Elaborar um plano de cooperação entre as unidades da Embrapa e o Centro de Investigación Agrícola Tropical (Ciat-Bolívia), instituto sediado em Santa Cruz de La Sierra, para implementar ações de trabalho conjunto. Este é o principal objetivo do ‘Seminário para Elaboração de Agenda de Intercâmbio Técnico Científico entre Embrapa e Ciat-Bolívia', que teve início na terça-feira( 7) , em Corumbá-MS, e se estende até a quarta-feira( 8).

Organizado pela Embrapa Pantanal (Corumbá-MS), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o evento teve a presença de pesquisadores e gestores de seis unidades da Embrapa, além de dirigentes e pesquisadores do Ciat-Bolívia e representantes de várias instâncias de governo da Bolívia, como subgovernadores provinciais e prefeitos municipais.

A cerimônia de abertura teve como anfitrião o chefe-geral da Embrapa Pantanal, José Aníbal Comastri Filho, e como convidados o diretor de pesquisa do Instituto Nacional de Inovación Agropecuária y Forestal (Iniaf), Celso Ayala Vargas, que representou o governo da Bolívia, o diretor do Ciat-Bolívia, Hugo Serrat, o articulador interinstitucional Rafael Burgos, o delegado de assuntos internacionais e comércio exterior do Governo de Santa Cruz, Francisco Cirbian, e o representante da Secretaria de Desarrollo Produtivo de Santa Cruz, Esteban Arriaza.

Em sua fala de abertura, Comastri, lembrou que, na prática, as duas instituições já fazem um trabalho de cooperação há quase dez anos, e que agora é um momento de formalização das ações e consolidação do convênio firmado entre a Embrapa e o governo de Santa Cruz. "É momento de intensificarmos o trabalho de pesquisa e transferência de tecnologias e conhecimentos", reforçou.

Serrati rememorou que a Embrapa Pantanal e o Ciat-Bolívia foram criados com poucos dias de diferença, em 1975, e que ao longo dos anos têm alinhado suas ações em prol do desenvolvimento socioeconômico das comunidades onde atuam. "Temos missões semelhantes, muita afinidade histórica e geográfica e muito a contribuir na relação entre o Brasil e a Bolívia", disse.

Apresentações

Após a solenidade de abertura, tiveram início as apresentações de pesquisadores das unidades da Embrapa presentes no seminário, que expuseram suas estruturas e linhas de pesquisa e atuação. O objetivo da atividade, segundo Comastri, foi nivelar as informações sobre as duas instituições para melhor subsidiar o planejamento das ações de cooperação técnica.

Três outras unidades da Embrapa não puderam mandar representante a Corumbá, mas enviaram por e-mail apresentações, que foram relatadas pelo organizador e moderador do evento, o pesquisador Alberto Feiden.

Comastri apresentou a Embrapa Pantanal, apontando seu histórico, características, estrutura e áreas de atuação em pesquisa, além de contextualizar os aspectos geoambientais da planície pantaneira, um dos mais ricos ecossistemas do mundo. O chefe da unidade mostrou que as linhas de atuação da Embrapa Pantanal têm grande foco nas atividades pecuária e pesqueira, entre outras áreas. "Atuamos fortemente na melhora genética dos rebanhos, na sua adaptabilidade e sanidade para atender às exigências dos mercados de hoje. E não podemos abrir mão da preocupação com a sustentablidade do meio ambiente no qual as atividades econômicas são desenvolvidas", destacou.

Serrate falou em seguida, apresentando a estrutura e características do Ciat e apontando suas principais áreas de pesquisa e atuação, com destaque para as frutas tropicais, como manga, caju e acerola, além da produção de milho, arroz, pinhão, algodão, soja, e rebanhos ovinos e suínos.

Ao longo do dia, pesquisadores do Ciat e das unidades da Embrapa detalharam suas linhas de pesquisa, delineando suas áreas de atuação, as tecnologias aplicadas, equipamentos disponíveis e detalhes técnicos sobre os procedimentos de investigação científica e resultados práticos na aplicação às atividades econômicas.

As unidades que enviaram pesquisadores foram Agropecuária Oeste (Dourados-MS), Agroenergia (Brasília-DF), Gado de Leite (Juiz de Fora-MG), Gado de Corte (Campo Grande-MS), Mandioca e Fruticultura Tropical (Cruz das Almas-BA) e Tecnologia de Alimentos (Rio de Janeiro-RJ). As unidades que encaminharam apresentações pela Internet foram Agrobiologia (Seropédica-RJ), Clima Temperado (Pelotas-RS) e Pecuária Sul (Bagé-RS).

Cooperação

O seminário repercute positivamente junto às comunidades governamentais e científicas na Bolívia e no Centro Oeste do Brasil.

O chefe de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) da Embrapa Pantanal, Thierry Tomich, acredita que o evento mostrou-se importante para direcionar ações de transferência de tecnologias geradas pela Embrapa e que são aderentes às demandas da Bolívia. "Adicionalmente, há possibilidade de realização de ações conjuntas de PD&I com o Ciat em temas específicos de interesse mútuo entre os países", frisou.

Para Cirbian, do governo de Santa Cruz, a interação entre Brasil e Bolívia por meio da Embrapa e Ciat representa um momento importante para o desenvolvimento dos países sulamericanos.

Celso Ayala Vargas, do Iniaf, reiterou a importância do governo boliviano de participar do evento. "Os avanços já alcançados pelas duas instituições são de grande importância para o desenvolvimento da Bolívia e muito irão ajudar o Iniaf no aprimoramento de suas atividades e na apropriação de novas tecnologias", acredita.

O subgovernador da província de German-Busch, Manoel Peres, relatou a necessidade deste acordo para as comunidades bolivianas. "Na minha experiência política, posso perceber a importância das duas instituições no controle preventivo e emergencial de problemas sociais ligados à subsistência e alternativas de renda pela agricultura familiar", revela.

Grupos de trabalho

No dia 8 pela manhã serão formados grupos de trabalho para as áreas de pesquisa apresentadas na terça-feira e que mais se adequam às demandas bolivianas. À tarde, haverá plenária para fechar o cronograma de atividades conjuntas que serão desenvolvidas durante a vigência do acordo.

Os grupos propostos são agricultura familiar orgânica/agroecológica, biodiesel, produção bovina de corte e leite e fruteiras tropicais e temperadas com valor agregado.