03/09/08 |

Parceria para cultivo do algodão agroecológico

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A Embrapa Algodão (Campina Grande-PB) e a ONG Dom Helder Câmara iniciaram negociações para a criação de uma rede interinstitucional visando ao desenvolvimento do cultivo de algodão agroecológico, algodão em pluma, biodiesel e torta orgânica. Segundo o chefe-geral da Unidade, Napoleão Beltrão, a idéia é implantar o projeto nos territórios onde já exista uma planta de beneficiamento de biodiesel da Petrobras funcionando.

Uma primeira reunião foi realizada em Campina Grande (PB) com representantes da ONG, com sede em Recife (PE), que vieram discutir com pesquisadores sobre a execução de um programa de desenvolvimento do algodão agroecológico para o vizinho Estado de Pernambuco.

Para a safra 2008/2009, as instituições parceiras pretendem mobilizar algo em torno de 3 mil famílias de agricultores familiares nos territórios do Pajeú, Cariri, Apodi, Sertão Central, Sertão de São Raimundo Nonato e Inhamus nos estados da Paraíba, Pernambuco, Ceará e Piauí.

Estão previstos a implantação inicial de 250 hectares de algodão consorciado com gergelim, milho e feijão, de onde se pretende retirar cerca de 375 toneladas de pluma e mais 1.500 toneladas de grãos (milho, feijão e gergelim). Na região de Sumé (PB) já estão implantados 50 hectares irrigados.

A Petrobras deverá financiar boa parte do projeto e será também a compradora da produção. A ONG  Dom Helder vai se encarregar da capacitação e da assistência técnica aos produtores, além do monitoramento e da coordenação institucional. À Embrapa Algodão caberá a coordenação técnica, em conjunto com o ESPLAR (Centro de Pesquisa e Assessoria), sediado em Fortaleza, CE.

O projeto surgiu de um acordo de cooperação entre o Governo brasileiro e o Fundo Internacional das Nações Unidas (FAO). O cultivo orgânico tem se tornado uma excelente alternativa de renda para os agricultores familiares do Nordeste do Brasil. Além disso, o programa brasileiro de biodiesel tem como premissa a inclusão de pequenos agricultores na produção de mamona, por exemplo.

O diretor do Projeto Dom Helder Camara, Espedito Rufino, disse que as reuniões com a Embrapa visam fechar um projeto que já vem em discussão, ação que pretende trabalhar a produção do algodão agroecológico de forma diferenciada envolvendo famílias de agricultores e técnicos na busca de atender a alimentação da família e, ao mesmo tempo, produzir o algodão de olho na pluma para o mercado de confecção, o óleo para atender o programa de biodiesel da Petrobras e a torta para o uso na alimentação do rebanho dos próprios agricultores.

"Nós vamos trabalhar nos territórios com um número de famílias que serão ampliadas no segundo ano, no primeiro ano são 150 famílias em cinco territórios com 30 hectares dando 150 hectares todo bem organizado, bem trabalhado para que a gente possa fazer toda experiência, todo experimento com a participação dos trabalhadores", argumenta Rufino.

A primeira parte do projeto responsável pela produção de sementes para a produção está orçada em cerca de R$ 15 mil reais e a grande produção na safra 2009 está orçada em R$ 1,1 milhão, sem contar com a assessoria técnica que será de responsabilidade de cada parceira.

O pesquisador da Embrapa Algodão, Melchior Batista, disse que o projeto é de fundamental importância para o soerguimento da produção algodoeira de forma sustentável na região semi-árida e representa o reconhecimento que a Embrapa e entidades parceiras vêm fazendo na região de Remígio e outros municípios da Paraíba e do Nordeste.

"Não deixa de ser um reconhecimento do trabalho que a gente vem fazendo e que você já vem acompanhando há mais de três anos. As entidades têm apostado na questão do algodão agroecológico como uma alternativa, como uma forma de reintroduzir o algodão dentro dos sistemas de produção familiares e agora a gente vê que aquela semente que a gente tem plantado a três, quatro anos lá no Assentamento Queimadas vem rendendo frutos e se espalhando pelo Nordeste inteiro", comemora o pesquisador.

Para o especialista em agricultura irrigada, Fábio dos Santos Santiago, "nesse primeiro momento, a gente está multiplicando essas sementes para que, no primeiro ano, a gente possa ter em cada território uma unidade de referência familiar onde as pessoas possam se sensibilizar e implantar esses consórcios, principalmente com algodão. Cada unidade vai ter também a produção de sementes, podendo contribuir para a expansão no segundo ano, que envolverá dez comunidades no território, de modo que a gente possa incluir, ano após ano, mais famílias".

Dalmo Oliveira - MTb/PB N.º 0598Colaboração: Antônio Tavares da Silva Filho (Stúdio Rural)Contatos: (83) 3315.4361imprensa@cnpa.embrapa.br

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