06/04/09 |

Catadoras de mangaba defendem seu modo de vida

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Tem início na terça-feira (7), em Aracaju, o segundo Encontro das Catadoras de Mangaba. O evento acontece nos dias sete e oito de Abril, no Hotel D´Burgues, em Atalaia, com abertura prevista para 8h30.

O encontro pretende trocar experiências e discutir os problemas das catadoras de mangaba que é uma cultura natural do Nordeste, base de sustento de mais de 5 mil famílias em situação de vulnerabilidade social, só no litoral sergipano.

O evento reúne, em conferências, exposições, mesas-redondas e grupos de trabalhos, as catadoras de Mangaba, pesquisadores da Embrapa Tabuleiros Costeiros, autoridades e representantes das comunidades tradicionais.

"No período de novembro a abril, em diversos estados do Nordeste, a coleta da Mangaba, em áreas nativas, é a única fonte de renda de milhares de pessoas. O problema é que a maior parte dessas áreas, situadas em terras alheias ou devolutas, está desaparecendo dando lugar à expansão imobiliária (casas de veraneio, condomínios, hotéis), criatórios de camarão, plantios de cana-de-açúcar, eucalipto e coco", disse Raquel Fernandes, analista  da Embrapa Tabuleiro Costeiros e presidente do Encontro.

Movimento das catadoras

Além da renda para essas famílias, o extrativismo da mangaba permite a conservação da vegetação, da cultura  e de práticas seculares. Mas a valorização da terra no litoral sergipano tem gerado conflitos. A coleta da mangaba passa a ser proibida pelos donos ou posseiros.

O Movimento das Catadoras de Mangaba (MCM), criado em 2007, tem como principal reivindicação o acesso livre às mangabeiras e o incentivo ao plantio por aqueles que têm pequenas áreas. Recentemente, o Movimento mobilizou o Ministério Público Federal em Sergipe.  Em resposta,  ele compôs um grupo de trabalho para planejar e conservar a atividade extrativista da mangaba.

As catadoras de mangaba manejam com baixo impacto a restinga e os tabuleiros costeiros, tipos de vegetação com alto risco de extinção em todo litoral nordestino.

A pesquisadora Dalva Mota, da Embrapa Amazônia Oriental, destaca que eventos desta natureza representam um marco na história de populações que nunca haviam sido ouvidas "Assim elaboramos parcerias para minimizar as ameaças e promover a conservação da biodiversidade", disse. 

O pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros Daniel Vieira coordenou uma equipe para realizar um levantamento da área de extrativismo no território sergipano identificando os locais de produção, extração, propriedades privadas, terras devolutas, de conflito, em vias de extinção ou de restrição à coleta da mangaba.

Para essa missão, reuniram-se técnicos da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama/SE, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra/SE), Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH/SE), Administração Estadual de Meio Ambiente (Adema/SE) e Secretaria de Estado da Inclusão, Assistência e do Desenvolvimento Social (Seides/SE).

A mangabeira

A árvore pode chegar a dez metros de altura e começa a frutificar a partir de dois ou três anos de idade. Em Sergipe, a colheita é feita pelas mulheres que catam os frutos no chão ou alcançam com um gancho de metal e os puxam. Depois, basta catar do chão e encher os baldes.

A mangaba (que em tupi-guarani quer dizer "coisa boa de comer", pois o fruto é realmente delicioso) é uma fruta direcionada para a indústria, muito utilizada como suco, sorvete e geléia, pois ela é muito perecível e sua exploração comercial deve envolver sempre o congelamento.

 O pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros Josué Silva Junior que  realizou  mapeamento em diversas áreas do Nordeste e Pará, afirma que a mangabeira  desapareceu de várias regiões. Ele acredita na ampliação comercial para amenizar esse problema e disponibilizar a fruta no mercado em grande escala.  "A mangabeira é uma árvore muito rústica, nativa do Brasil, de clima tropical que produz muito bem em solo pobre, arenoso, não é exigente em nutriente e basta uma limpeza do terreno para se ter uma boa produção" – explicou Josué .

A muda de mangaba é feita através das sementes. A fruta é bem mole e as sementes são envolvidas pela polpa. Elas deverão ser muito bem lavadas. Para retirar a polpa, deve-se passá-la na peneira com água e esfregar bem.

O segredo para a produção da muda de mangaba é a semente que não deve secar. Pode colocá-las em uma sombra, sobre uma folha de papel, de um a quatro dias. Elas devem ficar um pouco úmidas e assim devem ser semeadas. Se secar, a semente de mangaba não germina.

. II  Encontro das Catadoras de Mangaba    Local do Evento: Hotel D'BurguesRua Delmiro GouveiaAtalaia – Aracaju7 a 8 de abril de 2009abertura:  8h00

Ivan Marinovic Brscan ( 1634/09/58/DF)Embrapa Tabuleiros Costeiros ivan@cpatc.embrapa.brContatos: 79 40091381

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
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