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Pesquisadores discutem manejo adequado para o Cerrado

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Conferencistas estrangeiros e pesquisadores da Embrapa estão interagindo no Simpósio Internacional sobre Savanas Tropicais, que ocorre até sexta-feira(17) em Brasília. Captação de carbono, recuperação de pastagens degradadas e a diversificação da produção são alguns temas debatidos.

O cerrado brasileiro e as savanas tropicais poderão se transformar em área de captação de carbono se adotadas práticas de conservação e manejoadequado. A afirmação é do professor Rattan Lal, da Universidade de Ohio (USA), em palestra proferida no terceiro dia do IX Simpósio Nacional sobreo Cerrado e II Simpósio Internacional sobre Savanas Tropicais, realizado em Brasília.

Os eventos, promovidos pela Embrapa Cerrados (Planaltina – DF), prosseguem até a  sexta-feira (17), com conferências e apresentação de pôsteres abordando temas como caracterização, conservaçãoe uso da biodiversidade, produção agropecuária e florestal, impactos dos sistemas de produção e estratégias de mitigação, commodities agrícolas evaloração socioambiental, políticas públicas e perspectiva mundial para as savanas.

Ao falar sobre as mudanças climáticas globais, o professor Lal ressaltou a necessidade de se adotar estratégias para aumentar a captação de carbono.Entre as estratégias, Lal citou a adoção do plantio direto, utilização de materiais melhorados, restauração da vegetação, pagamento aos produtorespelos seus serviços ambientais e implementação de políticas públicas.

"Minha sugestão para o Brasil é parar de converter ecossistemas nativos em áreas agrícolas e recuperar pastos degradados", disse. O pesquisador escocês Iain Gordon, da Organização de Pesquisa Científica eIndustrial da Austrália (CSIRO), palestrante do segundo dia do Simpósio, também enfatiza a importância ambiental e econômica de preservarecossistemas como as savanas tropicais.

Gordon comparou as savanas australianas com o Cerrado brasileiro, mas enfatizou que a produção degrãos na Austrália está concentrada em regiões de clima temperado no sul e oeste do país. "Para mim, foi uma surpresa ver fotos de grandes plantaçõesnas savanas do Brasil".

Segundo Gordon, há uma demanda crescente por alimentos e a Austrália pode "aprender com os exemplos brasileiros, sejam eles bons ou ruins".  Opesquisador comentou que as savanas australianas são utilizadas para a pecuária extensiva, voltada, principalmente, para atender o mercadoconsumidor asiático. "A grande questão na Austrália é a água, não temos a riqueza de recursos hídricos do Brasil".

Produção pecuária sustentável

Uma produção pecuária mais sustentável foi tema de palestra do pesquisador Fernando Campos (Embrapa). A expectativa futura, de acordo com Campos, éde que o cerrado brasileiro se consolide como o grande provedor de proteína animal para o mundo.

No entanto, o crescimento da pecuária nãosignificará aumento das áreas de pastagem. A recuperação de pastagens degradadas e o uso da tecnologia de integração lavoura-pecuária permitirãoo aumento da produção de carne sem que haja avanço na fronteira agrícola.

Além da sustentabilidade do sistema de produção, a demanda do mercado exigirá produto de melhor qualidade, para o qual deverão ser fortalecidosos programas de defesa sanitária, sistemas de rastreamento e certificação.

Outro palestrante a destacar a necessidade de recuperar as pastagens degradadas do Cerrado foi o professor Carlos Clemente Cerri, da USP. Aoabordar o tema "Adequação dos sistemas de produção rumo à sustentabilidade ambiental", o professor sugeriu ampliar a área utilizada pelo Brasil paraa produção de grãos e energia por meio da recuperação de 20 milhões de hectares de pastagens. O Brasil tem 172 milhões de hectares de pastagense, aproximadamente, 77 milhões de hectares de lavouras.

Diversificar para aprimorar produção

A importância da diversificação para aprimorar a produção de grãos, fibras e frutas no cerrado foi destacada pelo professor da Universidade deBrasília e pesquisador aposentado da Embrapa Cerrados, Carlos Roberto Spehar.

 "A saída da agricultura no cerrado é a diversificação que permitirá o surgimento de novos produtos, abrirá oportunidades no agronegócio e o avanço da agroindústria", ressaltou. Um dos limitantespara o aumento da produção agrícola no cerrado, segundo Spehar, é a falta de informação do agricultor que reduz o uso da tecnologia, gera menorprodutividade e em conseqüência baixa renda e um sistema de produção insustentável.

No período da manhã de terça-feira (14) ainda houve a palestra do professor José Roberto Soares Scolforo, da Universidade Federal de Lavras. Ao abordar as características e produção das fisionomias do cerrado em Minas Gerais, Scolforo apresentou uma mapa da vegetação de Minas Gerais.

Dos 19 milhões de hectares de vegetação nativa, em 2005, 53% estão preservados. A perda em dois anos (2005 a 2007) foi de 75 mil hectares de vegetação. O maior percentual (48%) de ocupação das áreas desflorestadas em Minas Gerais, neste período, é com atividade pecuária.

Os Simpósios prosseguem na quarta-feira (15) com conferência sobre "A agropecuária e o desenvolvimento socioeconômico recente do Cerrado", a ser proferida por Charles Mueller (UnB) pela manhã e painéis sobre agroenergia e sistemas alternativos e diversificados para a produção.

Liliane Castelões  (MTb/RJ 16.613) e Gustavo Porpino (RN 648 JP)Embrapa CerradosContato: (61) 8116 9747 – 8492 8660

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