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Secador solar para produtos agroflorestais: economia e qualidade

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Uma estufa construída com madeira, metal, vidro e plástico. Na parte superior, uma chaminé para saída do ar quente e úmido. Na porção inferior, uma abertura para controle da entrada de ar no fluxo. No interior, três câmaras demarcam os espaços de aquecimento, secagem e desumidificação. Assim é o secador solar para produtos agroflorestais desenvolvido pela Embrapa Amazônia Oriental (Belém/PA), em parceria com a instituição francesa Escola Nacional de Engenharia Rural, Águas e Florestas de Nancy.

De construção simples e fácil remoção, o equipamento é recomendado como alternativa para as secagens natural (ao ar livre) e industrial, beneficiando especialmente pequenos produtores que não podem arcar com os altos custos do processo industrial de secagem.   "O secador solar proporciona economia ao produtor e garante um produto final com qualidade para comercialização, inclusive exportação", informa o pesquisador responsável pela tecnologia, Osmar José Romeiro de Aguiar, estimando que o valor do investimento para construção do equipamento é próximo de R$ 5 mil.

Osmar Aguiar conta que o modelo foi desenvolvido a partir de fundamentos da física e de fenômenos da natureza, funcionando com base no efeito estufa e no aprisionamento de ondas solares longas, as infravermelhas, com aproveitamento máximo da energia solar. "O mecanismo de controle do fluxo de ar mantém a umidade e a temperatura dentro do secador em valores ideais para diferentes produtos, sem gasto de energia, e esse sistema é um dos diferenciais do modelo".

O equipamento vem sendo aprimorado desde 2004 e os estudos caminham para tornar possível a construção de secadores solares em grandes áreas, como parques de secagem de madeira. Já foi testado com sucesso para secagem de madeira (inclusive jatobá, atualmente a madeira de maior valor para exportação), fibras de coco, pimenta-do-reino, cupuaçu fermentado e folhas de nim (amargosa).

O protótipo exposto na sede da Embrapa em Belém mede 6,42 metros de comprimento por 2,20 m de largura e 2,50 m de altura. As paredes laterais (de plástico) e o teto (de vidro) são transparentes, o chão é de madeira, as estruturas são de metal e madeira. O teto tem inclinação na direção Norte para o sol incidir o ano todo. A temperatura interna pode chegar a ser 35ºC mais alta que a do ambiente externo.

Benefícios da tecnologia

Vários são os benefícios da tecnologia do secador solar para produtos agroflorestais, conforme enumera o pesquisador Osmar Aguiar. A começar pelo custo energético zero, pois a fonte é a energia solar. Em relação à secagem natural (ao ar livre), a solar é mais rápida e higiênica, garantindo qualidade final ao produto conforme os critérios de comercialização no mercado interno e externo  

Se comparada com o processo industrial, a secagem solar representa apenas 8% do custo industrial com aquisição e implantação de equipamento com capacidade para secar 50 metros cúbicos de madeira serrada – uma economia, portanto, de 92% ao produtor. Outro resultado da pesquisa que a manutenção mensal do modelo solar equivale a 5% do valor do custo necessário para manter um secador industrial.   "Secagem industrial é mais rápida que a solar, mas fica inviável aos pequenos produtores devido ao alto custo energético proveniente de fontes térmicas ou elétrica utilizadas para gerar o aquecimento no processo industrial", explica o pesquisador. Segundo ele, os dois principais diferenciais do modelo de secador solar para produtos agroflorestais desenvolvido pela Embrapa são as três câmaras internas (aquecimento, secagem e desumidificação) e a chaminé, pois esta resolve o problema de eliminação da umidade excessiva de dentro do secador.

Além disso, salienta o pesquisador, dispensa-se o uso de produtos químicos e é alto o índice de higienização do produto: "a secagem solar em ambiente fechado e controlado evita a contaminação por microorganismos, insetos e dejetos de animais".

Princípios do funcionamento

O pesquisador Osmar Aguiar destaca cinco princípios de funcionamento do modelo de secador solar para produtos agroflorestais recomendado pela Embrapa Amazônia Oriental.

1) A aeronâmica interna é definida pela arquitetura da estufa.

2) A estufa é orientada no sentido onde possa haver melhor aproveitamento do regime de ventos, pois isso favorece o fluxo de ar interno.

3) O ar sempre renovado internamente impede que a umidade do ar alcance níveis indesejáveis dentro da estufa. Umidade interna fora de controle representa risco de contaminação do produto em secagem. O ar quente e úmido sai pela chaminé.

4) O teto transparente permite a entrada da radiação. Ao encontrar obstáculo, parte das ondas curtas é absorvida e em seguida liberada, na forma de calor, em ondas longas que ficam retidas no interior do secador. Esse acúmulo de radiação gera aumento de temperatura e acelera o processo de secagem do produto úmido.

5) O tempo de secagem para atingir o teor de umidade desejável na madeira depende do teor de umidade de equilíbrio do local em que o produto será utilizado. Exemplo: se o local de secagem for Belém (PA), a madeira de jatobá (25 mm de espessura) destinada a São Paulo deverá secar por 25 dias. Se for para lugar menos úmido, como Canadá, precisará do dobro do tempo.

Serviço :

VI Exposição de Tecnologia Agropecuária – Ciência para a Vida

A exposição Ciência para Vida está instalada na Sede da Embrapa, localizada no final da W3 Norte. O evento é aberto ao público e vai até o dia 28 de setembro. De segunda a quinta-feira: das 9 às 20 horas; de sexta-feira a domingo das 10 às 22 horas. 

Mais informações sobre a tecnologia: sac@cpatu.embrapa.br

Izabel Drulla Brandão (MTb 1084/PR) Embrapa Amazônia Oriental Contato com a imprensa: (91) 3204 1200 – izabel@cpatu.embrapa.br

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/