15/09/08 |

Uso da fécula de mandioca no pão é aprovado no Senado

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O Senado Federal aprovou um projeto de lei que incentiva a cadeia produtiva da mandioca no país, obrigando prefeituras e governos estaduais e federal a exigirem dos seus fornecedores de biscoitos, pães e massas que a farinha de trigo receba mistura de algum derivado de mandioca (farinha refinada, farinha de raspa e fécula/amido).

Desde 2001, quando foi apresentado pelo deputado federal Aldo Rebelo, o projeto teve o apoio da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical (Cruz das Almas - BA), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Centenas de palestras foram apresentadas em 19 estados, seguidas de degustação, sobre a combinação mandioca-trigo. "A aceitação unânime dos consumidores foi determinante para que a novidade alcançasse quase todo o país", afirma Joselito Motta, pesquisador responsável pela iniciativa.

O projeto

Caso a proposta seja sancionada pelo presidente da República, pães, biscoitos e massas de programas sociais, inclusive o Fome Zero, vão conter  nova mistura.

O projeto 22/07 prevê que a farinha de trigo e seus produtos transformados vendidos aos governos tenham no mínimo 3% de derivados de mandioca já no primeiro ano de vigência da lei. A partir do segundo ano, a farinha deverá receber no mínimo 6%, percentual que subirá para 10% depois do terceiro ano.

Os moinhos que realizarem a mistura vão receber incentivos fiscais. O projeto foi aprovado anteriormente pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor, Fiscalização e Controle (CMA).

Mercado

Um dos objetivos do projeto de lei é incentivar a produção nacional e garantir mercado para os produtores de mandioca, a maioria familiares. Atualmente o país importa cerca de 75% da farinha de trigo que consome. Estimativas apontam que a mistura pode resultar em economia anual de US$ 104 milhões.

A fécula atua na mistura como um diluidor do glúten presente no trigo, conferindo poucas alterações na rotina da panificação. Em Cruz das Almas, o padeiro Toni Carvalho, da Panificadora Parati, foi um dos pioneiros. "O pão fica mais macio, não emborracha nem estica. Ele é crocante, mas sem ferir o céu da boca.

Além disso, de um dia para o outro, volta a ficar crocante quando é esquentado", ressalta. Toni faz pão com fécula todos os dias, desde o final de 2001, como opção ao pão francês tradicional. "Já temos alguns clientes fiéis", afirma.

Raiz do Brasil

Segundo Joselito Motta, a mandioca é ainda uma riqueza muito pouco conhecida e explorada. "Seus usos ainda são vistos com muita surpresa, passando por métodos rudimentares de aproveitamento a usos industriais sofisticados, ampliando a cada dia a complexidade de sua cadeia produtiva", explica.

A maior utilização da fécula ocorre na indústria, especialmente de tecidos, papéis, colas, tintas, embutidos de carne, cervejarias, cosméticos, produtos de confeitaria, na indústria petrolífera e em embalagens biodegradáveis, substituindo os derivados do petróleo. A aplicação  do amido de mandioca alcança mais de 800 usos.

Considerada a raiz do Brasil, a mandioca tem ampliado seus usos como importante alternativa alimentar. Sua versatilidade aponta para novas formas de consumo. "Associada a fontes de proteínas disponíveis em cada região, a mandioca já faz parte de uma dieta saudável e adequada na merenda escolar de vários municípios brasileiros, sob a forma de bolachinhas de goma, pães de queijo e beijus ou tapiocas com cores, cheiros e sabores ricos e atraentes", salienta Joselito.

Mais informações no endereço: http://www.cnpmf.embrapa.br/publicacoes/folder/folder_fecula.pdf

Léa Cunha (DRT-BA 1633)Embrapa Mandioca e Fruticultura TropicalContatos: (75) 3312-8076 Fax: (75) 3312-8092 leacunha@cnpmf.embrapa.br

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
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