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Projeto estuda o efeito inseticida do cipó vick

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Uma parceria entre o Programa Biodiversidade Brasil-Itália (PBBI), Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) e Embrapa Acre (Rio Branco), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, vem possibilitando o desenvolvimento de pesquisas sobre o efeito inseticida do cipó vick, manejo de plantas medicinais e conservação de variedades de mandioca na Reserva Extrativista Cazumbá-Iracema (Resex).

Os resultados preliminares destas experiências foram apresentados pelos pesquisadores Murilo Fazolin, Moacir Haverroth e Amauri Siviero, no estande do PPBI, durante a sexta edição da exposição agropecuária Ciência para a Vida, encerrada no último dia 28 de setembro, em Brasília (DF).

A Reserva Extrativista Cazumbá-Iracema está localizada em uma área de 750.000 ha, nos município de Sena Madureira e Manoel Urbano (AC), e abriga 270 famílias distribuídas em lotes de aproximadamente 500 ha, conhecidos como "colocações".

A principal fonte de renda das famílias é o extrativismo de castanha-do-brasil, borracha e sementes, além da agricultura e pecuária de subsistência. Desde 2003 o PPBI vem investindo em pesquisas voltadas para a conservação e uso sustentável da biodiversidade na Resex.

Cipó vick

Os moradores do Riozinho Cachoeirinha, uma das comunidades da Resex (Sena Madureira/AC), estão testando a eficiência do efeito inseticida do cipó de "kangàrà kanê" (Tanaecium nocturnum), planta popularmente conhecida como cipó vick, encontrada em abundância no Estado do Acre. A pesquisa consiste na prospecção e avaliação de plantas da Reserva Extrativista Cazumbá-Iracema com potencial de uso inseticida, visando viabilizar a produção de inseticidas botânicos simplificados para uso na agropecuária na comunidade.

Um estudo publicado em 1991 relatou o uso do cipó vick por comunidades indígenas, em enxames de abelhas para facilitar a coleta de mel. "Agora estamos adaptando o conhecimento indígena para gerar tecnologia para o pequeno produtor, visando o controle de pragas em grãos armazenados. Isto vai proporcionar melhores condições de armazenamento da produção a custo zero para o agricultor e a oferta de alimentos com maior qualidade", afirma o pesquisador Murilo Fazolin, coordenador da pesquisa.

Dentre as pragas que infestam grãos armazenados no Brasil, o gorgulho (Coleoptera Curculionidae) é a mais agressiva, devido ao grande número de hospedeiros, elevado potencial biótico, capacidade de penetração na massa de grãos e infestação cruzada. Comumente são utilizados produtos químicos no controle desses insetos. Na Resex Cazumbá-Iracema o talo triturado do cipó vick vem sendo testado como inseticida natural no controle do gorgulho em milho armazenado, com grande eficiência.

Plantas medicinais

O projeto "Manejo comunitário de plantas medicinais" executado na Reserva Extravista Cazumbá-Iracema, no âmbito do Programa Bidodiversidade Brasil-Itália, teve início no final de 2006, com a implantação de um viveiro (matrizeiro) em cinco propriedades, para a produção de plantas medicinais associadas a espécies agroflorestais, especialmente as exóticas. Hortelã, boldo capim santo e erva cidreira estão entre as espécies mais cultivadas.

Segundo Haverroth, o objetivo é definir sistemas produtivos mais apropriados à realidade da comunidade, promover a valorização dos conhecimentos tradicionais sobre o uso de plantas medicinais e capacitar os produtores para a atividade de manipulação de espécies visando à produção de remédios caseiros. Até meados de 2009 serão implantados viveiros comunitários em todas as comunidades da Resex. "Os viveiros temporários são estruturas mais simples e utilizam matéria-prima local. Isto reduz o custo da atividade, com ganhos mais significativos para as famílias", afirma.

Além de receberem capacitação para a elaboração artesanal de produtos à base de plantas com propriedades medicinais, os produtores são orientados quanto ao cumprimento de critérios legais durante o processo de fabricação. Atualmente a produção de sabonetes, xampus e remédios caseiros ainda é destinada ao consumo das famílias, mas a expectativa, conforme explica Haverroth, é que em breve a atividade se torne uma fonte alternativa de renda para a comunidade.

Outro trabalho desenvolvido na Resex Cazumbá-Iracema com recurso e apresentado no estande do PPBI, refere-se à conservação de etnovariedades de mandioca na Amazônia, conduzida pelo pesquisador Amauri Siviero. Uma das principais culturas desenvolvidas na comunidade, a mandioca é consumida in natura e em forma de farinha ou goma. A diversidade de cultivares de mandioca no local é elevada, com predominância de variedades do tipo "brava". O objetivo da pesquisa é contribuir para o processo espontâneo de conservação e expansão do patrimônio genético da espécie /Manihot esculenta/ na região.

Outras informações:  Pesquisador Murilo Fazolin murilo@cpafac.embrapa.br

Embrapa Acre Fone: (068) 3212-3275

Pesquisador Moacir Haverroth moacir@cpafac.embrapa.br

Embrapa Acre Fone: (068) 3212-3200

Diva Gonçalves diva@cpafac.embrapa.brEmbrapa Acre Fone: (068) 3212-3272

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/