A produção de arroz de várzea no Pará ganha este ano um forte incentivo com as ações de transferência de tecnologia programadas pela Embrapa Amazônia Oriental. A partir do acesso a sementes selecionadas e de capacitação, vão ser beneficiados agricultores familiares de 30 municípios das regiões do Nordeste Paraense, Baixo Tocantins e Arquipélago do Marajó. Nesta quarta-feira (20), produtores de Abaetetuba recebem treinamento para esse tipo de plantio.

"Na área de várzea (beira de rio) encontra-se o grande potencial para a produção de arroz no Pará", avalia o pesquisador Altevir de Matos Lopes, responsável por projeto da Embrapa que prevê a colheita de 150 toneladas de sementes desse ceral a serem distribuídas aos agricultores no ano de 2010.

Somente 5% da produção estadual de arroz provém do cultivo na várzea, enquanto o restante é de terra-firme, informa Altevir Lopes. "Para se ter uma idéia do potencial do Pará, no Estuário Amazônico paraense encontram-se 2 milhões de hectares em condições excelentes para uma orizicultura intensiva, o suficiente para suprir as necessidades do Estado, cujo consumo per capita é de 90 quilos ao ano", destaca.

Em comparação, para dimensionar o potencial do Pará, o pesquisador lembra que o Rio Grande do Sul, com 1 milhão de hectares de várzea cultivados, representa 60% da produção nacional de arroz.

As ações da Embrapa nesse projeto para produção de arroz de várzea no Pará contam com parcerias estratégicas da Secretaria de Estado da Agricultura do Pará (Sagri), Emater-PA (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural), Ministério do Desenvolvimento Agrarário (MDA), associações dos municípios do Arquipélago do Marajó e do Nordeste Paraense, Consórcio Integrado de Municípios Paraense (Coimp), Consórcio de Desenvolvimento Sócioeconômico Intermunicipal (Codesei), prefeituras municipais, secretarias municipais de Agricultura e associações de agricultores.   

Vantagens da tecnologia

"Ao lado da riqueza do solo de várzea, do acréscimo periódico da fertilidade pelas águas de inundação e das condições climáticas ideais, há ainda possibilidade de serem produzidas duas safras por ano", salienta o pesquisador ao citar as vantagens da produção de arroz em várzea.

A cultivar de arroz BRS Jaçanã, adaptada para regiões tropicais, é a utilizada no plantio recomendado pela Embrapa. De acordo com Altevir Lopes, a variedade destaca-se pela sua ótima qualidade de grãos, com características de grande aceitação pela indústria arrozeira e produtividade média de 5 mil quilos por hectare. Além disso, segundo ele, o sistema de produção proposto permite ao produtor cultivar e permanecer na mesma área, ano após ano, sem necessidade de novas derrubadas de área de mata.

Para o mês de junho estão previstas ações de transferência de tecnologia de arroz de várzea em Breves, no Arquipélago do Marajó. Há pouco mais de duas semanas, houve treinamento promovido pela Embrapa Amazônia Oriental nos municípios de Bragança e Maracanã (Nordeste Paraense).

Izabel Drulla Brandão Embrapa Amazônia Oriental (91) 3204 1200 – izabel@cpatu.embrapa.br