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Brasil e África: intercâmbio técnico para diversificar a produção de mandioca

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Dois consultores africanos – William Otim-Nape (Africa Innovation Institute) e Eugene Terry (African Agricultural Technology Foundation) e um canadense (Truman Philips) visitaram na terça-feira(2) a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia,  unidade de pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, com o objetivo de conhecer as pesquisas e tecnologias desenvolvidas com mandioca visando ao aumento e à diversificação da produção na África.

A demanda veio do escritório que a Embrapa mantém em Gana desde novembro de 2006 e resultou em visitas a outras unidades da Embrapa e instituições que trabalham com esse tubérculo no Brasil: a Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ); Instituto Agronômico de Campinas – IAC; Instituto Agronômico do Paraná – IAPAR, além de produtores privados do estado de São Paulo, onde se concentra a maior produção de amido de mandioca em escala industrial.

Segundo a pesquisadora da Embrapa, Maria José Amstalden Sampaio, a visita dos consultores à América Latina –  incluiu também uma visita ao CIAT – Centro Internacional de Agricultura Tropical, na Colômbia – e  tem como objetivo principal identificar tecnologias que possibilitem incrementar e diversificar as técnicas de manejo da mandioca na África.

 "A mandioca é um produto de extrema importância na alimentação dos africanos e é consumida principalmente in natura ou sob a forma de farinha fermentada. O que eles precisam é tornar a produção mais tecnológica, em termos de mecanização, por exemplo, e também identificar novas formas de aproveitamento desse tubérculo", ressalta Sampaio.

O continente africano é o maior produtor mundial de mandioca. A produção é distribuída por vários países, com destaque para a Nigéria e a República Democrática do Congo que, juntos, contribuem com aproximadamente metade da produção do continente. A outra metade é produzida em outros 37 países.

Mas, apesar da alta produtividade dessa cultura, a África ainda enfrenta alguns problemas agrícolas, como: o baixo nível tecnológico; a alta incidência de doenças, principalmente o mosaico africano; e a ocorrência de pragas, como cochonilha, ácaros e o gafanhoto, entre outras.

Variedades mutantes naturais de mandioca

Um dos pontos que despertou a atenção dos representantes africanos e provavelmente fará parte da cooperação técnica entre os dois continentes é a utilização de ferramentas biotecnológicas para diversificar o mercado e aumentar as vantagens econômicas e sociais dos produtores. Por isso, esse será um dos itens na pauta de uma reunião amanhã entre os consultores e a equipe de cooperação internacional da Embrapa.

Em 1996, o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Luiz Joaquim Castelo Branco Carvalho e sua equipe coletaram variedades mutantes naturais de mandioca na Amazônia. A realização de testes bioquímicos e genéticos levou à identificação de genes e características responsáveis pelas mutações naturais que podem beneficiar diversos setores da indústria.

Uma das características identificadas pela Embrapa é o alto teor de glicose, que pode ser altamente positivo para a produção de etanol, já que dispensa a necessidade de hidrólise utilizada no processo convencional. "Para produzir o combustível a partir da mandioca é preciso hidrolisar o amido que está no tubérculo e esse processo é dispendioso tanto em termos financeiros como energéticos", afirma Castelo.

As variedades pesquisadas pela Embrapa possuem açúcar na raiz ao invés de amido e, por isso, podem levar a uma redução de mais de 25% no custo energético do processo final de obtenção de etanol.

Alimentos funcionais

 As pesquisas podem beneficiar ainda outros setores da indústria, já que os testes constataram também teores de carotenóides superiores e diversificados em relação aos encontrados nas variedades convencionais de mandioca.

Essas substâncias, entre as quais se incluem o beta caroteno, o licopeno e a luteína, são muito importantes para a nutrição e saúde humanas. Enquanto o beta caroteno atua como pró-vitamina A que, quando ingerida, se transforma em vitamina A no organismo; o licopeno age como antioxidante, colaborando para a prevenção do câncer de próstata; e a luteína como protetor da mácula ocular, que se localiza na parte central da retina, e é responsável pela nitidez das imagens.

De Brasília, os consultores seguem para Cruz das Almas, na Bahia, onde visitam outra unidade de pesquisa da Embrapa: a Mandioca e Fruticultura Tropical.

 

Fernanda Diniz (MTb 4685/89/DF)Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia(61) 3448-4769 e 3340-3672fernanda@cenargen.embrapa.br

Mais informações sobre o tema
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