22/09/08 |

Insetos estéreis podem dar bons frutos no negócio da manga

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A atração sexual entre machos estéreis de moscas das frutas (Ceratitis capitata) e fêmeas selvagens da mesma espécie deverá dar bons frutos para o negócio agrícola da cultura da manga no Submédio do Vale do São Francisco – principal área de produção dessa fruta do país e maior pólo de exportação do Hemisfério Sul.

Pesquisas realizadas na Embrapa Semi-Árido têm avaliado, com sucesso, até a aromaterapia com gengibre para aumentar as chances desses espécimes copularem em condições ambientais como forma de reduzir a presença da praga nos pomares de manga para níveis de infestação em percentuais que não provoquem dano econômico à cultura. 

A presença de moscas-das-frutas em quantidades elevadas nas regiões de cultivo impõe barreira ao comércio da fruta brasileira. Os Estados Unidos, principal destino da manga exportada pelo Brasil, exige das áreas produtores investimentos em estruturas para monitoramento do inseto nos pomares e tratamento dos frutos nas casas em "packing houses".

O controle biológico com inseto estéril, embora resulte na abolição de produtos químicos, reduz a quantidade de pulverizações nos pomares e não tem restrição por parte da legislação fitossanitária internacional.

Pesquisas – As fêmeas de mosca das frutas costumam depositar seus ovos abaixo da casca dos frutos quando começam a amadurecer. As larvas que eclodem dos ovos se alimentam da polpa da fruta e provocam o amolecimento do local.

Além disso, a minúscula perfuração feita permite a entrada de fungos e bactérias que causam o apodrecimento das frutas. Isto inviabiliza o comércio dos frutos destinados ao consumo in natura e à indústria.

Os ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e da Ciência e Tecnologia (MCT) investiram cerca de 20 milhões de reis na instalação de uma biofábrica, Moscamed, na cidade de Juazeiro – BA, com capacidade para produzir  200 milhões de insetos estéreis. No processo de esterilização, machos das moscas das frutas ainda na fase de pupas são submetidos a irradiação gama de Cobalto 60. A grande quantidade de insetos se justifica pelo fato de que para competir com os machos selvagens pela cópula com as fêmeas.

Um dos estudos desenvolvidos pela pesquisadora Beatriz  Aguiar Paranhos Jordão, da Embrapa Semi-Árido, está relacionado à capacidade dos insetos estéreis se dispersar pela área do pomar, sobreviver e ainda ter um desempenho sexual maior que os machos selvagens.

O Programa Moscamed Brasil prevê a liberação de cerca de 1000 machos estéreis por hectare. Um dos meios de se aumentar a eficiência desta técnica é a liberação de uma população nove a cem vezes maior de machos estéreis em relação à população selvagem presente no campo, pois aumenta a probabilidade das fêmeas selvagens serem copuladas pelos insetos estéreis. 

Segundo dados da Agência Internacional de Energia Atômica para que seja tecnicamente viável é preciso que ocorra em condições de campo, no mínimo, 20% de cópulas entre  machos estéreis tsl e fêmeas selvagens. O trabalho com aromaterapia realizada pela pesquisadora no Laboratório de Moscas das Frutas da Embrapa Semi-Árido já resultou na comprovação de  que machos estéreis tratados aromaticamente com óleo de gengibre tiveram um aumento de 40% no índice de cópulas com fêmeas selvagens.

Mercado

Até dezembro de 2009 a pesquisa vai estar com o produto – Machos estéreis de Ceratitis capitata – pronto para uso nas áreas de agrícolas do Vale do São Francisco, não apenas nos pomares de manga. Em estudos mais recentes, foi detectado a infestação de plantios de uva, da goiaba e da acerola pela praga. Portanto, para ser eficiente, a técnica do inseto estéril deverá ser estendida dos mangueirais para a outras espécies de frutíferas. Além desse mercado, o produto tem grande potencial de exportação para a Argentina.

Segundo Beatriz Paranhos, uma rede de instituições no Brasil e exterior participam dos estudos com essa técnica no Vale do São Francisco, a exemplo dos ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e da Ciência e Tecnologia (MCT), Universidade de São Paulo, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, a Agência Internacional de Energia Atômica e do Banco do Nordeste.

A Ceratitis capitata é uma das espécies de mosca-das-frutas mais nocivas à fruticultura mundial. Além dos danos diretos que causa, provoca danos indiretos que são ainda mais prejudiciais porque estão relacionados ao custo das medidas regulatórias requeridas para exportar frutos frescos a países que consideram esta praga de importância quarentenária, tais como EUA, Japão e outros países da Ásia.

 A tecnologia pode ser conferida durante o VI Ciência para Vida.

Serviço :

VI Exposição de Tecnologia Agropecuária – Ciência para a VidaA exposição Ciência para Vida está instalada na Sede da Embrapa, localizada no final da W3 Norte. O evento é aberto ao público e vai até o dia 28 de setembro. De segunda a quinta-feira: das 9 às 20 horas; de sexta-feira a domingo das 10 às 22 horas.

Contato:

Beatriz Aguiar Paranhos Jordão – pesquisadora,bjordao@cpatsa.embrapa.br

Marcelino Ribeiro – jornalistamarcelrn@cpatsa.embrapa.br

Embrapa Semi-Árido – 87 3862 1711

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/