13/10/08 |

Pimenta longa tem rede de pesquisa

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Pesquisadores de 10 unidades da Embrapa, Universidade Federal do Acre, Pará e Lavras (MG), e produtores de diversos Estados estarão em Rio Branco, ente 14 e 16 de outubro, para definir estratégias e arranjos institucionais para o desenvolvimento de um projeto de pesquisa em rede contemplando espécies com potencial para extração de óleos essenciais.

Eles participam do I Workshop de Articulação da Pimenta Longa e Pimenta de Macaco promovido pela Embrapa Acre, em parceria com o Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento. A programação começa à 8h30, no auditório da Unidade.

A pimenta longa (Piper hispidinervum) e a pimenta de macaco (Piper aduncum) são espécies nativas da Amazônia, pertencentes à mesma família botânica (Piperácea). Encontradas em abundância em áreas de capoeira do Acre, estão entre as principais plantas aromáticas fornecedoras de óleos essenciais, extraídos das folhas e talos finos por meio de processo de destilação por arraste de vapor.  O óleo essencial de pimenta longa é rico em safrol e o de pimenta de macaco, em dilapiol, substâncias com grande apelo comercial.

Com base na importância econômica, social e ambiental e nas perspectivas de mercado das duas espécies, o encontro vai discutir alternativas para melhorar os sistemas produtivos e agregar valor à produção, além de definir linhas prioritárias de pesquisa para a região e fontes de financiamento, conforme explica o pesquisador Jacson Rondinelli, um dos coordenadores do evento. "A interação e troca de experiência com atores de outras regiões é uma estratégia indispensável ao processo de aperfeiçoamento da produção, difusão e fortalecimento da cultura", afirma. 

Mercado do safrol

O safrol é um componente químico aromático utilizado como matéria prima pela indústria de medicamentos, tintas e perfumes. Até o início da década de 90, o Brasil era o principal produtor de safrol natural, extraído da Canela de Sassafrás (Ocotea pretiosa Mezz) no sul do país. A proibição da exploração desta espécie devido ao risco de extinção levou o país a importar o produto e fez com que grandes indústrias químicas processadoras de fragrâncias e inseticidas, nacionais e estrangeiras, buscassem novas fontes para a sua obtenção.

O consumo mundial de safrol ultrapassa três mil toneladas/ano, mas a oferta é escassa, concentrando-se apenas na China e Vietnã, únicos produtores. A pimenta longa representa uma fonte alternativa renovável de safrol natural devido à alta concentração desta substância (acima de 90%) no óleo dela extraído. Características como facilidade de rebrota da planta após o corte possibilitam a exploração dos cultivos de forma sustentável.

No segundo eixo das pesquisas com óleos essenciais desenvolvidas pela Embrapa Acre está o dilapiol, substância encontrada no óleo extraído da pimenta de macaco, em concentrações que variam entre 68% a 85% por litro. Usado na composição de inseticidas naturais, apresenta elevada eficiência no controle biológico de pragas da agricultura como a broca do abacaxi.

Os inseticidas naturais representam uma alternativa viável para o produtor devido ao baixo custo operacional, facilidade de preparação e utilização e por não oferecer riscos ao homem e ao meio ambiente. A procura por produtos inócuos em substituição aos inseticidas convencionais (químicos) vem crescendo vertiginosamente nos últimos anos, especialmente por países da União Européia.

Desafios

Desde 1992 a Embrapa Acre, Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) desenvolve pesquisas com a pimenta longa com o objetivo de transformá-la em alternativa produtiva sustentável para a agricultura familiar na Amazônia.

Parte deste trabalho se concentra no melhoramento genético, conservação e caracterização da espécie, utilizando plantas coletadas em diversos municípios acreanos. O objetivo do Banco Ativo de Germoplasma é garantir a variabilidade genética da espécie, além de dispor de material para utilização imediata ou com potencial de uso futuro.

Embora a produtividade anual de pimenta longa no Acre alcance até 130 kg de óleo essencial/ha, e o preço do produto nos mercados nacional e internacional oscile entre cinco e oito dólares/kg, a cultura ainda é pouco explorada na região. Atualmente o estado possui cerca de 40 ha da espécie, distribuídos em diversos municípios.

Segundo Rondinelli, um dos grandes desafios é desenvolver um sistema de cultivo que agregue valor ao produto final, por meio do processamento primário no campo, como forma de elevar a renda do produtor. "A cultura é rentável e outros Estados vêm despertando para a sua importância econômica, como é o caso de Minas Gerais e Goiás, que investiram na implantação de grandes plantios. O fortalecimento das ações de pesquisa e transferência de tecnologia deverá atrair novos investimentos na cultura e garantir ao Acre posição de destaque no cenário nacional", afirma.

Mais informações:

Pesquisador Jacson Rondinelli. Jacson@cpafac.embrapa.brEmbrapa AcreContato: (068) 3212-3210

Diva Gonçalves. diva@cpafac.embrapa.brEmbrapa AcreContato: (068) 3212-3272

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/