A crescente presença do alho chinês no mercado consumidor brasileiro tem mobilizado a Associação Nacional dos Produtores de Alho – Anapa, na busca de alternativas para fazer frente ao produto importado.

Para isso, a Anapa tem buscado parcerias, a exemplo da Embrapa Hortaliças, com quem firmou convênio de cooperação técnica, em julho passado, prevendo a introdução da tecnologia do alho-semente livre de vírus nas principais áreas produtoras de alho no Brasil, com vistas à melhoria da qualidade do produto.

Além dessa parceria, em andamento, a Embrapa Hortaliças foi novamente convidada pela Anapa a reforçar a sua contribuição – na seguinda-feira(6), a Unidade recebeu a visita da secretária-executiva da entidade, Tatiana Monteiro, que apresentou proposta de mais um termo de cooperação. Em linhas gerais, a proposta trata dos aspectos funcionais do alho nacional e suas vantagens comparativas com o produto chinês.

Ambas iniciativas embutem a mesma estratégia de buscar instrumentos para enfrentar a concorrência do alho importado, que vem provocando perdas de emprego e de renda dos agricultores brasileiros. Conforme o pesquisador André Dusi, que coordena o projeto de produção do alho livre de vírus na Embrapa Hortaliças, em 2002 a área plantada era de 14 mil hectares, e foi reduzida em 2005 para oito mil hectares, com a perda de 24 mil postos de trabalho diretos. Segundo ele, os 56 mil empregos gerados no Brasil em 2002 foram parar na China, em 2005.

A secretária-executiva informa que a idéia da Anapa é trabalhar em três vertentes. A primeira, com base nos dados da pesquisa, demonstraria as vantagens funcionais do alho nacional, que já sai na frente com maior teor de alicina, composto orgânico que potencialmente pode estar relacionado à redução do colesterol e prevenção de infarto agudo do miocárdio. Estudos neste sentido estão sendo conduzidos, em parceria com a Embrapa Hortaliças, na Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília por Ester Silva, engenheira de alimentos e doutoranda em Ciências da Saúde.

Na segunda etapa, seriam ressaltados os aspectos culinários, com demonstrações - nos programas de televisão - das vantagens do nosso alho, que apresenta mais sabor, maior rendimento e menor escurecimento na fritura.

O último processo envolveria a divulgação dessas qualidades para a sociedade brasileira. "Nossa intenção é mobilizar todos os meios de comunicação numa campanha de fortalecimento do alho nacional", declara Tatiana.

Na avaliação do chefe da Embrapa Hortaliças, Celso Moretti, o novo projeto de cooperação técnica tem a finalidade de desenvolver argumentos baseados no trabalho de pesquisa para brigar pelo alho nacional. Ele destaca a colaboração estreita com a UnB na elaboração das análises realizadas com vistas a caracterizar o alho brasileiro e o chinês, e embora reconheça as dificuldades da missão da Anapa, está otimista quanto aos resultados.

"Não se trata de um processo fácil e de resultados imediatos, mas se a iniciativa da Anapa estimular a criação de uma rede articulada de ações entre o Estado, os produtores e a pesquisa, a perspectiva é bastante positiva", aposta Moretti.

Anelise Macêdo (MTb 2749/DF)Embrapa HortaliçasContatos: (61) 3385 9109