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Embrapa discute fertilidade do solo e uso de plantas de cobertura

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O Dia de Campo "Manejo da fertilidade do solo e uso de plantas de cobertura em sistemas agrícolas", realizado quinta-feira (5) na Embrapa Cerrados (Planaltina – DF), atraiu o interesse de trezentos participantes, entre estudantes e professores. O público tirou dúvidas com a equipe da Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa e destacou a importância da transferência do conhecimento gerado pela pesquisa agropecuária.

Para o agrônomo paulista Hermes Jannuzzi, produtor rural em Brazlândia (DF) há 6 anos, o evento "é uma excelente maneira do produtor tomar conhecimento na prática das novas técnicas desenvolvidas pela Embrapa".

Jannuzzi, que produz 25 espécies de hortaliças e tubérculos em sistema de agricultura orgânica, destaca que o uso de plantas de cobertura "é útil, mas ainda pouco utilizado pelo produtor".

A pesquisadora Arminda Moreira incentivou a discussão, durante a apresentação "Milho em sucessão às plantas de cobertura", sobre os motivos que levam à pouca implementação das plantas de cobertura, consideradas espécies melhoradoras das condições química, física e biológica do solo.

Os participantes destacaram que, além da dificuldade de conseguir sementes de algumas espécies, passam a ter mais uma atividade no sistema produtivo, o que demanda maior trabalho e conhecimento para manejar a área corretamente. Para Fernando Macena, chefe de pesquisa da Embrapa Cerrados, devem ser feitos esforços para estudar mais a competição das plantas de cobertura quando consorciadas e a avaliação das plantas mais promissoras em consórcio.  Milho em sucessão a plantas de cobertura O aumento do rendimento do milho, em sistema de plantio direto com uso de plantas de cobertura, é comprovado pelos ensaios conduzidos na Embrapa Cerrados. O feijão-bravo-do-ceará, planta de cobertura considerada melhoradora do solo, contribuiu para um rendimento de 7,2 toneladas de milho por hectare. O cultivo do milho com uso apenas da vegetação espontânea rendeu 6 toneladas por hectare. Outras plantas de cobertura avaliadas foram o milheto (7 t de milho/ hectare), mucuna-cinza (6,9 t de milho/ hectare), guandu (6,8 t de milho / hectare) e nabo-forrageiro (6,6 t de milho / hectare).

"O uso de plantas de cobertura busca o aumento de rendimento da cultura", destaca Arminda. A pesquisadora cita diversas vantagens do uso das plantas de cobertura, entre elas, a rotação de cultivos em sistemas agrícolas, necessidade de promover cobertura do solo na época seca para atenuar efeitos da radiação solar e prevenir erosão eólica, evitar a compactação do solo, contribuir com maior eficiência na extração de nutrientes, promover associação das raízes das plantas com micorrizas (fungos benéficos presentes no solo), aumentar disponibilidade de fósforo, e ainda, controlar plantas invasoras, nematóides, pragas e doenças. Correção da acidez do solo

Djalma Martinhão, pesquisador da Embrapa Cerrados há 34 anos, abordou o "Manejo da fertilidade do solo em sistema plantio direto e convencional" e o "Uso racional de fertilizantes: impacto no cultivo e na produtividade da soja e do milho". A necessidade de corrigir a acidez do solo, com uso de calcário, e as vantagens do sistema de plantio direto foram destacadas por Martinhão.

O pesquisador, que apresentou dados de ensaios que estão sendo conduzidos há até 15 anos, comenta que "é extremamente complexo tirar conclusões em experimentos de curta duração". Os resultados sobre aplicação de calcário nas culturas de soja e milho, que representam 85% da produção de grãos do Brasil, mostram que é inviável economicamente produzir grãos no Cerrado sem uso de calcário. Martinhão salientou que para cada R$1 investido em calcário, o produtor tem um retorno de R$5,40.

Os experimentos mostram ainda que o sistema de plantio direto consome de 40 a 50% menos calcário que o convencional, no qual o solo é revolvido com uso de arado de disco e grade aradora. A importância do uso de gesso agrícola para aprimorar o sistema radicular das plantas também foi comentada pelo pesquisador. "O gesso agrícola tem efeito residual grande", destaca, para lembrar que em experimentos com aplicação de gesso feita em 1982, o método ainda contribui com a melhor absorção de água e nutrientes.

Sobre o plantio direto, com uso de mucuna como planta de cobertura antes de estabelecer o sistema, Martinhão diz que a melhora biológica do solo contribui, após 8 anos, com ganhos médios de 18% na produção de grãos de soja e milho.  Uso de fertilizante De 1992 a 2007 o uso de fertilizantes agrícolas, no Brasil, aumentou 2,6 vezes e a produtividade duplicou. Para Martinhão, há relação direta entre o maior investimento em fertilizantes e o incremento da produção de grãos. No mesmo período de 15 anos, a área cultivada cresceu 1,4 vezes. O pesquisador salienta que o custo de produção da soja atingiu, em 2008, 50 sacos de 60Kg para pagar cada tonelada produzida. Em 2002, eram necessários 17,6 sacos para cobrir os gastos de cada tonelada de soja. A estimativa para 2009 é de 27,8 sacos, gasto considerado ainda elevado por conta da alta recente do preço dos fertilizantes.

"Não é possível cultivar no Brasil sem fertilizantes. É preciso mais eficiência", comenta. Para lidar com o custo de produção, os produtores devem investir em correção de acidez do solo, rotação de culturas, sistema de plantio direto, integração lavoura pecuária, e plantas de cobertura.

A aplicação de 50kg por hectare de P2O5 nas lavouras de soja e milho, por exemplo, "aumenta o custo, mas aumenta a receita líquida em proporção maior".

Os participantes do Dia de Campo também aprenderam sobre o "Manejo do nitrogênio na cultura do milho", tema abordado pelo pesquisador Thomaz Rein. A equipe da Embrapa Cerrados avaliou as doses de nitrogênio necessárias para produzir milho em solo argiloso do Cerrado. Rein destaca que "o milho demanda 20 kg de nitrogênio por tonelada de grãos produzidos".

Os participantes tiraram ainda dúvidas sobre a resposta do milho a espécies de plantas de cobertura (feijão-bravo-do-ceará, guandú, estilosanthes mineirão e sorgo) semeadas ao final da estação chuvosa. Os estudantes e produtores conheceram, na última estação do Dia de Campo, a coleção de plantas de cobertura e adubos verdes. O agrônomo Raphael Castro e Melo tirou dúvidas dos participantes e explicou a finalidade dos estudos conduzidos.  Gustavo Porpino (RN 648JP)Embrapa Cerrados (61) 3388-9945gporpino@cpac.embrapa.br

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/