26/03/09 |

Empresários goianos apostam na expansão da pimenta longa no Acre

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Representantes da empresa Rohr & Rohr Ltda, sediada em Caldas Novas, participaram de uma reunião com dirigentes e pesquisadores da Embrapa Acre, nesta quarta-feira (25), para discutir ações de apoio ao projeto de expansão do cultivo de pimenta longa (Piper hispidinervum) no Estado, para produção de safrol. O encontro aconteceu na sede da Unidade e contou também com a participação do Secretário de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar.

De acordo com o projeto, serão implantados 1.500 hectares de pimenta longa e uma usina de destilação de safrol, com capacidade para produzir 250 toneladas de óleo/ano. Atualmente a área plantada com a cultura é em torno de 40 hectares. O volume de recursos a ser aplicado dependerá de fatores como preço da terra, sistema de cultivo a ser utilizado, necessidade de investimentos em tecnologias para recuperação de áreas de baixa fertilidade e distância em relação ao mercado consumidor entre outros.

Segundo Judson Valentim, chefe geral da Unidade, a idéia é que o cultivo da pimenta longa se converta em fonte adicional de renda para produtores da região, sem comprometer outras atividades produtivas que garantem alimento e renda às famílias. A quantidade de produtores envolvidos no projeto e o tamanho da área a ser cultivada por família, além de detalhes relacionados à logística de apoio aos produtores, serão definidos em conjunto com a Embrapa Acre e governo do Estado, com base na capacidade de produção familiar.

Cenário favorável

A Rohr e Rohr atua no processamento de óleos essenciais de diversas espécies. Há quatro anos vem investindo na produção safrol, de forma experimental, com o objetivo de mensurar o valor do extrato e reduzir os custos de produção. A experiência vem comprovando a viabilidade da cultura em escala comercial e ensejando novos investimentos com foco na produção para abastecimento do mercado interno.

"O Acre apresenta um cenário favorável para receber um projeto deste porte porque é uma região de incidência natural da pimenta longa e dispõe de política de incentivo a novos empreendimentos industriais. Além disso, podemos contar com o apoio técnico da Embrapa, fator fundamental para o sucesso do negócio", afirma Cristina Saiane, gerente de produção e mercado da Rohr e Rohr.

Estudos revelam que Xapuri, Brasiléia, Capixada, Senador Guiomard e Acrelândia estão entre os municípios com maior ocorrência natural da cultura. Serão utilizadas áreas já abertas, preferencialmente oriundas da atividade pecuária, de forma a garantir a sustentabilidade ambiental do empreendimento.

A Embrapa Acre vem trabalhando na realização do zoneamento de aptidão para a pimenta longa em áreas já desmatadas, com o objetivo de identificar os locais mais recomendados para o plantio, com menor custo de produção. O trabalho fica pronto em 30 dias e vai embasar a escolha da área para implantação do projeto. A Unidade também atuará no desenvolvimento e transferência de tecnologias agrícolas e agroindustriais, e na capacitação de produtores, visando ampliar a capacidade produtiva local. Valentim avalia a iniciativa como uma porta para novas oportunidades de emprego e desenvolvimento na região. 

As pesquisas com pimenta longa no Acre tiveram início em 1992, quando a Unidade passou a investir na implantação e disseminação da cultura junto a produtores de base familiar. Segundo o pesquisador Jacson Rondinelli, atualmente estão em andamento dois projetos com foco no desenvolvimento de um sistema de produção que agregue valor ao produto final e melhoramento genético da espécie.

Expectativas

A pimenta longa está entre as principais plantas aromáticas fornecedoras de óleos essenciais. Extraído de folhas e talos finos por meio de processo de destilação por arraste de vapor, o óleo essencial de pimenta longa é rico em safrol, substância utilizada como matéria prima por indústrias de medicamentos, tintas e perfumes. Desde a proibição da Canela de Sassafrás (Ocotea pretiosa Mezz), na década de 90, devido ao risco de extinção da espécie, o Brasil está fora do mercado internacional.

Atualmente China e Vietnã são os únicos produtores de safrol e a produção não atende a demanda mundial do produto, estimada em 300 toneladas/mês. Na China, cerca de 95% da produção destina-se ao abastecimento de suas indústrias. Considerada uma fonte alternativa renovável de safrol natural devido à alta concentração desta substância, a pimenta longa vem despertando o interesse comercial de diversas empresas no Brasil. Pesquisas comprovam que no Acre o teor de concentração do safrol nesta planta chega a 98%.

Para Cristina Saiani, as principais barreiras do mercado do safrol estão diretamente relacionadas a custos e organização da cadeia produtiva, e logística de implantação e produção de matéria prima. "Dispomos de capacidade técnico-gerencial, conhecimento sobre a cultura e tecnologias para alcançar melhor rendimento com menor custo/ha. A expectativa é que em cinco anos possamos competir no mercado internacional".Uma reunião com o governador do Estado e representantes de instituições ligadas ao meio ambiente encerrou a visita dos empresários ao Acre. Além de apresentar o projeto, o grupo discutiu a viabilidade ambiental do empreendimento e possíveis incentivos de ordem fiscal para a sua implantação.

Diva Gonçalves (Mtb-0148/AC)Embrapa AcreContato: (068) 3212-3255diva@cpafac.embrapa.br

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