológico na área da agricultura tropical." Com essas palavras teve início discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apresentado em vídeo, nesta segunda-feira (25) durante a abertura  da II Reunião Geral de Chefes da Embrapa, que segue até quinta-feira (28).

Os chefes das Unidades Centrais e Descentralizadas da Empresa ouviram o discurso de Lula proferido durante o lançamento do Plano Agrícola-Pecuária 2008/2009 e do Programa Mais Alimentos, além de uma entrevista concedida ao programa "Café com o Presidente", em julho. As palavras de Lula retrataram a importância da Embrapa para o crescimento do país, ressaltando o trabalho realizado pela Empresa não só no Brasil como em outros países como os da África e da América Latina. "A idéia de fazer com que a Embrapa saísse do território brasileiro deve-se ao fato de o mundo estar comendo mais. Temos mais chineses, indianos, latino-americanos e brasileiros comendo", afirmou.

Durante a reunião, o assessor da presidência da Embrapa, Eliseu Alves, lembrou que a Empresa nasceu de uma crise de alimentos durante as décadas de 60 e 70, em que o país se encontrava  com  inflação alta, filas grandes, cenário de instabilidades e pouca oferta. "O Brasil não deve temer crises. A decisão do passado de investir em pesquisa deu certo, agora não deve ser diferente. Temos que utilizar a crise em benefício do nosso país", declarou Eliseu fazendo referência à crise de alimentos que se instalou no mundo.

Para o diretor executivo Geraldo Eugênio este é um momento de grandes requisições para a Embrapa. "Primeiro porque não há dúvida de que o Brasil se tornará o maior produtor de alimentos no mundo. Segundo, para que isso ocorra nós temos que enfatizar a produtividade, e para isso é preciso tecnologia, e aí entra a importância da Embrapa, que com certeza será a empresa mais importante do país nos próximos 23 anos."

Inflação dos preços dos alimentos

Após apresentação do vídeo, o ex-ministro e consultor da Embrapa, Delfim Neto, falou sobre a inflação dos preços dos alimentos. Ele afirmou estarmos diante de uma inflação planetária "Essa situação tem tudo a ver com a expansão da economia mundial e o comportamento dos bancos centrais", explicou.

Entre os fatores citados pelo ex-ministro que ocasionaram a alta da inflação está o poder destabilizador da alta do petróleo, em razão das técnicas economizadoras de energia e da valorização das moedas produzidas pelo mecanismo de câmbio flutuante, que absorve parte dos aumentos e impede que eles sejam internalizados integralmente. Outro ponto considerado foi o rápido aumento da demanda de produtos agrícolas e minerais produzido pela grande expansão dos países emergentes, que continuam a se urbanizar e crescer em torno de 6% ao ano, muito acima dos países desenvolvidos, que crescem em torno de 1,7%.

Para o presidente da Embrapa, Silvio Crestana, as considerações de Delfim foram muito importantes, principalmente no que diz respeito à conexão que se faz entre a exportação de petróleo e de produtos agrícolas. "É um montante de divisas muito importante que nós estaríamos somando à exportação que vem hoje da agricultura, da pecuária e do agronegócio." Crestana ressaltou ainda a competitividade que será exigida da agricultura brasileira, na medida que ela terá que ter mais produtividade.

Ao se abrir o debate sobre o assunto, vários temas foram levantados pelos participantes ao ex-ministro como decréscimo dos preços das commodities; a expectativa do pré-sal (reservas de petróleo descobertas pela Petrobrás); desmistificação da crise de alimentos e a conseqüente especulação sobre o tema; influência do preço do petróleo no produto agrícola; redução das taxas de juros em benefício da produção de alimentos, entre outros.

Juliana Freire (MTb 3053/DF)Contato: (61) 3448-4039juliana.freire@embrapa.br