18/11/08 |

Encontro discute mudanças climáticas

Informe múltiplos e-mails separados por vírgula.

Três palestras movimentaram a tarde de terça-feira (18) no workshop "Mudanças Climáticas: Agricultura e Alimentos", promovido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em parceria com a Monsanto e apoio do Laboratório de Fisiologia Ecológica de Plantas (Lafieco), da Universidade de São Paulo (USP). O evento - realizado no auditório da Embrapa, em Brasília, e dirigido a pesquisadores, professores universitários e estudantes de pós-graduação - teve o objetivo de discutir estratégias de utilização de alternativas biotecnológicas para adaptação e mitigação de estresses decorrentes das mudanças climáticas globais.

O especialista, que atua na área de ecofisiologia de plantas e nos mecanismos de resposta vegetal às mudanças climáticas globais, entre outros temas, apresentou uma palestra com o tema "Thermageddon e Fotosíntese: É possível utilizar os mecanismos fotossintéticos na previsão de respostas vegetais às mudanças climáticas globais?"

De acordo com o pesquisador, a expressão Thermageddon foi utilizada no livro Thermageddon: Countdown to 2030, de Robert Hunter, para designar um grande e irreversível aquecimento causado pela liberação de gases de efeito estufa de origem humana. Depois de apresentar as perspectivas de variações de temperatura da superfície da Terra até 2100 e as principais conclusões do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), Sage falou sobre as vulnerabilidades enfrentadas pelas plantas diante das mudanças climáticas e apresentou alguns dos resultados alcançados por ele e sua equipe.

Desafio - Na segunda palestra da tarde, do pesquisador Marcos Elias Ferreira, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, o tema foi "O desafio de desenvolver variedades de plantas tolerantes à seca". Ferreira abordou o trabalho desenvolvido com cultivares de arroz para mostrar a importância do desenvolvimento de plantas tolerantes à seca. "Hoje há grandes perdas em produção agrícola devido a condições limitantes de água em várias partes do mundo e é provável que o problema aumente com as mudanças climáticas", destacou. Segundo o pesquisador, atualmente 70% da água potável consumida pela humanidade é usada na agricultura e essa quantidade deve aumentar 17% até 2025.

Ferreira explicou que a principal definição de tolerância à seca ainda utilizada é de 1972: "é a capacidade de uma variedade ter um produtividade maior do que outras variedades da mesma espécie sob condições limitantes de água no solo". Nessas condições, de acordo com ele, a planta desenvolve habilidades de reduzir a perda de água para o ar e par o solo; manter o turgor celular por longos períodos de estresse; sobreviver à perda de turgor celular; proteger as células de dano oxidativo causado por radiação; reduzir a esterilidade do pólen durante o estresse; e reduzir o aborto embrionário durante o estresse.

"As variedades de arroz mais tolerantes à seca parecem ser, em geral, mais altas, têm os grãos mais pesados e perfilham pouco", disse Ferreira, lembrando, no entanto, que a busca pelo ideótipo continua. "Mas já sabemos que ele deve ter raízes profundas e fortes; arquitetura de panícula; grãos mais pesados; panículas longas, com arista; resistência a herbicidas; porte mais alto; perfilhamento médio; resistência à brusone."

O terceiro palestrante, Richard Sayre, falou sobre o "Programa de Biofortificação da Mandioca". Diretor do programa BioCassava Plus e do Institute for Renewable Fuels, o palestrante traçou um quadro sobre a desnutrição na África Subssariana e destacou a importância do melhoramento genético da mandioca na resolução desse problema. "Duzentos e cinqüenta milhões de africanos e 800 milhões de pessoas no mundo todo dependem da mandioca como sua principal fonte de calorias", ressaltou.

De acordo com Sayre, o principal objetivo do programa BioCassava Plus é produzir mandiocas melhoradas com níveis aumentados em seis vezes de ferro e zinco, maior conteúdo protéico (quatro vezes mais), aumento dos níveis de vitaminas A e E em 10 vezes, redução das perdas pós-colheitas, resistência a infecções virais e sem ácido cianídrico.

Eduardo Pinho RodriguesMTb/GO - 1093 

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/