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Workshop discute impacto das mudanças climáticas na produção de alimentos

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O que pode ocorrer com a produção de alimentos no mundo se a temperatura na superfície terrestre continuar crescendo? Certamente, o cotidiano de milhões de agricultores e trilhões de consumidores será afetado de alguma forma.

Entretanto, a verdadeira dimensão desse impacto em várias partes do globo ainda não é totalmente conhecida. É justamente com o objetivo de atualizar seus pesquisadores e a sociedade em geral sobre as mais recentes descobertas relacionadas a esse tema que a Embrapa promove hoje o "Workshop Mudanças Climáticas: agricultura e alimentos".

  Em termos mais específicos, o evento também procura discutir estratégias de utilização de alternativas biotecnológicas para adaptação das plantas   e mitigação de estresses decorrentes de mudanças climáticas globais. Para isso, diversos especialistas de várias partes do globo foram convidados para discutir o assunto.

A abertura do Workshop Mudanças Climáticas, realizada a partir das 9 horas da manhã, contou com a presença do chefe do Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, Carlos Lazarini, e do gerente de segurança de produtos da Monsanto, Luciano Fonseca.

Na oportunidade, Fonseca evidenciou a parceria existente entre a Embrapa e a Monsanto desde o ano 2000, cujo contrato de licenciamento para a produção da variedades de soja contendo o gen Roundap Ready vem alimentando um fundo de pesquisa da Embrapa que já chegou ao valor de 11,5 milhões de reais. "Este workshop é fruto deste fundo que, aliás, é uma prática usual da Monsanto em diversas partes do mundo, como parte de sua cultura de sustentabilidade", disse Fonseca.

O gerente da Monsanto também fez questão de frisar a contribuição da empresa para a melhoria da vida não apenas de grandes como de pequenos agricultores em diversas regiões do planeta.

Após a intervenção do representante da Monsanto, Carlos Lazarini, da Embrapa, procurou contextualizar a relação existente entre o fenômeno das mudanças climáticas e da agricultura. "As mudanças climáticas já são um fato incontestável e para que possamos lidar com ela, precisamos buscar soluções tanto globais quanto locais.Precisamos entender sua ação em nível global e seus impactos de forma regionalizada".

Em seguida Lazarini apresentou algumas frentes de estudo realizadas atualmente sobre o assunto, uma delas em que se busca a mitigação do problema, visando o desenvolvimento de sistemas de produção mais eficientes, a redução de queimadas e a produção de energias alternativas; a outra alternativa busca a adaptação dos sistemas produtivos ao novo cenário, procurando-se desenvolver sistemas mais eficientes, tais como o desenvolvimento de novas variedades de plantas com tolerância à seca.

Por isso, "a idéia deste evento é discutir como a biotecnologia poderá contribuir para o desenvolvimento de soluções para questões colocadas pelas mudanças climáticas globais que impactam a agricultura", resumiu Lazarini.

Biologia e mudanças climáticas

Em seguida à abertura do evento, o professor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, Marcos Buckeridge, realizou uma exposição sobre "A biologia e as mudanças climáticas no Brasil". Sua apresentação envolveu desde uma breve introdução sobre os principais indícios das mudanças climáticas, descobertos com o levantamento da presença de partículas de gás carbônico em amostras de gelo das calotas polares, passando pela explicação sobre o funcionamento do ciclo de carbono no planeta e por sua abordagem sobre a teoria das redes, que serve de embasamento a seu trabalho.

Sua principal preocupação, entretanto, esteve em demonstrar os resultados de uma série de estudos relacionados ao impacto da concentração de gás carbônico sobre as plantas. A partir dos resultados encontrados, Marcos Buckeridge considera que os efeitos do gás carbônico sobre as plantas devem ser levados em consideração nos trabalhos de modelagens sobre as consequências das mudanças climáticas na economia agrícola.

O professor também considera polêmica a discussão sobre o uso ou não de modificações genéticas visando a adaptação de plantas às mudanças climáticas. Além disso, propõe como solução para as mudanças climáticas o caminho do meio, ou seja, o desenvolvimento de sistemas agroflorestais de modo a conciliar, por exemplo, o incremento da plantação de cana-de-açucar para a produção de etanol, associada à plantação de florestas que favoreceriam o sequestro de gás carbônico da atmosfera.

O último palestrante do período da manhã foi o professor do Departamento de Fitotecnia da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign. Suas pesquisas sobre as respostas de plantas em ambientes com elevadas concentrações de dióxido de carbono e ozônio troposférico estiveram no foco de sua exposição.  Os resultados desse trabalho lhe permitiram construir, por exemplo, um mapa mundi de forma a evidenciar as conseqüências das mudanças climáticas globais sobre a produção de soja e milho, duas das principais culturas de importância econômica.  A  conclusão dos palestrantes do período da manhã foi que a avaliação do impacto das mudanças climáticas sobre a agricultura é um trabalho bastante complexo, por envolver a interação entre diversas variáveis, tais como a maior ou menor presença de gás carbônico na atmosfera, a maior ou menor elevação da temperatura ambiente, a disponibilidade de água e de nutrientes. Esses diversos fatores, fundamentais para a sustentabilidade da agricultura no mundo, podem variar de acordo com as regiões e sub-regiões do globo. Daí a necessidade do esforço urgente por parte dos diversos países em compreender o fenômeno das mudanças climáticas em seu território, assim como de encontrar as soluções mais adequadas para a sustentabilidade de sua agricultura.

O workshop é uma iniciativa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, instituição vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, em parceria com a Monsanto e o apoio do Laboratório de Fisiologia Ecológica de Plantas da Universidade de São Paulo – USP.

Wilson Corrêa da Fonseca JúniorMTB-MS 121Fone: (61) 3448-4284e-mail: wilson.fonseca@embrapa.br

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
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