26/09/08 |

A pesquisa é o próprio “ócio criativo”

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Trabalho, estudo e lazer. O equilíbrio entre essas atividades é o que o sociólogo italiano Domenico De Masi propõe para as pessoas viverem mais felizes e serem mais produtivas. Esse foi o tema da palestra que ele apresentou nesta sexta-feira (26), encerrando o I Simpósio sobre Inovação e Criatividade Científica, realizado na Embrapa, em Brasília (DF).

Segundo De Masi, o afinamento desses três conceitos é o que ele chama de "ócio criativo".  "É preciso trabalhar para gerar riqueza, estudar para gerar conhecimento e se divertir para gerar bem-estar e alegria. Ou seja, o ócio criativo não significa preguiça e inércia, e sim a capacidade de desenvolver essas atividades ao mesmo tempo. É como se trabalhássemos brincando, mas isso não é tarefa fácil", explicou.

O sociólogo, que há 15 anos estuda grupos criativos, fez um breve histórico sobre a evolução da sociedade. Ele explicou que mesmo as organizações que desempenham atividades criativas - como universidades e laboratórios de pesquisa - possuem uma estrutura das fábricas da sociedade industrial, que exaltava, sobretudo, a racionalidade e a produção em série e mecanizada. "Isso gera tensão e crise nas empresas e o efeito é que elas não são capazes de projetar o futuro.  Logo, o que temos são instituições tristes. Por isso o interesse de um grande número de organizações pelo tema", afirmou.

Na teoria desenvolvida por De Masi, a criatividade é a síntese de dois fatores: a fantasia e a concretude. O primeiro, segundo ele, permite fabricar idéias e, o segundo, traduz as idéias fantasiosas em realidade concreta. "Isolados, esses conceitos não funcionam. É preciso que nas organizações existam grupos mistos e líderes carismáticos, motivados e corajosos."

Outros conceitos abordados durante a palestra foi o de controle, que remete à sociedade industrial, lembrando o taylorismo e o fordismo, e o de motivação, que diz respeito ao trabalho criativo. "Quanto maior o controle, menor a motivação", esclareceu o sociólogo, afirmando que a burocracia é a entropia organizacional. "O triunfo da burocracia é o assassinato das idéias, por isso, deve-se reativar os mecanismos que possam combatê-la."

Foram inúmeras as perguntas e precisas as respostas. E também bem humoradas, tanto que provocaram boas risadas da platéia. Já mais de 18h30 e a mestre de cerimônias avisa que só há tempo para mais uma pergunta. Domenico, expressão de estranheza, pergunta o porquê de apenas mais um questionamento. A mestre de cerimônias explica que há uma programação ainda a ser cumprida e pessoas com viagem marcada. Domenico, não convencido, e se divertindo, alerta: "analisemos esse caso de burocracia". Convida a mestre de cerimônias para se sentar ao seu lado. E completa: "vem aqui essa elegante senhorita e diz que há tempo para apenas mais uma pergunta. E o contexto que ela nos mostra é um contexto burocrático", reforçando sua idéia de oposição entre burocracia e criatividade.

Domenico abordou ainda outros conceitos, citou idéias e frases de Oscar Niemeyer  e Gilberto Freyre, além de levantar a questão das diferenças entre homens e mulheres que perdura até os dias de hoje. No final, ressaltou o Brasil como um lugar propício para colocar em prática a criatividade e deixou um recado: "O Brasil é um país em que muitas pessoas passam fome e não têm acesso à educação. Vocês tiveram condição de estudar, recebem salário, [trabalham numa empresa que] tem estrutura, logo, nesse contexto,  não ser criativo é crime."

Juliana Freire (MTb 3053/DF)Contato: (61) 3448-4039juliana.freire@embrapa.br

Marita Féres Cardillo (Mtb 2264/DF)Contatos: (61) 3448.4012 marita .cardillo@embrapa.br

 

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