05/02/09 |

Produtores mineiros aprendem sobre aproveitamento de frutos nativos

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Pesquisadores da Embrapa Cerrados (Planaltina – DF) estão capacitando pequenos produtores de Rio Pardo de Minas, no norte de Minas Gerais, sobre coleta e preparo de produtos do pequi, um dos frutos nativos do Cerrado mais utilizado na gastronomia do Centro-Oeste. A pesquisa representa mais uma opção para agregar valor a produtos da biodiversidade e incrementar a renda de famílias de agricultores. 

O estudo também visa melhorar a qualidade do óleo do pequi e aumentar a eficiência da extração. Para tanto, os pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária –Embrapa estão adaptando as condições de lavagem e batimento do fruto, estudando a melhor forma de cozimento e orientando os produtores sobre questões de sanidade. Entre as orientações dadas estão impedir que a fumaça da lenha entre em contato com o óleo e embalar o óleo em vidros escuros para evitar oxidação.

As atividades fazem parte do projeto "Avaliação participativa da aptidão agroecológica e extrativista das terras de agricultores familiares doterritório do Alto Rio Pardo (MG) para construção de sistemas de produção em bases ecológicas".

A equipe realizou, nos dias 21 e 22 de janeiro, uma oficina sobre aproveitamento do pequi no norte de Minas Gerais. A atividade foi uma oportunidade dos pesquisadores da Embrapa Cerrados interagirem com os produtores. "É possível observar que a associação entre o saber de agricultores e de pesquisadores é uma estratégia importante para o estabelecimento de formas de uso dos recursos naturais, uma vez que permite considerar, ao mesmo tempo, as limitações do ambiente e as necessidades das comunidades locais", destaca o agrônomo João Roberto Correia,coordenador do projeto.

O aproveitamento do coquinho-azedo, da mangaba e do maracujá nativo também já foi abordado em outros encontros. Os pesquisadores Herbert Lima e Cláudio Franz destacam que o coquinho-azedo, utilizado para produção de sorvete e óleo, também é uma importante fonte de renda da população local. Durante as oficinas, a equipe da Embrapa dá orientações sobre extrativismo sustentável, planejamento sobre colheita de frutos e noções de manejo sustentável.

Equipamento de pouco custo

"A pesquisa resgata o conhecimento tradicional. Muitos agricultores já haviam perdido este conhecimento", comenta Herbert sobre o aproveitamento alimentar do pequi e outros frutos nativos. Para aumentar a produtividade da mão-de-obra no descasque da amêndoa do pequi, a equipe do projeto testa um equipamento de pouco custo e movido manualmente. Os produtores também extraem óleo do rufão e docoquinho-azedo. A atividade de extração de óleo das três espécies será tema de uma oficina específica na primeira quinzena de abril. "A extração é feita em condições bem artesanais. Pretendemos incrementar para aumentar a qualidade e armazenar em condições adequadas", salienta Herbert.

As atividades da pesquisa contam com o apoio da Cooperativa Grande Sertão, Centro de Agricultura Alternativa, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Pardo de Minas e Associação das Comunidades Vereda Funda e Água Boa. O trabalho conjunto beneficia diretamente 215 famílias de extrativistas do norte mineiro. A comunidade Vereda Funda, que ocupa área de quase 10 mil hectares, conta com 130 famílias de extrativistas. Outros 5 mil hectares são da Água Boa  2. 

Os geraizeiros 

Os agricultores das comunidades do norte mineiro também são conhecidos como "geraizeiros", denominação relacionada às regiões de Cerrado do norte mineiro, comumente chamadas de Gerais. Os pequenos produtores desenvolveram um modo de vida muito peculiar, associando a produção de alimentos e a criação de animais com o extrativismo. 

"Os geraizeiros possuem uma forma singular de apropriação da natureza, regida por um sistema peculiar de representações, códigos e mitos. Os cultivos guardam uma rica diversidade de espécies e variedades e os Cerrados com suas transições (Caatinga/Carrasco) fazem parte da estratégia produtiva fornecendo, de forma extrativista, alimentação para o gado, caça, madeira, lenha, frutos, folhas, mel e medicamentos", comenta João Roberto Correia.

O pesquisador enfatiza ainda que "é fundamental" que o levantamento de informações locais seja feito com a participação dos extrativistas. Para o melhor andamento da pesquisa, Correia enfatiza que as experiências de uso sustentável dos recursos devem ser "compartilhadas e associadas à informação científica". Desta forma, complementa, é possível "construir novas propostas de desenvolvimento, especialmente voltadas para a utilização de sistemas de base ecológica".

 

Gustavo Porpino (RN648 JP)Embrapa Cerradosgporpino@cpac.embrapa.br

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
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