21/11/08 |

Mato seco pode se transformar em boa forragem

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Está certo que os caprinos são animais resistentes, os mais adaptados aos rigores do ambiente semi-árido nos períodos de estiagem. Contudo, não precisam ser deixados à própria sorte quando a seca avança sobre o sertão e a única abundância nas propriedades são os restos de culturas, galhos e gravetos ressequidos. Com um pouco de recursos, o criador pode transformar este material endurecido, sem qualquer valor nutricional, em uma boa forragem para bodes e cabras.

O melhor é que nesta alteração não está envolvido qualquer insumo técnico sofisticado ou complexo. A recuperação da qualidade forrageira de mato seco, em especial as palhas de culturas perdidas nas roças, é um processo simples que envolve água e uréia, num processo conhecido como amoniação. Misturados e acondicionados em uma lona plástica, a uréia se transforma em amônia, um gás que tem a capacidade de amolecer o material endurecido pela seca e ainda recuperar parte da sua proteína.

Barato - Segundo o engenheiro agrônomo Cândido Roberto de Araújo, um capim verde pode chegar a ter 11% de proteína bruta. Na seca, este valor cai para 2-3% - valor bem abaixo dos 8% diários necessários para que um animal possa se manter em condições de não definhar seu potencial produtivo de leite e carne, além de dar crias saudáveis. Tratado com a mistura de água e uréia, o capim seco não voltaria a ter o teor de proteína da época de chuva, mas atingiria o teor mínimo para garantir ao animal bom desempenho agronômico, explica.

Para quem não fez silo ou feno no tempo das chuvas, esta é uma alternativa barata, fácil de fazer e que engorda os animais, afirma do engenheiro agrônomo Elder Manoel de Moura Rocha, responsável pela Área de Comunicação e Negócios da Embrapa Semi-Árido. Nos períodos mais intensos da seca, recorrer a esta técnica de amoniação é uma boa decisão para melhorar a dieta dos seus rebanhos, garante.

No dia de campo realizado na comunidade de Santiago, município de Bela Vista – PI, o agricultor Francisco Barbosa Coelho afirmou que o capim quando ficava seco era como se não servisse para nada. "Lá na roça era todo perdido, nunca achei que daria para fazer comida". Do tanto que poderia juntar de mato seco, ele estima que daria para preparar uns 200 kg desse material e passar pela amoniação. "Ia melhorar bastante a condição do criatório nesses dias de seca".

Outro agricultor, José Joaquim Marques, acha que poderia amoniar uns 500 kg com o que tem na sua roça, entre restos de palha de milho e capim. Ele também diz desconhecer que pudesse aproveitar um material tão seco e endurecido como o que se vê nos pastos, vários meses após passar o tempo das chuvas no sertão. "Do jeito que estou vendo, vai dar para aproveitar até galho fino. É uma técnica que pode nos ajudar muito a manter o rebanho em boas condições e não deixar os bichos sofrerem quando faltar a forragem do silo e do feno".

Como fazer – Na mistura de água e uréia, o agricultor precisa estar atento às quantidades de cada um dos produtos. Cândido Roberto explica que a solução é feita na proporção de 1 kg de uréia para 5 litros de água, no mínimo. Ela deve ser aplicada à base de 5% do material a ser tratado. Este material deve ser triturado ou quebrado e arrumado sobre uma lona plástica em camadas compactadas de aproximadamente 30 cm. Sobre cada uma delas se derrama a solução. Ao final, é só fechar a lona deixando um pouco folgada e sem nenhum vazamento para que o gás de amônia não escape e atue para amolecer a palhada.

Esta lona só deve ser aberta 21 dias após a data que foi fechada. Daniel Miranda, Supervisor do Campo Experimental da Caatinga, da Embrapa Semi-Árido, destaca que neste momento o agricultor precisa ter cuidado para não respirar o gás que está contido no interior da lona. Da mesma forma, se deve adotar algumas precauções no fornecimento do material amoniado para os animais. Ele orienta que antes de ser oferecida para os animais consumirem, é necessário deixar a forragem em repouso de um dia para o outro. Esta é uma forma de se assegurar a evaporação do excesso de gás do alimento.

Elder Moura explica que ao ser aberta a lona, a palhada estará com uma coloração escurecida e consistência macia, sinal de que o gás não escapou e a amoniação deu certo. As quantidades a serem colocadas para o consumo dos rebanhos é outro aspecto a ser bem observado. Ele orienta que a porção de consumo adequada é de 1,5 a 2% do peso vivo do animal. Bovinos, por exemplo, devem receber de 4 a 6 kg/cabeça/dia. No caso de caprinos e ovinos, a quantidade oferecida deve ser de 0,5 a 0,7 kg/cabeça/dia. O agricultor vai perceber logo o resultado na nutrição dos animais e na condição dos rebanhos, assegura.

Contato:

Elder Manoel de Moura Rocha – Área de Comunicação e Negócios para Transferência de Tecnologia emmrocha@cpatsa.embrapa.br

Daniel Miranda – Supervisor do Campo Experimental da Caatinga dmiranda@cpatsa.embrapa.br

Marcelino Ribeiro marcelrn@cpatsa.embrapa.br

Gilberto Pires gpires@cpatsa.embrapa.br

Embrapa Semi-Árido – 87 3862 1711 ou 3862-4442

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
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