A Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP) está desenvolvendo um sistema para controlar os bens patrimoniais da empresa usando a tecnologia de identificação por rádio frequência (RFID, na sigla em inglês), que emite e capta dados por sinais específicos de rádio frequência. O projeto "Sistema patrimonial baseado em RFID e código de barras" teve início em agosto de 2007, com o objetivo de construir um sistema composto de dispositivos eletrônicos (RFID e antena) e de um software para facilitar o inventário dos bens localizados em ambientes internos.

"O maior diferencial do projeto é gerar uma tecnologia, a baixo custo, que permita o controle eficiente do patrimônio, em ambiente com barreiras, ou seja, portas, divisórias e paredes, diminuindo a interferência humana para verificação e localização de bens", explica o pesquisador Marcelo Gonçalves Narciso. Atualmente esse controle é manual nas unidades administrativas e de pesquisa da Embrapa. O sistema automatizado vai reduzir custos, facilitar a localização e impedir o furto de equipamentos.

O objetivo é ter um sistema que rastreie os bens, por escritório ou sala. Para isso, o patrimônio deve receber um chip RFID, além do código de barras. Todas as salas terão uma antena para efetuar a leitura dos chips e enviar os dados para um servidor, por meio de um plug conectado à rede elétrica (tecnologia homeplug). Quando o material for movimentado, o software indicará a nova posição do bem patrimonial automaticamente.

É importante que essa tecnologia seja acessível. Cada chip custará cerca de 50 centavos e a antena por volta de 1 real, com alcance de 8 metros de diâmetro. Esse sistema vai ficar em torno de 15 mil reais, no caso de um patrimônio de 20 mil itens, de acordo com as estimativas dos desenvolvedores. Além disso, poderá ser adaptado para uso em lojas, supermercados, aeroportos e transportadoras, por exemplo. O rastreamento também poderá auxiliar no controle de estoque, balanço de empresas, localização de encomendas e até evitar o extravio de bagagens.

Narciso lembra que os sistemas de rastreamento disponíveis no mercado são mais caros e não há software livre para esse tipo de sistema. No caso do controle de rebanhos, por exemplo, a antena deve ter maior alcance, por isso o chip usado é mais sofisticado, com bateria e maior quantidade de dados armazenados. Essa tecnologia também é aplicada em pedágios e na localização de veículos, baseada em sinal de satélite. Similar ao código de barras, que usa um leitor óptico, o leitor RFID faz a leitura por radiofrequência em componentes de identificação denominados tags ou etiquetas.

"O sistema envolve um grande desafio tecnológico de pesquisa em comunicação de dados quando em ambiente interno, com paredes, portas, divisórias etc.", conta Narciso, líder do projeto. Toda a arquitetura da antena receptora e da leitora dos dados está sendo desenvolvida pelo Departamento de Microonda e Óptica da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O Departamento de Administração de Materiais e Serviços (DRM) da Embrapa e a Embrapa Instrumentação Agropecuária (São Carlos, SP) também são parceiros na pesquisa.

A equipe já tem um protótipo que está em fase de teste e validação e será aperfeiçoado até o final deste semestre para permitir a localização espacializada. Todo o sistema deve ficar pronto em cerca de 1 ano, quando então será colocado à disposição dos centros de pesquisa da Embrapa e da sociedade. O software é baseado em padrões de código aberto, isto é, software livre. O produto deve gerar uma patente da tecnologia desenvolvida e a intenção é transferir para a iniciativa privada, para produção e comercialização.

Nadir Rodrigues (MTb/SP 26.948)Embrapa Informática AgropecuáriaContatos: (19) 3211-5747

nadir@cnptia.embrapa.br